sábado, 30 de novembro de 2024

Padre Mororó

Padre Mororó – (1774 a 1825) d.C


Autor: Alysomax Soares


Introdução


Gonçalo Inácio de Loiola e Albuquerque Melo – Foi um filósofo cearense ligado as correntes de pensamento teopolíticas, inclinando-se por uma tendência mais radical. Era considerado um grande orador sacro, tendo se utilizado dos sermões para comunicar sua obra. Atuou como sacerdote, escritor, filósofo, botânico e político, sendo visto como um notável intelectual que também estudou as áreas das ciências jurídicas, físicas, naturais, linguísticas e biológicas. Cursou teologia no seminário de Olinda, em Pernambuco. Participou do movimento literário conhecido como “os oiteiros”, tendo seguido por uma linha voltada para o arcadismo. Ficou conhecido como o “Padre Mororó”, acredita-se que esse nome teria sido escolhido, por conta de uma árvore que possui uma madeira muito dura, simbolizando um antigo ditado que dizia: “enverga, mas não quebra”, esse cognome é de origem tupi, e significa também um conjunto de várias plantas da caatinga que possuem um fim nutritivo ou medicinal. Foi prestigiado como sendo o primeiro cearense a ter uma obra publicada na “Tipografia Real do Brasil”. Fundou o primeiro periódico cearense chamado de “Diário do Governo do Ceará”. Foi consagrado como patrono da cadeira de número 10 da Academia Cearense de Letras. Chegou a ascender ao Grau de Mestre na Maçonaria.

 

Era filho de Félix José de Sousa e Oliveira, com a senhora Theodósia Maria de Jesus Madeira. Nasceu no município de Groaíras, na localidade conhecida como Riacho dos Guimarães, em 24 de julho de 1774. Faleceu em 30 de abril de 1825, na cidade de Fortaleza. Padre Mororó foi executado no antigo campo da pólvora, que atualmente é conhecido como Praça dos Mártires ou Passeio Público, situada por trás da décima região militar, no centro de Fortaleza. Seu corpo foi exumado de um antigo cemitério e levado para o cemitério São João Batista. Recebeu, em sua homenagem, o nome de ruas e escolas, por várias regiões do país.

 

Filosofia Política

 

Adepto de um forte ideário republicano, ele teria, aos poucos, semeado um sentimento nativista, que serviu de base para o amadurecimento do futuro processo de independência do Brasil. Era afeiçoado com as concepções liberais, defendendo um posicionamento antiabsolutista. Seus pensamentos tiveram grande influência das ideias iluministas. Detentor de uma escrita combativa, ele empregava o discurso escrito como principal meio político de propagação de seus ideais. Exercendo, com isso, uma forte influência na construção do cotidiano social e político dos indivíduos. Lutou em prol da emancipação de alguns Estados do Nordeste, movimento que ficou conhecido, na História do Brasil, como confederação do Equador, chegando, até mesmo, a proclamar a República do Quixeramobim. Segundo os pesquisadores, o topônimo “Mororó” foi escolhido, simbolicamente, para representar um ideal nacionalista, que visava enaltecer os elementos, da cultura indígena, da fauna, da flora e das regiões geográficas. Essa representação visava romper com a influência dominadora do colonizador, destacando as raízes brasileiras.

 

Filosofia Teológica

 

Estudou, em seu tempo, com outros grandes intelectuais como Frei Caneca, Padre Miguelinho e Padre João Ribeiro. Laborou como vigário nas cidades de Boa Viagem, Tamboril e Quixeramobim. Porquanto teve destaque reconhecido dos trabalhos praticados, recebeu convite para lecionar. Utilizou-se da teologia para desenvolver alguns trabalhos voltados para a educação. Exerceu a função de professor de Latim na cidade de Aracati. Incentivou a fomentação das artes cênicas com a finalidade de influenciar, positivamente, na educação dos jovens. Desenvolvendo, com isso, um sincretismo educacional que misturava atividades religiosas, culturais e sociais. Realizou grandes sermões em que censurava os vícios da jogatina, os quais eram praticados, em algumas regiões. Era considerado, por muitos, como um homem bom, que possuía um coração generoso. Devido sua bravura ter sido evidenciada, entre atitudes espirituosas e ações valorosas, ele pode ser descrito como “o homem que riu da morte”, deixando registrado, na canonização da história, sua figura emblemática.   

 

Filosofia Sapiencial

 

+ “Sou um padre baldo de conhecimentos, que faço a minha subsistência, pelas capelanias do sertão”

+ “Assim a ingênua virtude, assim te assomas, com fronte majestosa, assim desprezas a tormenta, que assanha, e que levanta a calúnia invejosa”

+ “Assim estável Carvalho, assim triunfão, dos rijos louros, dos furacões furiosos, que teus ramos embatem, mas não estalão, ao impacto violento”.

+ “Entro numa estrada perigosíssima; e estou na certeza de desafiar inimigos sem conto; mas não esmoreço; e à custa da vida prometo perante Deus e os homens ser imparcial nas minhas narrações. Quer o imperador ostente as suas forças, quer o governo seja despótico, quer as riquezas predominem; nada, nada me abala; e a minha pobreza jamais ofuscará os sentimentos de um coração todo cheio de amor de sua Pátria adorada; e muito menos calará os ecos da verdade”

 

Fatos e Curiosidades:

 

Relata-se que, na fase final de conclusão do seu curso seminarista, em Olinda, um clérigo conhecido como Dom Azeredo Coutinho, teria preconizado a respeito de Mororó, a seguinte intuição: “Este jovem há de se perder na primeira Revolução que houver no Brasil”.

 

Conta-se que no dia do seu martírio, o Pe. Gonçalo transmitia um ar de tranquilidade e coragem, que assombravam a todos que assistiam ao sinistro. A cena trágica dos últimos instantes que antecedeu o seu suplício foi aturdida por vários episódios cômicos e irônicos, que se desvelaram no decorrer do evento. Os carrascos que eram escolhidos, entre prisioneiros e militares, recusavam-se a cumprir a sentença inicial de enforcamento. Logo depois, a pena foi trocada para a de fuzilamento, sendo finalmente executada por algozes, a tiros de arcabuz.

 

Obras:

 

Segundo informam algumas fontes, os textos de Mororó foram queimados, tendo desaparecido grandes fragmentos, poesias e sermões, entre essas obras perdidas, narra-se que existia uma importante pesquisa sobre a carnaúba, que provavelmente foi extraviada.   

 

Fontes:

 

ACL. Pesquisa Histórica. Padre Mororó. Site: Academia Cearense de Letras. Fortaleza: Copyright, acesso em 2024.

 

AMORA, Manoel Albano. Academia Cearense de Letras: Síntese Histórica. Revista da academia Cearense de Letras. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,1957.

 

BRÍGIDO, João. Ceará, homens e fatos. Rio de Janeiro: inelivros, 2001.

 

BRITO, Jorge. Diário do Governo do Ceará: origens da imprensa e da tipografia cearenses. Fortaleza: Museu do Ceará, 2006.

 

CORRÊA, Viriato. História da Liberdade no Brasil. Brasília: Civilização Brasileira, 1976.

 

GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.

 

LEAL, Barros. Temas Diversos. Fortaleza: Casa José de Alencar, 1996.

 

NOBRE, Geraldo. O primeiro redator cearense: O Correio Brasiliense e O Português verberados no Ceará pelo padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo. Revista de Comunicação Social, Fortaleza, 1973.

SOUSA, João Alfredo. Padre Mororó: A Revolução da Imprensa. Fortaleza: Museu do Ceará/SECULT, 2004.

STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia, 1910.

 


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