Thomas Hobbes - (1588 a 1679) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi um filósofo inglês pertencente a linha de pensamento da filosofia
política. É considerado um dos formuladores da teoria contratualista do período
moderno. Escreveu uma obra que é considerada um clássico da filosofia política,
intitulada de “O Leviatã”. Dedicou-se principalmente as áreas da
Filosofia, Política, Teologia e Física. Suas ideias tiveram grande influência dos
conceitos ligados ao humanismo renascentista, ao jusnaturalismo e ao realismo
político. Sua vida foi marcada por instabilidades, seu pai era um clérigo
radical que abandonou a família por questões religiosas, por isso Hobbes teve
parte de sua educação inicial orientada por um tio. Posteriormente estudou
Filosofia na Universidade de Oxford. Passou um tempo exilado na França devido
as conturbações políticas de seu tempo. Chegou a trabalhar como secretário do
filósofo Francis Bacon, auxiliando-o na tradução de alguns ensaios. Viajou para
Itália e lá conheceu o filósofo Galileu-Galilei que teria lhe orientado a
respeito de algumas questões sociais. Por fim retorna a Inglaterra onde vive
até o final de sua vida. Nasceu em Westport, Inglaterra, no dia 5 de abril de
1588, e faleceu em 4 de dezembro de 1679, em Derbyshire, com 91 anos, durante
uma viagem.
Filosofia Política.
Sua obra influenciou bastante a ciência política. Ele partia da ideia de
que, para se compreender a moral e a política, era necessário entender
primeiramente o homem. Segundo Hobbes, o homem tem uma tendência natural a ser
muito individualista, tendo construído a ideia de comunidade, apenas como um
meio de sobrevivência, pois assim, estaria mais protegido. Para ele, o homem,
em seu estado de natureza, poderia provocar a guerra de todos contra todos.
Desse modo, o homem necessitava da ideia de segurança para poder produzir e
sobreviver no mundo. De acordo com Hobbes, o indivíduo, em seu estado de
natureza, tende a realizar o que ele chamava de “guerra de todos contra todos”,
pois ele vive sobre o domínio de suas paixões, agindo sempre por impulso, ou
seja, o ser humano teria uma pulsão natural pelo poder.
Segundo Hobbes, o conceito de sociedade só se torna vantajoso ao homem
quando ele se ver ameaçado, nesse sentido, o indivíduo constrói a ideia de
sociedade civil e firma um pacto social. Ele transfere para a noção de Estado
seus direitos naturais com a finalidade de se preservar e se conservar de
possíveis ameaças, transferindo elementos da filosofia natural para a filosofia
civil, melhor dizendo, passando de um “estado de natureza” para o “estado de
sociedade”. Nesse contexto, seriam o medo e a insegurança, os principais
fatores que desenvolve a criação do Estado. Ele define o conceito “de guerra”
de maneira figurada, pois essa ideia de guerra teria forte relação com a noção
de medo e de autoproteção. A guerra seria uma preocupação permanente ou tensão
constantes que seriam geradas pelo temor dos infortúnios. Conforme ele explica,
o homem também não teria o instinto nato de sociabilidade, buscando a comunhão
entre os compatriotas, apenas por interesse ou necessidade. No seu estado de
natureza, o homem seria naturalmente um indivíduo interesseiro, competitivo,
desconfiado e ambicioso, vivendo em um estado de guerra generalizada. O homem, deveria,
então, utilizar-se da política e do Estado para constituir meios comunitários que
garantam sua sobrevivência.
Discorria de maneira contrária a ideia de que o rei governava por
direito divino, não expressando seu apoio à Igreja na Inglaterra. Defendendo a
tese do poder da realeza que deveria ser baseada no contrato social,
fundamentada no apoio do povo. Defendeu os conceitos políticos ligados ao
sistema de “monarquia absoluta”, em que estabelecia um poder centralizado e
forte nas mãos de um soberano que fosse capaz de evitar as guerras civis. Nessa
perspectiva, o Estado também deveria ser forte e com o poder centralizado. Para
Hobbes, as questões sociais e políticas geram influência na natureza humana.
Sendo o medo e a esperança os principais afetos mais atuantes nessa confluência
entre paixão e racionalidade. O homem tem uma tendência a procurar a satisfação
nos desejos e evitar o temor que é gerado pelas angústias.
Filosofia do Conhecimento
Hobbes acreditava que o conhecimento derivava dos sentidos, pois a ideia de desejo e de paixão exerceria grande poder de força, na vontade humana. A filosofia de Hobbes teve grande influência, em seus estudos, da Física, Matemática e Astronomia, pois ele pautou seu sistema de pensamento na visão mecanicista que ele tinha do universo, transpondo os movimentos físicos dos corpos celestes, com a ideia de sociedade civil, relacionando o mundo humano, com o meio social e com as questões das ciências e da física moderna. Para ele, a memória, as paixões e a imaginação seriam funções derivadas do arranjo mecânico humano, fez essa analogia, a partir do que observou com o mundo dos astros no universo, do qual seguia, na sua visão, um arranjo semelhante. Hobbes desenvolveu a sua filosofia social, baseando-se nos princípios da geometria e das ciências naturais. Na sua teoria, ele partia do princípio de uma base lógico-proposicional da matéria, para depois construir uma relação política e social, que se fundamentasse na lei positivada e na ordem do Estado. Alguns teóricos chegaram a caracterizar esse modo de pensar, proposto por Hobbes, de “fisicalismo”.
Filosofia Sapiencial
+ “Conhecimento é poder”
+ “O homem é o lobo do homem”
+ “A curiosidade é a luxúria da mente”.
+ “A experiência não leva a conclusões universais.”
+ “Os pactos sem espada não passam de palavras”
+ “Os costumes resultam do hábito convertido em caráter”.
+ “Nas próprias sombras da dúvida, começa um fio de razão”
+ “As palavras são a moeda dos sábios e o dinheiro dos tolos”.
+ “Em geral as paixões humanas são mais fortes do que a razão”
+ "A vida do homem é solitária, pobre, desagradável, brutal e
curta"
+ “O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem, não das coisas”.
+ “Toda vez que a razão se opõe ao humano, o humano se opõe à razão”.
+ “Impressões sensoriais não bastam para construir e preservar uma
vida.”
+ “O universo é corpóreo; tudo o que é real é
material, e aquilo que não é material não é real.”
+ “A razão é o passo, o aumento da ciência o caminho, e o benefício da
humanidade é o fim.”
+ “Um homem não pode abandonar o direito de resistir àqueles que o
atacam com força para lhe retirar a vida.”
+ “A singularidade do uso eclesiástico da palavra deu numerosas disputas
relativas ao verdadeiro objeto da fé cristã.”
+ “Assim, na natureza do homem, encontramos três causas principais de
discórdia: Primeiro, a competição; em segundo lugar, dissidência; em terceiro
lugar, Glória.”
Obras:
Princípios Primeiros; Do Cidadão; O Leviatã; Dos Corpos; Os elementos da
lei natural; Do Homem; Elementos da Filosofia.
Fontes:
BOBBIO, Noberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Editora Campus,
1991.
CHÂTELET, François. História das Ideias Políticas. Rio de
Janeiro, Editora Zahar, 1986.
DIAS, Reinaldo. Ciência Política. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
HOBBES, Thomas. O Leviatã. São Paulo: Editora Martin Claret, 2014.
MEDEIROS, Alexandro Melo. Thomas Hobbes. Site: Sabedoria
Política. Manaus: UFAM, 2014.
POGREBINSCHI, Thamy. O problema da obediência em Thomas Hobbes. São
Paulo: EDUSC, 2003.
REALE, Giovani. História da filosofia. São Paulo: Editora Paulinas,
2006.
RIBEIRO, Renato Janine. Ao leitor sem medo: Hobbes escrevendo contra
o seu tempo. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1999.
SILVA, Hélio Alexandre da. As paixões humanas em Thomas Hobbes: entre
a ciência e a moral, o medo e a esperança. São Paulo: Editora UNESP, 2009.
SOUZA, Maria Eliane Rosa. Thomas Hobbes: Do movimento físico à
fundação do Estado. Tese de Doutorado. Porto Alegre: Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, 2008.
STRAUSS, Leo. Direito Natural e História. Trad. Bruno Costa
Simões. São Paulo: Martins Fontes, 2014.