Hípon de Régio –
(Séc. V a.C)
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Foi considerado um
filósofo pré-socrático da Grécia antiga. Pode ser apontado como sendo um
filósofo da escola pluralista, pois mesclou seus estudos filosóficos entre as
teorias da escola Jônica e as ideias do filósofo Diágoras de Melos. Aprofundou
suas pesquisas nas áreas da Biologia, Botânica, Fisiologia e Medicina, por
isso, alguns pensadores o definem também como sendo um filósofo naturalista. A
filosofia de Tales e de Anaxímenes exerceu grande influência em seus
pensamentos. Especula-se que ele tenha estudado os campos da Medicina com os
pitagóricos. Teria sido acusado de impiedade que era um crime contra as
religiões ou contras os costumes na Grécia antiga, pois teria feito a seguinte
afirmação: “os deuses são apenas homens famosos”. Suas obras se perderam
no tempo, mas alguns pesquisadores apontam a existência de determinados fragmentos
que foram encontrados recentemente.
O filósofo
Aristóteles criticou sua obra ao comparar seus pensamentos com as de outros
filósofos naturalistas. O termo “Hípon” também era o nome de uma das colônias
gregas da Magna Grécia. Os historiadores divergem sobre o local exato de seu
nascimento, estando divididos entre as cidades de Régio, Samos, Crotona e
Metaponto, porém a corrente majoritária aponta para a cidade de Régio da
Calábria no sul da Itália. Não se sabe ao certo o ano de seu nascimento,
contudo um poeta cômico da época conhecido por Crátinos de Atenas, por volta do
ano 420 a.C, chegou a satirizar as ideias religiosas de Hípon em sua obra
“Panoptas”, dessa forma, os historiadores fazem uma possível previsão da época
de seu florescimento. Outra fonte também descreve que ele foi contemporâneo de
Péricles o que sustenta a tese dele ter vivido em meados do século V a.C.
Filosofia da
Natureza
Explanava que
a “arché” principal do universo era a “umidade”, afirmando que
esta provinha da água e do fogo que seriam os elementos primordiais, esses
elementos dariam origem às coisas no universo. Porém a água teria um destaque
superior em relação ao fogo, pois dizia que o próprio fogo se originava da
água. Acreditava que a “água” junto com “mente” teria dado
surgimento a “alma” dos seres. Ilustrava que o cérebro era a morada do
espírito. Para ele, essa substância denominada de “umidade” formava os seres
vivos, por isso, dessa mistura entre a “água” e a “mente” se formaria a alma. Ele
pensava que existia um nível apropriado de “umidade” em todos os seres
vivos, e que as doenças seriam provocadas por um desequilíbrio na “umidade do
ar”.
A sua ideia de que
alma surge da água vem da observação de que os sêmens dos animais possuem certo
aspecto úmido e viscoso, ele explicava que o sêmen não poderia ser confundido com o
sangue, pois no sêmen estaria contida uma alma originária e o sangue seria apenas
uma veia secundária de engendramento da vida. Também conceituava que a medula
espinhal teria uma importância mais significativa que o cérebro na produção do
sêmen. Essas ideias influenciaram pensadores da época ligados à área da
medicina e da biologia, como por exemplo, o filósofo Crítias que era tio de
Platão e defendia a ideia de que a alma surgia do sangue. Tais teorias possuem
relação com as ideias de hereditariedade e reprodução as quais eram estudadas
pelos filósofos da antiguidade.
Negava a
existência de qualquer coisa que não pudesse ser percebida através dos
sentidos. Ele teorizava que todos os seres vivos também precisariam da “umidade”
para existir, dessa forma, ele explicava que os corpos mortos ficavam ressecados
por falta de umidade. Acreditava na existência de uma “umidade natural” dentro
dos seres vivos, essa umidade era responsável pelas sensações e pela ideia de
vida. Pontuava que essa substância era o que mantinha os animais vivos, mas
quando por algum motivo a umidade era dissipada, então os animais morriam.
Pode-se concluir que sua ideia de vida estava relacionada com a existência do
úmido. Suas conceituações foram importantes para o aprimoramento dos
conhecimentos sobre a dissecação dos cadáveres.
Filosofia
Cosmológica
Em seus estudos
dizia que o Céu cobria a Terra em um formato de forno, ao realizar essas
observações na atmosfera terrestre ele teve uma impressão de que haveria uma
espécie de redoma cobrindo a Terra, alguns pensadores interpretaram essa ideia
como sendo o “domo de um forno”, pois haveria pequenos espaços abertos nas
laterais para que pudesse escapar o vapor que estaria relacionado aos estados
da umidade mais fria ou mais quente da Terra. A cúpula serviria como uma
espécie de regulador da temperatura das áreas gélidas ou férvidas. Pensava que
a origem da umidade teria relação com a tendência que a água tinha de se elevar
pela terra, daí ele utilizava o exemplo dos poços de água, onde a água brotava
da terra, para com isso, contrapor os argumentos de alguns filósofos que
defendiam a ideia de que água tenderia a cair na terra. Dessa forma, ele
justificava que a Terra repousava sobre as águas. Segundo sua visão, a matéria
produzia uma mudança permanente entre o dualismo do seco com o úmido, essa
alternância entre esses dois estados dariam origem as coisas no universo, nesse
sentido, ele explicava que o universo úmido surgiria da água, porém para que
existisse essa transformação era necessário que água sofresse uma pequena
mudança de temperatura para um estado um pouco mais quente, desse modo, o calor
precisaria da água para existir.
Anedota:
Segundo relatos
Hípon teria determinado para alguns súditos que após sua morte eles esculpissem
um epitáfio em seu túmulo. Poetas descreveram o feito como uma tentativa dele
de querer imortalizar sua própria morte. Os dizeres foram narrados pelo próprio
Hípon com o seguinte “dístico elegíaco”: “Este túmulo é de Hípon, que o
destino o fez, após a sua morte, semelhante aos imortais”.
Filosofia
Sapiencial
- “A alma é a
manifestação do cérebro”.
- “Os deuses são
apenas homens famosos”.
- “Todos os
alimentos frescos fornecem mais força do que os outros, por isto, porque estão
mais próximos do que está vivo. Os velhos e pútridos são mais laxantes do que
os frescos, porque estão mais próximos da corrupção”.
- “É preciso,
pois, subtrair e acrescentar as propriedades de cada um do seguinte modo,
sabendo que todas as coisas, tanto animais quanto vegetais, são compostas de
fogo e água e que sob a ação deles se desenvolvem e neles se dissolvem”.
- “Todas as águas que bebemos provêm do mar, já que, se os poços fossem mais profundos do que o mar, sem dúvida não seria do mar que beberíamos, pois. nesse caso, a água não proviria dele, mas de alguma outra fonte. Sucede, porém, que o mar é mais profundo do que as águas, de modo que todas as águas acima do mar provêm dele”.
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