quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Filosofia Medieval

Filosofia Medieval

Autor: Alysomax Soares

Introdução

A filosofia medieval é considerada um período da História da Filosofia que se iniciou no momento de transição da idade antiga para o período helenístico, tendo se consolidado durante toda a Idade Média. Pode ser caracterizada, entre os cem primeiros anos da era cristã, até aproximadamente 1500 d.C. Contudo, as correntes tradicionais, mais didáticas, costumam delimitar esse período, a partir do século V. d.C, quando surge, mais propriamente, a patrística. A principal característica desse ciclo foi o considerável sincretismo, entre a filosofia e a teologia, em que eram misturados elementos da filosofia grega e romana, com pensamentos de outras correntes teológicas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Nessa época, também emerge, paralelamente, as correntes da filosofia árabe, africana e oriental. Nesse período surgem as grandes universidades que aprimoram o pensamento ocidental, estabelecendo os pilares do conhecimento crítico e reflexivo. Preocupando-se em debater e problematizar complexas “Questões Universais”.

Desenvolvimento da Filosofia Medieval

Ficou marcada pela busca de conciliação entre a fé e a razão, investigando a relação entre o mundo divino com a lógica. Grandes estudiosos, dessa época, como Agostinho e Tomás de Aquino, examinaram ideias de pensadores antigos como Platão e Aristóteles, e relacionaram essas ideias com o pensamento da igreja, produzindo um profundo debate entre a filosofia e a religião. Produziu-se uma forte consolidação da fé católica, que foi utilizada como instrumento político, por vários governos. Esse período ficou dividido em quatro grandes fases, chamadas de fase: apostólica, apologética, patrística e escolástica.

Na fase apostólica os chamados “pais da igreja” buscavam sistematizar os primeiros ensinamentos deixados pelos apóstolos de cristo e seus primeiros discípulos, sendo desenvolvida, entre os séculos (I e II) d.C. Procurava exortar os primeiros conceitos da igreja. Na etapa apologética aconteceu um esforço em defesa dos dogmas da igreja católica, sendo desenvolvida entre os séculos (III e IV) d.C. Os pensadores utilizavam linguagens figurativas, mantendo acentuadas relações com a filosofia clássica.  A filosofia patrística ficou mais conhecida com a figura de Santo Agostinho. Iniciando-se a partir do século IV d.C e perdurando até o século VIII. Os Padres, nessa etapa, consolidaram os pensamentos cristãos sobre influência da filosofia de Platão, destacando conceitos de base ética e política. A escolástica teve como principal exponencial o filósofo São Tomás de Aquino. Tendo se desenvolvido durante o século IX d.C e se estendido até o século XVI. Esse momento sofreu intensa influência das obras de Aristóteles, baseando-se em explicar a existência de Deus, por meio da razão. Desenvolvendo argumentos empíricos, que eram pautados na lógica, incluindo concepções de ordem moral e social.

Embora exista um número considerável de pensamento religioso nesse período, a filosofia medieval não se resume apenas a ideias religiosas, tendo destaque, em outras regiões, a sistematização de outras correntes filosóficas, que se diferenciam do pensamento da igreja católica, bem como também, de outras doutrinas ligadas as outras religiões. Na História da Filosofia, quase sempre, existiram pensadores que ganharam destaque, em relação a outros, construindo uma forma de pensar hegemônica, ou exercendo influência sobre outros sistemas de pensamento. Por algum motivo específico ou, quem sabe, uma soma de fatores, alguns desses pensadores são mais enaltecidos e supervalorizados que outros, gerando um domínio de determinada corrente filosófica.

Considerações Finais

Entre os variados temas estudados, nesse período, teve grande destaque as questões éticas, metafísicas, ontológicas e epistemológicas das doutrinas religiosas. Analisando dilemas sobre a verdade divina, a imortalidade da alma, a salvação, o pecado, a santíssima Trindade, os dogmas e doutrinas ligadas a fé. Promove-se a defesa das religiões, a refutação aos conceitos do paganismo e a disseminação do cristianismo. Todo esse conjunto de correlações do medievo foi denominado, por alguns pensadores, como sendo, uma civilização sacral, ou melhor dizendo, um “sacralismo civilizacional”. No contexto educacional, houve um enfoque na formação moral e espiritual do indivíduo, que buscava unir o saber revelado com o conhecimento racional, integrando a teologia e a razão. O homem desse tempo respirava através de uma atmosfera religiosa, vivendo uma “razão que se movia, em direção aos horizonte da fé”. Aos poucos o ideal do sábio humanista foi dando espaço para o arquétipo do filósofo santo, ou seja, criando uma relação entre o humano e o divino.

Fontes:

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COUTINHO, Jorge. Elementos de História da Filosofia Medieval. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 2008.

CRESCENZO, Luciano. História da Filosofia Medieval. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 2012.

JAEGER, Werner. Cristianismo primitivo e a paideia grega. México: FCE, 1998.

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PADOVESE, Luigi. Introdução à teologia patrística. São Paulo: Editora Loyola, 1999.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. São Paulo: Paulus, 1993.

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STORCK, Alfredo Carlos. A filosofia medieval. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2003.

VASCONCELLOS, Manoel. Filosofia Medieval: Uma breve introdução. Pelotas: Editora Dissertation Incipiens, 2014.