Filosofia Medieval
Autor: Alysomax Soares
Introdução
A filosofia medieval é considerada um período da História da Filosofia
que se iniciou no momento de transição da idade antiga para o período
helenístico, tendo se consolidado durante toda a Idade Média. Pode ser
caracterizada, entre os cem primeiros anos da era cristã, até aproximadamente
1500 d.C. Contudo, as correntes tradicionais, mais didáticas, costumam
delimitar esse período, a partir do século V. d.C, quando surge, mais
propriamente, a patrística. A principal característica desse ciclo foi o
considerável sincretismo, entre a filosofia e a teologia, em que eram misturados elementos
da filosofia grega e romana, com pensamentos de outras correntes teológicas,
como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Nessa época, também emerge,
paralelamente, as correntes da filosofia árabe, africana e oriental. Nesse
período surgem as grandes universidades que aprimoram o pensamento ocidental,
estabelecendo os pilares do conhecimento crítico e reflexivo. Preocupando-se em
debater e problematizar complexas “Questões Universais”.
Desenvolvimento da Filosofia Medieval
Ficou marcada pela busca de conciliação entre a fé e a razão,
investigando a relação entre o mundo divino com a lógica. Grandes estudiosos,
dessa época, como Agostinho e Tomás de Aquino, examinaram ideias de pensadores
antigos como Platão e Aristóteles, e relacionaram essas ideias com o pensamento
da igreja, produzindo um profundo debate entre a filosofia e a religião. Produziu-se
uma forte consolidação da fé católica, que foi utilizada como instrumento
político, por vários governos. Esse período ficou dividido em quatro grandes
fases, chamadas de fase: apostólica, apologética, patrística e escolástica.
Na fase apostólica os chamados “pais da igreja” buscavam sistematizar os
primeiros ensinamentos deixados pelos apóstolos de cristo e seus primeiros
discípulos, sendo desenvolvida, entre os séculos (I e II) d.C. Procurava
exortar os primeiros conceitos da igreja. Na etapa apologética aconteceu um
esforço em defesa dos dogmas da igreja católica, sendo desenvolvida entre os
séculos (III e IV) d.C. Os pensadores utilizavam linguagens figurativas,
mantendo acentuadas relações com a filosofia clássica. A filosofia patrística ficou mais conhecida com a figura de Santo Agostinho. Iniciando-se a partir do século IV d.C e perdurando
até o século VIII. Os Padres, nessa etapa, consolidaram os pensamentos cristãos sobre
influência da filosofia de Platão, destacando conceitos de base ética e política.
A escolástica teve como principal exponencial o filósofo São Tomás de Aquino. Tendo
se desenvolvido durante o século IX d.C e se estendido até o século XVI. Esse
momento sofreu intensa influência das obras de Aristóteles, baseando-se em
explicar a existência de Deus, por meio da razão. Desenvolvendo argumentos
empíricos, que eram pautados na lógica, incluindo concepções de ordem moral e
social.
Embora exista um número considerável de pensamento religioso nesse
período, a filosofia medieval não se resume apenas a ideias religiosas, tendo
destaque, em outras regiões, a sistematização de outras correntes filosóficas,
que se diferenciam do pensamento da igreja católica, bem como também, de outras
doutrinas ligadas as outras religiões. Na História da Filosofia, quase sempre,
existiram pensadores que ganharam destaque, em relação a outros, construindo
uma forma de pensar hegemônica, ou exercendo influência sobre outros sistemas
de pensamento. Por algum motivo específico ou, quem sabe, uma soma de fatores,
alguns desses pensadores são mais enaltecidos e supervalorizados que outros,
gerando um domínio de determinada corrente filosófica.
Considerações Finais
Entre os variados temas estudados, nesse período, teve grande destaque as questões éticas, metafísicas, ontológicas e epistemológicas das doutrinas religiosas. Analisando dilemas sobre a verdade divina, a imortalidade da alma, a salvação, o pecado, a santíssima Trindade, os dogmas e doutrinas ligadas a fé. Promove-se a defesa das religiões, a refutação aos conceitos do paganismo e a disseminação do cristianismo. Todo esse conjunto de correlações do medievo foi denominado, por alguns pensadores, como sendo, uma civilização sacral, ou melhor dizendo, um “sacralismo civilizacional”. No contexto educacional, houve um enfoque na formação moral e espiritual do indivíduo, que buscava unir o saber revelado com o conhecimento racional, integrando a teologia e a razão. O homem desse tempo respirava através de uma atmosfera religiosa, vivendo uma “razão que se movia, em direção aos horizonte da fé”. Aos poucos o ideal do sábio humanista foi dando espaço para o arquétipo do filósofo santo, ou seja, criando uma relação entre o humano e o divino.
Fontes:
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