domingo, 22 de setembro de 2024

Antônio Bezerra

Antônio Bezerra – (1841 a 1921) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Antônio Bezerra de Meneses foi um filósofo cearense pertencente a linha da filosofia historiográfica. Utilizou-se da literatura para disseminar partes de seus conhecimentos, tendendo suas ideias para um viés naturalista. Ficou conhecido como “o poeta da abolição”. Chegou a iniciar seus estudos acadêmicos no Seminário de Fortaleza, tendo migrado para São Paulo, a fim de cursar a faculdade de Direito, porém abandonou o curso e retornou ao Ceará, onde assumiu o cargo de funcionário do Tesouro Provincial. Alistou-se como voluntário da pátria na Guerra do Paraguai. Participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, bem como também, da Academia Cearense de Letras, onde é patrono da cadeira de número 4. Foi maçom pertencente à Loja Fraternidade Cearense. Fez parte inicialmente do movimento ligado à Padaria Espiritual, tendo posteriormente migrado para a agremiação do Centro Literário, na qual recorria ao pseudônimo de “André Carnaúba”. Contribuiu como criador, colunista e redator de vários periódicos, no período em que viveu. Após se aposentar, viajou para o Amazonas, onde se tornou Diretor do Museu de História Natural de Manaus. Era filho do filósofo Manuel Soares da Silva Bezerra e de Maria Teresa de Albuquerque Bezerra. Nasceu na cidade de Quixeramobim, interior do Ceará, no dia 21 de fevereiro de 1841 e faleceu em Fortaleza, no dia 28 de agosto de 1921, aos 80 anos.  

Filosofia da História

Desenvolveu vários trabalhos relacionados a historiografia cearense. Ajudou na formação da inteligência alencarina, contribuindo com a ciência, história, filosofia e literatura do Ceará. Relacionava seu saber historiográfico com a área jurídica e com a literatura. Construiu um conhecimento crítico da história, valendo-se de provas documentais e testemunhais. Sua obra inaugurou uma nova forma de pensar a história cearense. O rigor de sua reflexão serviu para aclarar algumas lacunas que existiam no pensamento historiográfico cearense, ajudando a corrigir determinadas imperfeições. Suas pesquisas firmaram um novo discurso histórico, contribuindo com novos argumentos para a compreensão da memória alencarina e para o entendimento das primeiras correntes de povoamento do Ceará. Ele sistematizou estudos sobre as doações das sesmarias na antiga província do Ceará, com isso, seu trabalho foi importante na organização, catalogação e transcrição dos arquivos documentais, sobre as doações das sesmarias. Devido a esse progressismo, ele foi apontado por pensadores como “o cearense que elucidou a História do Ceará”. Foi considerado também um dos mais atuantes abolicionistas cearenses, tendo contribuído com a formação de várias agremiações culturais e associações cearenses.

Filosofia Naturalista

Nomeado como o primeiro presidente da Sociedade de Ciências Práticas, suas pesquisas foram de grande importância na sistematização dos estudos das ciências naturais no Ceará. Analisou aspectos naturalistas da filosofia alencarina, utilizando-se principalmente da literatura para abordar o tema. Dissecou, em sua obra, a vida trágica do sertanejo cearense, apontando elementos como a seca e a fome, que revelava um cenário alarmante das condições de vida do povo. Implementou estudos científicos, em que analisava procedimentos básicos, para reduzir os impactos negativos que o clima produzia na sociedade agreste. Realizou estudos geográficos e mapeamentos climáticos da natureza. Fez algumas viagens de cunho exploratório com a finalidade de examinar o espaço territorial. Organizou importantes exposições sobre os produtos naturais do Ceará. Militou em defesa do território de algumas tribos indígenas, da qual ele teve contato, utilizando sua influência social e seus conhecimentos, como arma para proteger as terras dos índios.

Filosofia Sapiencial

+ “Não sei se escrevo o que penso, ou se penso o que escrevo”.

+ “Lembrando o que passou, esperança é o que restou, nessa intensa vida vivida”.

+ “O tempo carrega tudo, e a justiça por escolta. De tudo quanto se dá, o tempo entrega de volta”.

+ “O que parece frase feita, enfeita o meu coração, quem ama não esquece, busco em Deus a razão”.

+ “Temos que transformar, sentimento em realidade, pois quando passa o tempo, sobra apenas a nossa verdade”.

+ “És minha esplendorosa fortaleza, linda por sua natureza, ungida com toda certeza, com a graça de uma princesa, importa-se com a família com realeza, amada pela sinceridade, amor e beleza”.

+ “Queiram ou não queiram os nossos cronistas, é preciso confessar que se não tem conhecimento dos nomes das personagens que figuraram naquela região no início de sua formação, muito menos se deve conhecer suas ações e atos públicos.”

+ “Parece que cheguei a alcançar o que até aqui ninguém alcançou, cheguei a resolver inúmeras origens sobre Aquiraz, Aracati, Russas, Jaguaribe-Mirim, Icó, Missão Velha, e com certeza sobre o Cariri, que, antes de mim, o que se escreveu, neste sentido, não passa seguramente de um montão de invenções ridículas e narrações disparatadas.”

Fatos e Curiosidades:

Relata-se que, na antiga chácara Salubre, onde viveu Antônio Bezerra, foram encontrados vários acessos subterrâneos, que eram utilizados como local de encontro pelos abolicionistas cearenses. Acredita-se que o próprio Antônio Bezerra vendia as joias da família para libertar os escravos.

Obras:

A caridade; Algumas Origens do Ceará; Horas de recreio; Província do Ceará; Dúvidas Históricas; Porangaba - As praias; Sonhos de Moço; Lampejos; O Ceará e os Cearenses; Três Liras; Notas de viagem; Descrição da cidade de Fortaleza.

Fontes:

BEZERRA, Antônio. Algumas Origens do Ceará. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1918.

BEZERRA, Antônio Herbert Paz. Genealogia dos Bezerra de Menezes - História e Diáspora. Fortaleza: Premius, 2004.

BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893.

COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Academia Brasileira de Letras, 2001.

GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.

LIMA, Francisco Augusto de Araújo. Genealogia da Ribeira do Jaguaribe. Site: Famílias Cearenses. Internet: Acesso, 2024.

MAGALHÃES, Zelito Nunes. História da Maçonaria no Ceará. Fortaleza: Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará, 2008.

MARTINS, Paulo Henrique de Sousa. O processo de Abolição no Ceará: História, Memórias e Ensino. Revista Historiar. Vol. 06, N. 11. Vale do Acaraú, UVA, 2014.

MOREIRA, Paulo Italo. As viagens naturalistas de Antônio Bezerra de Menezes e as Ciências Naturais no Ceará na segunda metade do século XIX. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UNIRIO/PPGH, 2016.

SÁ, Murilo Bezerra. Famílias Cearenses: Estudo genealógico dos Bezerra de Menezes. Revista Instituto do Ceará. Fortaleza: RIC, 1946.

STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia, 1910.

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