Escola Pitagórica
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi uma escola filosófica da Grécia antiga pertencente ao período
pré-socrático. Teve como principal fundador o mestre Pitágoras de Samos que era
também visto por seus discípulos como sendo uma espécie de profeta. A seguinte
escola possuía um conjunto de ideias ascéticas que influenciaram sua formação.
Utilizava um método de educação baseado nos estudos da Geometria, Aritmética,
Música e Astronomia, esse método era chamado de “quadrivium”. Esses pensadores
tinham uma concepção racional sobre a criação do universo. Cogita-se a ideia,
entre os historiadores, de que Pitágoras não teria deixado nada escrito, tendo
sido seus pensamentos compilados por discípulos. A escola admitia que as
mulheres participassem das instruções, o próprio Pitágoras afirmava que as
mulheres eram iguais aos homens em inteligência e tinham o direito de estudar
filosofia. A escola se iniciou por volta de 530 a.C, na região de Crotona,
local que atualmente fica na região sul da Itália, por isso também era
conhecida como escola Itálica.
Filosofia Pitagórica
Especula-se que a doutrina pitagórica era ensinada na escola através de
votos de silêncio. Dessa forma, apenas alguns membros, que passavam por uma
etapa inicial, é que poderiam seguir em frente com o aprendizado e o ensino de
outros conhecimentos. Eles levavam uma vida de obediência e lealdade às regras
da escola, mantendo sempre o respeito e a disciplina. Nessa escola, eram
ensinados conceitos de como levar uma vida ascética, realizando práticas de
purificação da alma. Trabalhavam o domínio das paixões do corpo e a elevação
moral, combatendo alguns vícios como a preguiça e a ira. Essa prática tinha a
finalidade de buscar uma vida iluminada através do controle material dos
prazeres. Segundo essa escola, para se chegar a uma vida virtuosa, era
necessário o domínio total dos instintos humanos. Defendiam a concepção de que
a alma mantinha uma relação com os números. Os bens materiais eram distribuídos
de forma coletiva entre os membros. Os discípulos dessa escola passavam por
algumas provações com a finalidade de demostrarem ter aprendido a controlar
seus impulsos. Entre essas provações, estava a de ficar com fome, em frente a
um grande banquete, cheio de deliciosas comidas e resistirem à tentação, sem
poderem comer nada.
A escola pitagórica, trabalhou em sua filosofia, algumas ideias
científicas que se relacionavam com elementos teológicos e lendários. Além
disso, também praticavam um sincretismo religioso entre os saberes matemáticos
e filosóficos, com as doutrinas órficas e místicas. Pitágoras viajou por muitos
lugares, e por isso absorveu muitos conhecimentos de outras culturas, por esta
razão, o pitagorismo teve influência dos saberes adquiridos na cultura oriental
e na cultura do norte da África. Ele teve vários mestres que o iniciaram na
filosofia, a principal seria Temistocleia que era uma mulher e filósofa da
antiguidade. Também teve como mestre o filósofo Ferécides de Siro.
Provavelmente os filósofos da escola de Mileto também exerceram grande
importância na formação de Pitágoras.
Filosofia da Matemática
A frase que definia bem as ideias pitagóricas era a de que: “todas as
coisas são números”. Para esses pensadores a “arché” do universo era
representada por uma estrutura numérica. Os pitagóricos pensavam a matemática
como sendo um sistema seguro para se chegar à verdade. Eles se diferenciaram
dos pensadores de Mileto, devido ao fato de utilizarem a Matemática para
explicar os fenômenos físicos da época. Esses pensadores acreditavam que a
Matemática era o alfabeto em que Deus se utilizou para escrever o universo. Os
matemáticos dessa escola usavam muito o conceito de harmonia e diziam que os
números eram o princípio de todas as coisas. Foram responsáveis por
sistematizar a noção de números figurados, que era o número de pontos
existentes em uma configuração geométrica, representando uma conexão
estabelecida entre a geometria e a aritmética. A divisão numérica era o
conceito utilizado para descrever o surgimento dos números, nesse sentido, os
pitagórico explicavam que o número dois, por exemplo, não surgia de forma
sequencial, logo após o número um, mas sim da divisão do número um por dois,
pois ao dividir algo unitário, era possível parti-lo em dois, assim se obtinha
a ideia do número dois, posteriormente o três e assim sucessivamente.
Teoria da harmonia
Segundo essa teoria, o número seria o elemento básico da realidade, pois
existia uma proporção numérica em todo o cosmos. O mundo teria surgido a partir
da imposição de formas numéricas sobre o espaço que conferiram limites ao
princípio fundamental, isto é, a “arché”. O universo era um conjunto de dez
corpos celestes que orbitavam ao redor de um fogo no centro. E o número de
corpos celestes era “dez” por conta da “tetractys” que era caracterizada como
sendo os quatro primeiros algarismos que totalizavam “dez” quando dispostos em
forma triangular.
A harmonia musical, por corresponder aos acordes desenvolvidos com base
em proporções aritméticas, fez com que Pitágoras supusesse que essa mesma
harmonia era encontrada na natureza. Associada à astronomia, essa teoria fez
com que Pitágoras pensasse que o universo também era organizado por relações
matemáticas. Essa sua teoria ficou conhecida como “teoria da harmonia das
esferas”. Cada número correspondia a uma noção da realidade: o número 1
correspondia à inteligência; o dois, à opinião; o três, ao todo; o quatro, à
justiça; o cinco, ao casamento e o sete, à pontualidade. As principais
contribuições da escola pitagórica são encontradas nos campos da matemática, da
música e da astronomia.
Considerações Finais
Devido à soma de ciências que eram estudadas nessa escola de pensamento,
ela teria ficado afamada por muitos como sendo a primeira universidade do
Ocidente. Gerando influência até hoje em variadas áreas do conhecimento e
relacionando os campos da matemática, filosofia e religião. Segundo Pitágoras,
o universo poderia ser decifrado quando o homem percebe, de maneira analógica,
que o cosmos se assemelha a um poema, sendo a matemática a sua linguagem. Os
números seriam uma espécie de ente que configura a realidade do universo. Essa
escola apontou definições a respeito do que seriam as chamadas
unidades-plurais, buscando, desse modo, compreender a realidade e a origem das
coisas, por meio de uma linguagem matemática. O racionalismo de Descartes teve
grande influência do pitagorismo.
Membros da Escola Pitagórica
Temistocleia de Delfos; Filolau de Crotona; Arquitas de Tarento; Alcmeão de Crotona; Ameinias Ou amínias; Brotino; Hermodamas; Arignote de Samos Alexícrates; Andrócides (pitagórico); Arígnote; Cebes; Damão e Pítias; Damo; Diodoro de Aspendo; Ecfanto o Pitagórico; Equécrates; Esara de Lucânia; Eudoro de Alexandria; Fíntis de Esparta; Hicetas; Lísis de Tarento; Melissa (filósofa); Myia de Crotona; Símias de Tebas; Teano de Crotona; Telauge; Timica; Zópiro de Tarento; Hipaso de Metaponto; Apolônio de Tiana; Babelyka de Argos; Bitale; Boio de Argos; Cheilonis; Echekrateia de Phlius; Habrotelia de Tarento; Kleaichma; Kratesikleia; Numenios de Apamea; Okkelo de Lucânia; Peisirrhode de Taranto; Tyrsenis de Sybaris; Zalmoxis; Timáridas; Lasthenia de Mantinea; Rodopis Dórica; Theadusa de Esparta; Fliasia; Eurito de Crotona; Pitonax de Creta.
Fontes:
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