quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Farias Brito

Farias Brito – (1862 a 1917) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Raimundo de Farias Brito foi um filósofo cearense pertencente a corrente de pensamento espiritualista. É considerado um dos primeiros filósofos cearenses e também um dos grandes nomes do pensamento filosófico no Brasil. Brito teve uma vida sofrida e atormentada com vários episódios dramáticos, ainda em sua adolescência, tornou-se um retirante devido à seca que assolou o Ceará. Sua primeira esposa faleceu muito cedo quando eles tinham completados apenas quatro anos que estavam casados. Além da sua infância humilde, ele teve que conviver com a incompreensão e o não reconhecimento devido de sua obra. Era visto como um pensador demasiado ético para o seu tempo, e isso teria gerado várias celeumas em sua vida. Iniciou seus estudos na cidade de Sobral, depois já em Fortaleza teria complementado seus aprendizados no famoso Liceu do Ceará. Posteriormente, concluiu um bacharelado em Direito na cidade de Recife no ano de 1884, tendo como mestre e orientador o filósofo Tobias Barreto, por isso teria sido influenciado pela Escola de Recife. Exerceu os trabalhos de promotor, professor, advogado e filósofo. Também chegou a atuar na política cearense como Secretário de Estado. Laborou em atividades jurídicas por alguns anos no Estado do Pará, regressando novamente ao Ceará e logo após foi para o Rio de Janeiro. Defendeu questões como a abolição da escravatura e o republicanismo no Brasil. No campo teológico, foi inicialmente a favor da criação de uma nova religião naturalista que se formaria a partir do sincretismo entre o cristianismo e o budismo, dessa junção se desenvolveria uma religião moral. Migrou posteriormente para uma visão mais espiritualista de religião. É patrono da cadeira de número 31 da Academia Cearense de Letras. Nasceu em 1862 no município de São Benedito no Ceará e veio a falecer em 1917 de tuberculose na cidade do Rio de Janeiro.

Filosofia Espiritualista

A filosofia do Farias Brito tentava buscar respostas a respeito do que seria a “coisa em si” e também levantava reflexões sobre a fenomenologia. Ensaiou entendimentos entre a teleologia e a teosofia. Descrevia em seus estudos a existência de dois tipos principais de fenômenos: os de caráter objetivamente cinésico, isto é, relacionados ao movimento e os de essência subjetivamente racional, ou seja, ligados a consciência. Nesse sentido, ele fundamentou sua doutrina em conceitos do “pampsiquismo”, isto é, a existência física e suas relações com as vivências psíquicas. Suas ideias tratavam de questões direcionadas à ética, a metafísica e ao humanismo. Seu pensamento filosófico combatia a visão materialista do mundo. Dissertou dogmaticamente em busca de um ideal centralizado na compreensão de Deus e na teoria da finalidade do mundo. Em vista disso, ele buscava encontrar respostas para o seguinte questionamento: para quê existe o mundo? Ademais, chegou a argumentar de maneira contrária as ideias ligadas ao relativismo, ao positivismo e a teoria da evolução.

Na obra “o mundo interior”, Brito estruturou as bases de sua filosofia do espírito. Sua noção de espírito englobava vários sentidos etimológicos que se direcionavam para os conceitos de mente, psique, intelecto, alma, entidade, substância, razão e espectro. Na sua visão, a consciência e o espírito se comunicavam, dessa forma, a filosofia seria uma ponte de elucidação entre ideias obscuras e a clareza do pensamento. O homem não era capaz de encontrar todas as respostas para seus questionamentos, pois essa busca deveria ser infinita e constante, porém era obrigação do homem caminhar em direção dessa eterna busca de compreensão da realidade. Brito utilizava um método chamado de “introspecção” em que buscava na consciência a clarificação entre o entendimento humano e suas relações com a natureza juntamente com a existência cósmica.

Ele pensava em Deus como uma metáfora da luz, pois Deus teria duas formas de se revelar: uma forma mais objetiva de se apresentar através da luz material exterior que observamos de maneira sensitiva, ou seja, a luz propriamente dita, e outra forma que não era muito clara, pois seria uma forma interior que era observada através da consciência. Daí, a metafísica correspondia ao instrumento que o homem teria para compreender a metáfora da luz de Deus em sua consciência. Nesse sentido, sua filosofia transcorria para questões ligadas ao existencialismo, ao naturalismo e ao espiritualismo. Deus, então, seria a fonte da luz física e da luz da consciência. Dessa forma, ele pontuava que: “Há pois a luz, há a natureza e há a consciência. A natureza é Deus representado, a luz é Deus em sua essência e a consciência é Deus percebido”. 

Na sua visão, Deus representava o fundamento da ordem moral na sociedade, pois era o princípio basilar de interpretação da natureza. Nesse contexto, Deus poderia ter sua existência comprovada pela consistência das leis da natureza. Deus, então, seria um ser infinito e eterno que era revelado através das ações permanentes das leis do universo. Dessa maneira, a filosofia servia como uma ferramenta para a busca do sentido moral da vida. Farias Brito entendia que os pensamentos influenciadores de sua época estavam incompletos para construir moralmente o homem, por isso, era necessário contrapor as ideologias políticas e as heresias religiosas. Portanto, a filosofia consistia no meio de modificação desse pensamento para auxiliar a construção da “moral interior” do homem. Sua obra dialoga entre correntes de pensamentos teológicos e os horizontes dos saberes filosóficos.

Filosofia da Educação

Defendia a ideia de que o Estado deveria proporcionar aos indivíduos a universalização do ensino público. Criticou as correntes positivistas que influenciavam a educação brasileira. Advogou a favor da implementação da filosofia nos currículos educacionais. Possuía uma didática serena que lhe proporcionava um ensino sério e paciente para com os alunos. Farias acreditava na existência de duas necessidades básicas na vida do homem que fundamentavam todas as outras: uma seria a necessidade de se alimentar e a outra se referia a necessidade de aprender. A primeira fazia alusão a uma vida externa ligada ao “corpo” e a segunda a uma vida interna ligada ao “espírito”. O corpo sofreria um processo de reconstrução através da nutrição, já o espírito precisaria do trabalho e do estudo como meios de desenvolvimento do conhecimento para o aperfeiçoamento da alma. Nesse contexto, o homem necessitaria se esforçar para adquirir os conhecimentos essenciais para o seu progresso. Brito enfatizava que:

O destino do homem, como o destino do espírito em geral, é aperfeiçoar-se, e dar maior extensão possível às suas energias, e alcançar em todas as manifestações de sua atividade, o mais alto grau de desenvolvimento; numa palavra é dominar; mas é preciso distinguir duas espécies de domínio: o domínio do homem sobre a natureza e o domínio do homem sobre si mesmo. O primeiro alcança-se pelas ciências da matéria, o segundo, pela ciência do espírito. Logo, podemos seguramente conceber, à luz da razão, que a finalidade primordial do homem no mundo é conhecer, e que, por conseguinte, a Finalidade do Mundo que o abriga é existir para o conhecimento. (Brito, 1957).

 

Anedota

Historiadores relatam que Farias Brito teria participado de um concurso no Rio de Janeiro para ocupar o cargo de professor da cadeira de Lógica do colégio Dom Pedro II, mas que mesmo obtendo o primeiro lugar, não teria assumido inicialmente esse cargo, pois a função teria sido ocupada pelo renomado escritor  Euclides da Cunha, que teria obtido o segundo lugar na disputa desse certame. Posteriormente, com a morte trágica de Euclides, Brito teria assumido o cargo e foi nomeado como professor de Lógica do colégio Dom Pedro II. Apesar disso, alguns historiadores descrevem que ele passou apenas três anos no cargo, pois a função teria sido extinta devido a uma reforma na educação que aboliu as disciplinas de Filosofia e Lógica dos currículos educacionais. No entanto, outros pesquisadores acreditam que ele teria ocupado o cargo até o final de sua vida. 

Obras:

A finalidade do mundo: O Mundo como atividade intelectual.

A finalidade do mundo: A Filosofia Moderna.

A finalidade do mundo: Evolução e Relatividade.

Ensaios sobre a Filosofia do Espírito: A verdade como regra das ações

Ensaios sobre a Filosofia do Espírito: A base física do espírito

Ensaios sobre a Filosofia do Espírito: O mundo Interior.

Cantos Modernos

História Sobre Fenícios e Hebreus

Inéditos e Dispersos

 

Filosofia Sapiencial

- “Se não sei o que sou, nem para que vim ao mundo, não posso saber uma norma de conduta”.

- “A verdade não pode ser triste nem má”.

- “Somente pela filosofia que poderão ser resolvidas as dificuldades da civilização contemporânea”.

- “Há pois a luz, há a natureza e há a consciência. A natureza é Deus representado, a luz é Deus em sua essência e a consciência é Deus percebido”.

- “O homem tem o direito e o dever de buscar uma solução para os embates da vida, percebendo que, se veio ao mundo desconhecido de si, é causa disso o estado de ignorância em que se encontra”.                 

- “Não basta indagar se o conhecimento das coisas depende da constituição de nosso espírito, é preciso verificar se o conhecimento do eu e da consciência, por sua vez, não sofre a influência das coisas.”

- “O infinito me fascina e me penetra… Se uma voz me falasse do alto, dando-me a chave de toda a verdade, tudo estaria resolvido… Mas essa voz não me fala. E a treva continua impenetrável, não somente fora, como ainda dentro de mim mesmo”.

- “A Filosofia é a fonte comum onde encontram sua justificação os princípios fundamentais de todas as outras ciências, que nestas condições dependem dela. Ou mais precisamente ainda: a filosofia é o conhecimento universal. É assim que o verdadeiro caráter da filosofia em suas relações com as ciências só pode ser determinado por meio de imagens como estas: A filosofia é uma árvore; as ciências são ramos mais ou menos frondosos que brotam desta árvore, o fruto que ela produz. (...) Penso assim: a ciência é o conhecimento já feito, o conhecimento organizado e verificado; a filosofia é o conhecimento em vias de formação”.

- “Tudo passa, tudo se aniquila. Pois bem: eu quero saber se do que passa e se aniquila, alguma coisa fica e em virtude da qual se possa ter amor ao que já não existe ou deixará de existir; se do que passa e se aniquila alguma coisa fica que não há de passar, nem aniquilar-se: quero estudar esta ciência incomparável de que falava Sócrates: quero ensinar aos que padecem como é que se pode esperar com serenidade o desenlace da morte: quero dirigir aos pequenos e humildes, palavras de conforto: quero levantar contra os tiranos a espada da justiça: quero, em uma palavra, mostrar para todos que antes de tudo e acima de tudo existe a lei moral, e que somente para quem se põe fora desta mesma lei, é que a vida termina”. 

 

Fontes:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ALVES, Leonardo Marcondes. O mundo interior de Farias Brito. Site: Ensaios e Notas. Internet, publicado em 2017.

ALVES, Tiago Dos Santos. Brasil e o Mundo: Conquista e base para a evolução do pensamento de Farias Brita. Revista Acadêmica Multidisciplinar de Iniciação Científica. Vol. 1, n; 1. Fortaleza: Logos e Culturas, 2021.

ATHAYDE, Tristão. A Estética de Farias Brito. Rio de Janeiro: Estudos, 1927.

BRITO, Raimundo Farias. A Finalidade do Mundo. 2ª. ed. Vol.1. Rio de Janeiro: MEC, 1957.

_________________A base física do Espírito. Vol. 53 Brasília: Edições do Senado Federal, 2006.

_________________O mundo interior: Ensaio sobre os dados gerais da Filosofia do Espírito. Uberlândia: Edufu, 2014.

FRANCA, Leonel. Noções de História da Filosofia. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1965.

JAIME. Jorge. História da Filosofia no Brasil. Vol. 1. Petrópolis: Vozes, 1997.

MEDEIROS, Alexandro Melo. Farias Brito. Site: Sabedoria Política - um site dedicado ao estudo da política. Internet, publicado em 2020.

PAIM, Antônio. A Filosofia da Escola do Recife. Biblioteca do pensamento brasileiro. São Paulo: Editora Convívio, 1981.

PEIXOTO, Matos. Faria Brito: O filósofo. Revista da academia cearense de letras. Fortaleza: ACL, 2021.

QUADROS, Elton Moreira. Existencialismo e Fenomenologia em Farias Brito sob a perspectiva de Fred G. Sturm. Revista: Espaço Acadêmico. N: 108. Maringá: EDUEM, 2010.

SANTOS, Gilfranco Lucena. Raimundo Farias Brito e sua confrontação com Berson: Confluências e Discrepâncias. Revista Ideação, N: 37, João Pessoa: UFPB, 2018.

SERRANO, Jonathas. Farias Brito: O homem e a Obra. Biblioteca Pedagogia Brasileira. Vol. 177. São Paulo-Rio de Janeiro-Recife-Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1939.

SILVA, Francisco José. Farias Brito e a Crise da Modernidade. Revista Perspectivas. Vol. 6 N; 01. UFT, 2021.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Antônio Vieira

Antônio Vieira - (1608 a 1697) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Padre Antônio Vieira foi um filósofo teologista luso-brasileiro do período colonial que pertenceu à ordem religiosa da companhia de Jesus. Realizou um trabalho missionário no Brasil e ficou conhecido pelos índios como o “Paiaçu” (Grande pai). Escreveu diversas obras em formato de sermões, cartas, textos proféticos, textos políticos, textos poéticos e teatro. Suas obras possuem destaque no estudo da arte barroca. Iniciou seus estudos no Brasil no colégio dos jesuítas de Salvador, na área de humanidades. Destacou-se nas artes, escrita e oratória. Lutou a favor dos povos indígenas do Brasil e também a favor dos judeus perseguidos em Portugal. Era contra a escravidão dos índios, pois defendia que a colonização portuguesa teria como missão a catequização dos índios para a fé católica. Mudou-se para o Brasil, em 1614 com apenas seis anos de idade, quando jovem chegou a trabalhar inicialmente como escrivão e posteriormente como professor. Estudou ás áreas de Filosofia, Teologia, Línguas, Dialética e Retórica. Foi considerado pelo poeta Fernando Pessoa como sendo o imperador da língua portuguesa no Brasil. O rei de Portugal Dom João IV se referia a sua admiração pelo padre com a expressão: “lábia de vieira”, esta afeição o levou a ser nomeado pelo rei para o cargo de “Pregador Régio” e também “Visitador-Geral”. Nasceu na cidade de Lisboa, em Portugal, no ano de 1608 e faleceu na Bahia, em 1697 com 89 anos.

Filosofia Política

Seguiu carreira diplomática em Portugal e posteriormente regressou ao Brasil para realizar missões em defesa dos índios. Exerceu papel importante como um hábil articulador político entre a metrópole e a colônia. Utilizou de maneira política a arte barroca como instrumento de catequização dos índios e como meio de influência religiosa entre: os negros, portugueses, judeus e demais atores sociais desse período. Nesse ínterim, passou a ser mal compreendido por determinados grupos. No Brasil também chegou a ser perseguido por senhores que eram proprietários dos engenhos e por donos de escravos que não aceitavam sua luta contra a escravidão, dessa feita, foi expulso do Maranhão, devido suas duras críticas ao sistema. Em Portugal, combateu o autoritarismo da inquisição, por isso chegou a ser preso por um curto período, mas obteve o perdão e foi anistiado.

Seus textos trabalhavam reflexões sociais e políticas que convidavam os atores sociais a participarem de debates políticos sobre os temas. Utilizava o argumento de que o pregador deveria usar o sermão não apenas para pregar aos ouvidos dos interlocutores, mas também deveriam pregar aos olhos deles, essa ideia tinha como objetivo procurar em “si mesmo” o exemplo que pudesse servir de referencial na vida dos ouvintes, isto é, um exemplo moral, material e espiritual. Tinha como inspiração para lutar contra a escravidão, um prógono missionário que ele adimirava, o conhecido padre Manuel de Nóbrega. Chegou a dissertar contra a invasão holandesa em Pernambuco e a favor da independência de Portugal em relação à Espanha. Sua veia patriota foi reconhecida pelos monarcas portugueses que lhe retribuíram com cargos de interventor e intermediador político.

Filosofia Literária

Foi definido por historiadores como sendo um “criticista colonial”, pois teria escrito aproximadamente 200 (duzentos) sermões contendo fortes críticas contra as desigualdades sociais e as injustiças de seu tempo. Esses textos eram escritos em prosa abrangendo um sentido moral e religioso. Sua obra é considerada de grande dicção, pois diligenciava no sentido de construir textos ricos tanto em vocabulário, como também em uma linguagem ornada. Além da influência barroca em sua obra, também comportou prestígios de elementos camonianos na sua compilação. Utilizava-se de várias figuras de linguagem que enriqueciam sua escrita como a antítese, a metáfora, o silogismo e a perífrase.

Misturava elementos complexos e simples que enalteciam sua argumentação de maneira lógica. Seu objetivo final era repassar a sua mensagem de maneira clara, mas sempre mantendo o equilíbrio entre a linguagem aprimorada e a compreensível. A estrutura dos sermões era dividida em três partes: exórdio, argumento e peroração, isto é, introdução, desenvolvimento e conclusão. Foi adepto de uma forma de escrever chamada de conceptismo em que o jogo de ideias era pontuado primeiramente fazendo referências a uma coisa, mas ao final do raciocínio dizia outra, com uma fundamentação bastante assertiva, isso consentia em responder antecipadamente as possíveis problematizações ou dúvidas dos leitores e críticos. Sua oratória se produzia de maneira imanente entre a retórica, a política e a teologia.

Filosofia teológica

Atuou como representante dos Jesuítas no Brasil exercendo o cargo de sacerdote. Após seu noviciado ele teria feito votos de obediência, pobreza e castidade. Praticou o ofício de missionário católico chegando a defender em seus sermões a implantação do império de Cristo na Terra, e que também ficou conhecido como o “quinto império no mundo”. Defendia a idealização do catolicismo universal, pois acreditava que um dia no futuro iria surgir uma nova religião que unificaria todas as religiões, povos e culturas. De acordo com ele, existiria um propósito divino para que Portugal seguisse por uma rota de paz com outros povos por um longo período de tempo até a chegada do “armagedon”. Segundo seu entendimento, a ideia de “nova terra” descrita nos textos sagrados estava relacionada com a descoberta das novas regiões da época chamada de “Novo Mundo”, desse modo, a expansão marítima seria um cumprimento das profecias. Combateu a ideologia protestante com a finalidade de transformar Portugal no império da fé. 

 Filosofia Sapiencial

+ "Instruir é construir"

+ “Os olhos são as frestas do coração.”

+ “Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência.”

+ “A maior gula da natureza racional é o desejo de saber.”

+ “Nenhum homem é tão sábio que não esteja sujeito ao erro”.

+ “A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor.”

+ “Todas as guerras deste mundo se fazem para conseguir a paz”

+ “A mais doce de todas as companheiras da alma é a esperança”.

+ “Quem vê o corpo, vê um animal; quem vê a alma, vê ao homem”

+  “Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar.”

+ “Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.”

+ "O ódio e o Amor são os dois mais poderosos afetos da vontade humana."

+ “Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba”

+ “No juízo dos males sempre conjeturou melhor quem presumiu os maiores.”

+ “De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo”.

+ “Para falar ao vento, bastam palavras; para falar no coração, são necessárias obras”.

+ “Há pessoas semelhantes à vela que se consomem para alumiar o caminho alheio”.

+ “A razão por que não achamos o descanso é porque procuramos onde ele não está”.

+ “O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.”

 + “Que coisa é a conversão de uma alma senão entrar um homem dentro em si, e ver-se a si mesmo?”.

+ “O melhor retrato de cada um é aquilo que se escreve. O corpo retrata-se com o pincel, a alma, com a pena”.

+ “Humildade essencialmente é o conhecimento da própria dependência, da própria imperfeição e da própria miséria”.

+ “Toda a desunião quanto há no mundo, e muito mais nas Cortes, ou nasce do vício vil da ambição, ou do vício vil da inveja, ou do Vício vil da vingança”.

+ “Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos”.

+ “Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade, por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito”.

+ “No juízo de Deus basta ser bom no último instante da vida para ser eternamente bom: No juízo dos homens basta ser mau em qualquer tempo da vida para ser eternamente mau. Se fostes bom, e sois mau, julgam-vos mal pelo que sois; se fostes mau, e sois bom, julgam-vos mau pelo que fostes; e se sois e fostes sempre bom, julgam-vos mal pelo que podeis vir a ser”.

+ “O pó que foi nosso princípio, esse mesmo e não outro é o nosso fim, e porque caminhamos circularmente deste pó para este pó, quanto mais parece que nos apartamos dele, tanto mais nos chegamos para ele: o passo que nos aparta, esse mesmo nos chega; o dia que faz a vida, esse mesmo a desfaz; e como esta roda que anda e desanda juntamente, sempre nos vai moendo, sempre somos pó”.

Curiosidades

Conforme o próprio Vieira relatou, seu ótimo desempenho nos estudos teria acontecido após uma espécie de “estalo” cerebral em que de forma inesperada tudo passou a ficar mais compreensível, ele definia isso como um fenômeno de iluminação ao qual teria lhe proporcionado assimilar melhor os conhecimentos. Esse fato milagroso passou a ser conhecido em casos análogos como o “estalo de vieira”.

Obras:

- Sermões (200 aprox.)

- Cartas (700 aprox.)

- Profecias (História do Futuro, Esperanças de Portugal e Chave dos Profetas).

Fontes:

AZEVEDO, Lúcio de. História de António Vieira. Lisboa: Livraria Clássica, 1931.

BARROS, Maria Betânia Arantes. Relato e realidade nas cartas brasileiras do Padre Antônio Vieira: uma visão cognitivista e cultural. Dissertação de Mestrado. Araraquara: UNESP, 2013.

BOSI, Alfredo. A História Concisa da Literatura brasileira. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 1976.

BULCÃO, Clóvis. Padre Antônio Vieira: um esboço biográfico. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

CARLÔTO, Adelena Leitão Silva. Uma pesquisa bibliográfica sobre figuras de linguagem no Sermão da Sexagésima, do padre Antônio Vieira. Revista Educação Pública. Vol.20, n; 36. Rio De Janeiro: Capes, 2020.

FERNANDES, Márcio Luiz. O Padre Antônio Vieira e o método da pregação. Revista Pistis Prax. vol. 2, n. 1. Curitiba: Creative Commons, 2010.

JÚNIOR, Valdemar Valente. Padre Antônio Vieira: O político e o Profeta entre a Cruz e a Espada. Revista É – Scrita. vol.11. Nilópolis: UNIABEU, 2020.

PAIVA, José Pedro. Padre Antônio Vieira. bibliografia, Lisboa: Biblioteca Nacional,  1999.

SANTOS, Estela Pereira. Padre Antônio Vieira. Site: Todo Estudo. Maringá: Leia mulheres, 2021.

SARAIVA, António José. O discurso engenhoso: estudos sobre Vieira e outros autores barrocos. São Paulo: Perspectiva, 1980.

VIEIRA, Padre Antônio. Sermões. Org. Homero Vizeu Araújo. Porto Alegre: L&PM, 2012.