Antipas de Pérgamo - (28 a 93) d.C. Aprox.
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi um filósofo teológico pertencente ao período de transição entre a
filosofia helenística e a filosofia medieval, por volta da fase de ouro em que
viveram os descritos padres apostólicos. Figura na lista dos chamados “hieromártires
Cristãos”. Teria sido discípulo direto do apóstolo São João
Evangelista. Seu nome é citado algumas vezes no livro bíblico do Apocalipse, e
significa no grego “contra todos”, sendo apresentado como “Antipas, a fiel
testemunha”. Atuou como bispo da Igreja de Pérgamo, durante o reinado do
imperador Nero. Foi martirizado por combater as heresias e idolatrias, durante
o governo de Domiciano. Ficou afamado como o santo protetor que alivia a dor de
dentes. Poucas informações foram preservadas a seu respeito. Tendo inclusive,
já sido confundido com outra figura histórica conhecida pelo nome de “Herodes
Antipas”. Contudo, é consenso entre os historiadores, que se trata de duas personalidades
distintas. Não se sabe com precisão a data exata de seu florescimento, tendo
falecido com certa idade avançada, teria sido assassinado no templo de Ártemis,
e seu corpo foi sepultado na cidade de Pérgamo. O túmulo passou a exalar um agradável
aroma de bálsamo por muitos anos, tornando-se fonte de milagres e de curas para
diversas doenças. Existe uma tradição católica antiga, que acredita que um tipo
de óleo conhecido como "maná dos santos", seria retirado das
relíquias de Santo Antipas.
Filosofia Eclesiástica
Iniciou sua defesa aos princípios cristãos, após ter sido preso por
negar adoração aos ídolos das religiões greco-romanas. Passou então a convencer
os romanos a não oferecerem mais sacrifícios pagãos aos falsos ídolos. Isso
teria gerado a desafeição de alguns heréticos que passaram a persegui-lo. Foi amarrado,
torturado e jogado, ainda com vida, em uma fornalha ardente que tinha o formato
de um touro. Relata-se que, no momento de sua morte, Antipas teria bravejado em
voz alta, uma forte oração, agradecendo a Deus por ter sido escolhido para
sofrer por amor a cristo, testemunhando que o amor de Deus é mais forte que a
própria morte. Pediu a Deus para que guardasse sua alma e fortalecesse a fé dos
cristãos. Algumas fontes descrevem que seu corpo se reduziu a cinzas, outras
que foi literalmente cozinhado, porém a tese mais aceita, seria o relato de que
a noite, os cristãos levaram seu corpo intocado pelas chamas, para o local onde
foi enterrado. Ainda segundo certos pesquisadores assim descrevem, enquanto os
pagãos assistiam ao sinistro de sua morte, esperando o espetáculo que era comum
nesse tipo de tortura, em que ecoava gritos das vítimas, por um canal acústico,
simbolizando rugidos de touro, quando estes eram lançados no animal de bronze
ardente, de forma surpreendente, Antipas não gritava de dor, ao contrário, orava
por seus algozes, recitando salmos e canções ao senhor.
Filosofia Teológica
A tradução etimológica da palavra “Pérgamo” não é muito clara. Algumas
traduções explicam que vêm de purgos, que significa torre alta, castelo
fortificado, podendo ter sua tradução estendida em diferentes línguas. Outras
traduções apontam para a ideia de casamento ou abundância. Pérgamo era
considerada, entre os cristãos, uma cidade pecaminosa, tendo estátuas que
simbolizavam culto aos ídolos. Havia inclusive um templo de adoração ao
imperador romano. Antipas demostrou sua repugnância aos pecados e vícios
humanos, refutando o vazio e a maldade que existia na adoração da cultura do paganismo.
Existia uma forte oposição ao cristianismo, praticada por uma forma de
estatismo humanista, gerenciada principalmente, pelo judaísmo e pelos romanos. A
tradição cristã acredita que o “santo Antipas” pode ser caracterizado como
sendo o mesmo personagem citado no livro do Apocalipse na Bíblia: Nela é citada,
em uma passagem, tanto o nome de Antipas, bem como a cidade de Pérgamo, observe
o que diz o trecho bíblico:
"E ao anjo da igreja que está em Pérgamo
escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: Eu sei
onde moras, onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a
minha fé, ainda nos dias em que Antipas, minha testemunha fiel, foi morto entre
vós, onde Satanás habita" (Apocalipse 2:12-13).
Nesse contexto, muitos cristãos desse tempo, participavam de alguns
eventos pagãos, devido a cultura social da época, que normalizava certos vícios
morais, em nome da boa convivência política e econômica. A cidade de Pérgamo
chegou a ser descrita como sendo o trono de Satanás pela própria doutrina bíblica.
A influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a
congregação com as falsas idolatrias. Havia uma mistura de pluralismo e sincretismo
religioso, que se igualava aos antigos cultos pagãos. Desse modo, a prática da
idolatria teria sido combatida por Antipas, pois ele acreditava ser necessário resistir
fielmente as tentações, visto que esses valores pagãos não eram compatíveis com
o Evangelho. Defensor da fé cristã, ele suportou a perseguição até o fim de sua vida, destacando-se
no mundo como sendo a fiel testemunha e dando prova disso. Ficou conhecido por
expulsar demônios, curando possessos e enfermos. Parte de sua vida estar envolto em
mistérios, tendo vivenciado as tensões políticas e religiosas de seu tempo. Relata-se
que, em um dado momento, alguém teria advertido a Antipas dizendo: "Antipas,
o mundo inteiro está contra você!", e ele teria alegadamente
respondido: "Então eu sou contra o mundo inteiro!".
Fatos e Curiosidades
Conta-se que, antes de sofrer seu martírio, Antipas foi levado perante o
governador, para que este pudesse persuadi-lo a negar sua fé. O governador
teria lhe dito que a adoração aos ídolos era uma prática mais antiga, e que por
isso, essa tradição deveria ser mais respeitada do que aquela nova religião
pregada por pescadores e gente humilde. Antipas, então, teria respondido ao
governador, relembrando a história de Caim, que embora também tivesse sido uma
história tradicional da humanidade, esse fato era intolerável, pois descrevia
um assassinato contra um irmão. Assim também, seriam as crenças e práticas dos
antigos helênicos, que apesar de muito antigas, continham heresias, e que por
isso, também mereciam desprezo por parte daqueles que cultivavam a verdade de
Deus, pois os deuses pagãos eram obras de mãos humanas e que tudo o que se
dizia sobre eles, estaria repleto de vícios e iniquidades.
O termo "pergaminho" deriva do grego "pergamene" e
do latim "pergamena", ambos relacionados à cidade de Pérgamo. Segundo
fontes, foi a população da cidade de Pérgamo que começou a usar peles de
animais para fazer o pergaminho, substituindo o antigo papiro. A princípio, o
pergaminho era feito de pele de animais, como ovelhas ou cabras, sendo
utilizada como suporte para a escrita e a pintura.
Filosofia Sapiencial
+ “Não irei servir aos demônios, estes fogem
de mim”.
+ “Eu continuarei adorando ao criador de todos, o Senhor Todo-Poderoso, juntamente
com seu filho unigênito e o Espírito Santo”.
+ “Como posso eu oferecer sacrifícios aos demônios, quando diariamente
ofereço sacrifício ao Deus verdadeiro, por meio de Cristo?”
Fontes:
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