Padre
Mororó – (1774 a 1825) d.C
Autor:
Alysomax Soares
Introdução
Gonçalo
Inácio de Loiola e Albuquerque Melo – Foi um filósofo cearense ligado as
correntes de pensamento teopolíticas, inclinando-se por uma tendência mais
radical. Era considerado um grande orador sacro, tendo se utilizado dos sermões
para comunicar sua obra. Atuou como sacerdote, escritor, filósofo, botânico e
político, sendo visto como um notável intelectual que também estudou as áreas
das ciências jurídicas, físicas, naturais, linguísticas e biológicas. Cursou
teologia no seminário de Olinda, em Pernambuco. Participou do movimento
literário conhecido como “os oiteiros”, tendo seguido por uma linha voltada
para o arcadismo. Ficou conhecido como o “Padre Mororó”, acredita-se que esse
nome teria sido escolhido, por conta de uma árvore que possui uma madeira muito
dura, simbolizando um antigo ditado que dizia: “enverga, mas não quebra”,
esse cognome é de origem tupi, e significa também um conjunto de várias plantas
da caatinga que possuem um fim nutritivo ou medicinal. Foi prestigiado como
sendo o primeiro cearense a ter uma obra publicada na “Tipografia Real do
Brasil”. Fundou o primeiro periódico cearense chamado de “Diário do Governo do
Ceará”. Foi consagrado como patrono da cadeira de número 10 da Academia
Cearense de Letras. Chegou a ascender ao Grau de Mestre na Maçonaria.
Era filho de Félix José de Sousa e Oliveira, com a senhora Theodósia Maria
de Jesus Madeira. Nasceu no município de Groaíras, na localidade conhecida como
Riacho dos Guimarães, em 24 de julho de 1774. Faleceu em 30 de abril de 1825,
na cidade de Fortaleza. Padre Mororó foi executado no antigo campo da pólvora, que
atualmente é conhecido como Praça dos Mártires ou Passeio Público, situada por
trás da décima região militar, no centro de Fortaleza. Seu corpo foi exumado de
um antigo cemitério e levado para o cemitério São João Batista. Recebeu, em sua
homenagem, o nome de ruas e escolas, por várias regiões do país.
Filosofia
Política
Adepto
de um forte ideário republicano, ele teria, aos poucos, semeado um sentimento
nativista, que serviu de base para o amadurecimento do futuro processo de
independência do Brasil. Era afeiçoado com as concepções liberais, defendendo
um posicionamento antiabsolutista. Seus pensamentos tiveram grande influência
das ideias iluministas. Detentor de uma escrita combativa, ele empregava o
discurso escrito como principal meio político de propagação de seus ideais. Exercendo,
com isso, uma forte influência na construção do cotidiano social e político dos
indivíduos. Lutou em prol da emancipação de alguns Estados do Nordeste, movimento
que ficou conhecido, na História do Brasil, como confederação do Equador,
chegando, até mesmo, a proclamar a República do Quixeramobim. Segundo os
pesquisadores, o topônimo “Mororó” foi escolhido, simbolicamente, para
representar um ideal nacionalista, que visava enaltecer os elementos, da
cultura indígena, da fauna, da flora e das regiões geográficas. Essa
representação visava romper com a influência dominadora do colonizador,
destacando as raízes brasileiras.
Filosofia
Teológica
Estudou,
em seu tempo, com outros grandes intelectuais como Frei Caneca, Padre
Miguelinho e Padre João Ribeiro. Laborou como vigário nas cidades de Boa
Viagem, Tamboril e Quixeramobim. Porquanto teve destaque reconhecido dos
trabalhos praticados, recebeu convite para lecionar. Utilizou-se da teologia
para desenvolver alguns trabalhos voltados para a educação. Exerceu a função de
professor de Latim na cidade de Aracati. Incentivou a fomentação das artes
cênicas com a finalidade de influenciar, positivamente, na educação dos jovens.
Desenvolvendo, com isso, um sincretismo educacional que misturava atividades
religiosas, culturais e sociais. Realizou grandes sermões em que censurava os
vícios da jogatina, os quais eram praticados, em algumas regiões. Era
considerado, por muitos, como um homem bom, que possuía um coração generoso. Devido
sua bravura ter sido evidenciada, entre atitudes espirituosas e ações valorosas,
ele pode ser descrito como “o homem que riu da morte”, deixando registrado, na
canonização da história, sua figura emblemática.
Filosofia
Sapiencial
+ “Sou um
padre baldo de conhecimentos, que faço a minha subsistência, pelas capelanias do
sertão”
+ “Assim a ingênua virtude, assim te assomas, com fronte majestosa,
assim desprezas a tormenta, que assanha, e que levanta a calúnia invejosa”
+ “Assim estável Carvalho, assim triunfão, dos rijos louros, dos
furacões furiosos, que teus ramos embatem, mas não estalão, ao impacto violento”.
+ “Entro numa estrada perigosíssima; e estou na certeza de desafiar
inimigos sem conto; mas não esmoreço; e à custa da vida prometo perante Deus e
os homens ser imparcial nas minhas narrações. Quer o imperador ostente as suas
forças, quer o governo seja despótico, quer as riquezas predominem; nada, nada
me abala; e a minha pobreza jamais ofuscará os sentimentos de um coração todo
cheio de amor de sua Pátria adorada; e muito menos calará os ecos da verdade”
Fatos e
Curiosidades:
Relata-se
que, na fase final de conclusão do seu curso seminarista, em Olinda, um clérigo
conhecido como Dom Azeredo Coutinho, teria preconizado a respeito de Mororó, a
seguinte intuição: “Este jovem há de se perder na primeira Revolução que
houver no Brasil”.
Conta-se
que no dia do seu martírio, o Pe. Gonçalo transmitia um ar de tranquilidade e
coragem, que assombravam a todos que assistiam ao sinistro. A cena trágica dos
últimos instantes que antecedeu o seu suplício foi aturdida por vários
episódios cômicos e irônicos, que se desvelaram no decorrer do evento. Os
carrascos que eram escolhidos, entre prisioneiros e militares, recusavam-se a
cumprir a sentença inicial de enforcamento. Logo depois, a pena foi trocada
para a de fuzilamento, sendo finalmente executada por algozes, a tiros de arcabuz.
Obras:
Segundo
informam algumas fontes, os textos de Mororó foram queimados, tendo desaparecido
grandes fragmentos, poesias e sermões, entre essas obras perdidas, narra-se que
existia uma importante pesquisa sobre a carnaúba, que provavelmente foi extraviada.
Fontes:
ACL.
Pesquisa Histórica. Padre Mororó. Site: Academia Cearense de Letras.
Fortaleza: Copyright, acesso em 2024.
AMORA,
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Brasileira, 1976.
GIRÃO,
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LEAL,
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SOUSA, João Alfredo. Padre Mororó: A Revolução da Imprensa. Fortaleza: Museu do Ceará/SECULT, 2004.
STUDART,
Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia,
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