domingo, 27 de outubro de 2024

Escola de Éfesos

Escola de Éfesos

Autor: Alysomax Soares

Introdução

A escola de Éfesos ficou conhecida também como “Escola Heraclitiana” ou Escola Efésica, por conta de seu principal representante que era o filósofo Heráclito de Éfesos, tendo como seu principal discípulo o filósofo Crátilo de Atenas. Os filósofos dessa escola de pensamento compartilhavam a ideia de que o movimento era a causa primeira de todas as coisas, nesse contexto eles também eram denominados de filósofos “mobilistas”. Inicialmente a escola não possuiu muitos discípulos, sendo citada devido sua grande influência na filosofia e em outras correntes de pensamento. Embora não existam muitas informações sobre os discípulos de Heráclito, alguns filósofos e pensadores, de sua época, trocaram conhecimentos mútuos. Mesmo assim, alguns outros filósofos são considerados simpatizantes dessa corrente, por seguirem uma tendência similar de ideias. Um certo número de historiadores classifica a escola de Éfesos, juntamente com a de Mileto, como se elas fossem partes da escola jônica, reunindo pontos diferentes e comuns, entre elas.

Filosofia da Natureza

O principal foco dessa escola buscava compreender a origem e a natureza fundamental da realidade através da observação e da reflexão. Para Heráclito, o fundador dessa corrente, o fogo seria a “arché” primordial, isto é, o principal combustível responsável por essa mudança contínua no universo, pois era a substância mais ativa na natureza e que estaria em constante transformação. Essa mudança era definida como o eterno devir, ou seja, o “ir-e-vir” constantes, caracterizado pela fluidez das coisas. Também era definida como "panta rei", quer dizer, "a vida é fluxo", que era a ideia de que a realidade estaria em constante mudança, pois nada permaneceria o mesmo. Ele utilizava a metáfora do rio para explicar partes de sua teoria, dizendo que: “ninguém pode se banhar duas vezes em um mesmo rio”, querendo dizer, que o homem, ao entrar uma segunda vez no rio, não seria mais o mesmo, nem o rio também seria igualmente o mesmo. Sua ideia de movimento influenciou e ainda influência, até hoje, muitos pensadores e sistemas de pensamentos.

Filosofia da Linguagem

Heráclito também foi considerado um dos percussores da dialética, tendo utilizado a linguagem para compreender os fenômenos da natureza. Criou uma teoria chamada de doutrina dos contrários, ao qual ele pronunciava que existiria uma luta constante e eterna entre os contrários, explicando que um oposto não poderia existir sozinho sem o outro oposto, pois um dependeria do outro para existir. A contradição seria responsável pelo surgimento de uma unidade dialética. Argumentava que se um observador percebe uma subida em uma grande escada, outro observador, que esteja na parte de cima, poderia entender, essa mesma escada, como sendo uma descida. Seguindo esse mesmo raciocínio para a ideia de temperatura, pois não existiria permanentemente o frio ou o quente, mas sim o calor, descrito mais propriamente como temperatura. Em outras palavras, é como se o princípio fosse o mesmo que o fim, como em um círculo. O que estaria em baixo seria igual ao que estaria em cima, pois o caminho para ir para cima e depois para baixo seria o mesmo. Desse modo, ele estabeleceu uma síntese contraditória e permanente da realidade. Formulando um conceito de unidade permanente do ser, diante da pluralidade e mutabilidade das coisas.

Considerações Finais

Segundo essa escola de pensamento, o logos seria a lei fundamental da própria natureza. Esse logos, que seria uma força ordenadora da natureza, se revelava exatamente no universo através de contradições, que estariam em constantes transformações. A realidade seria dinâmica, tendo sua origem nas oposições, isto é, na força dos contrários, ela aconteceria na mudança, na eterna luta entre os opostos. A realidade possuiria uma unidade básica, ou seja, uma unidade na pluralidade, que poderia ser traduzida, como sendo, o logos. Dessa forma, as contradições são complementares e necessárias. O logos age como um regulador ou harmonizador natural do constante movimento que é gerado. O logos era representado pela ideia de razão, o mesmo que, um princípio universal, sendo vista como uma força cósmica que permeia tudo, trazendo ordem ao caos.

Fontes:

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LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. 2ª ed. Brasília: UnB, 2008.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.

REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. 3. ed. Vol.1. São Paulo. Paulus.1990.

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VERNANT. Jean Pierre. Mito e pensamento entre os Gregos. Rio de Janeiro. PUC, 1965.

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