segunda-feira, 28 de julho de 2025

Antipas de Pérgamo

Antipas de Pérgamo - (28 a 93) d.C. Aprox.

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo teológico pertencente ao período de transição entre a filosofia helenística e a filosofia medieval, por volta da fase de ouro em que viveram os descritos padres apostólicos. Figura na lista dos chamados “hieromártires Cristãos”. Teria sido discípulo direto do apóstolo São João Evangelista. Seu nome é citado algumas vezes no livro bíblico do Apocalipse, e significa no grego “contra todos”, sendo apresentado como “Antipas, a fiel testemunha”. Atuou como bispo da Igreja de Pérgamo, durante o reinado do imperador Nero. Foi martirizado por combater as heresias e idolatrias, durante o governo de Domiciano. Ficou afamado como o santo protetor que alivia a dor de dentes. Poucas informações foram preservadas a seu respeito. Tendo inclusive, já sido confundido com outra figura histórica conhecida pelo nome de “Herodes Antipas”. Contudo, é consenso entre os historiadores, que se trata de duas personalidades distintas. Não se sabe com precisão a data exata de seu florescimento, tendo falecido com certa idade avançada, teria sido assassinado no templo de Ártemis, e seu corpo foi sepultado na cidade de Pérgamo. O túmulo passou a exalar um agradável aroma de bálsamo por muitos anos, tornando-se fonte de milagres e de curas para diversas doenças. Existe uma tradição católica antiga, que acredita que um tipo de óleo conhecido como "maná dos santos", seria retirado das relíquias de Santo Antipas.

Filosofia Eclesiástica

Iniciou sua defesa aos princípios cristãos, após ter sido preso por negar adoração aos ídolos das religiões greco-romanas. Passou então a convencer os romanos a não oferecerem mais sacrifícios pagãos aos falsos ídolos. Isso teria gerado a desafeição de alguns heréticos que passaram a persegui-lo. Foi amarrado, torturado e jogado, ainda com vida, em uma fornalha ardente que tinha o formato de um touro. Relata-se que, no momento de sua morte, Antipas teria bravejado em voz alta, uma forte oração, agradecendo a Deus por ter sido escolhido para sofrer por amor a cristo, testemunhando que o amor de Deus é mais forte que a própria morte. Pediu a Deus para que guardasse sua alma e fortalecesse a fé dos cristãos. Algumas fontes descrevem que seu corpo se reduziu a cinzas, outras que foi literalmente cozinhado, porém a tese mais aceita, seria o relato de que a noite, os cristãos levaram seu corpo intocado pelas chamas, para o local onde foi enterrado. Ainda segundo certos pesquisadores assim descrevem, enquanto os pagãos assistiam ao sinistro de sua morte, esperando o espetáculo que era comum nesse tipo de tortura, em que ecoava gritos das vítimas, por um canal acústico, simbolizando rugidos de touro, quando estes eram lançados no animal de bronze ardente, de forma surpreendente, Antipas não gritava de dor, ao contrário, orava por seus algozes, recitando salmos e canções ao senhor.

Filosofia Teológica

A tradução etimológica da palavra “Pérgamo” não é muito clara. Algumas traduções explicam que vêm de purgos, que significa torre alta, castelo fortificado, podendo ter sua tradução estendida em diferentes línguas. Outras traduções apontam para a ideia de casamento ou abundância. Pérgamo era considerada, entre os cristãos, uma cidade pecaminosa, tendo estátuas que simbolizavam culto aos ídolos. Havia inclusive um templo de adoração ao imperador romano. Antipas demostrou sua repugnância aos pecados e vícios humanos, refutando o vazio e a maldade que existia na adoração da cultura do paganismo. Existia uma forte oposição ao cristianismo, praticada por uma forma de estatismo humanista, gerenciada principalmente, pelo judaísmo e pelos romanos. A tradição cristã acredita que o “santo Antipas” pode ser caracterizado como sendo o mesmo personagem citado no livro do Apocalipse na Bíblia: Nela é citada, em uma passagem, tanto o nome de Antipas, bem como a cidade de Pérgamo, observe o que diz o trecho bíblico:

"E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: Eu sei onde moras, onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias em que Antipas, minha testemunha fiel, foi morto entre vós, onde Satanás habita" (Apocalipse 2:12-13).

Nesse contexto, muitos cristãos desse tempo, participavam de alguns eventos pagãos, devido a cultura social da época, que normalizava certos vícios morais, em nome da boa convivência política e econômica. A cidade de Pérgamo chegou a ser descrita como sendo o trono de Satanás pela própria doutrina bíblica. A influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a congregação com as falsas idolatrias. Havia uma mistura de pluralismo e sincretismo religioso, que se igualava aos antigos cultos pagãos. Desse modo, a prática da idolatria teria sido combatida por Antipas, pois ele acreditava ser necessário resistir fielmente as tentações, visto que esses valores pagãos não eram compatíveis com o Evangelho. Defensor da fé cristã, ele suportou a perseguição até o fim de sua vida, destacando-se no mundo como sendo a fiel testemunha e dando prova disso. Ficou conhecido por expulsar demônios, curando possessos e enfermos. Parte de sua vida estar envolto em mistérios, tendo vivenciado as tensões políticas e religiosas de seu tempo. Relata-se que, em um dado momento, alguém teria advertido a Antipas dizendo: "Antipas, o mundo inteiro está contra você!", e ele teria alegadamente respondido: "Então eu sou contra o mundo inteiro!".

Fatos e Curiosidades

Conta-se que, antes de sofrer seu martírio, Antipas foi levado perante o governador, para que este pudesse persuadi-lo a negar sua fé. O governador teria lhe dito que a adoração aos ídolos era uma prática mais antiga, e que por isso, essa tradição deveria ser mais respeitada do que aquela nova religião pregada por pescadores e gente humilde. Antipas, então, teria respondido ao governador, relembrando a história de Caim, que embora também tivesse sido uma história tradicional da humanidade, esse fato era intolerável, pois descrevia um assassinato contra um irmão. Assim também, seriam as crenças e práticas dos antigos helênicos, que apesar de muito antigas, continham heresias, e que por isso, também mereciam desprezo por parte daqueles que cultivavam a verdade de Deus, pois os deuses pagãos eram obras de mãos humanas e que tudo o que se dizia sobre eles, estaria repleto de vícios e iniquidades.

O termo "pergaminho" deriva do grego "pergamene" e do latim "pergamena", ambos relacionados à cidade de Pérgamo. Segundo fontes, foi a população da cidade de Pérgamo que começou a usar peles de animais para fazer o pergaminho, substituindo o antigo papiro. A princípio, o pergaminho era feito de pele de animais, como ovelhas ou cabras, sendo utilizada como suporte para a escrita e a pintura.

Filosofia Sapiencial

+ “Não irei servir aos demônios, estes fogem de mim”.

+ “Eu continuarei adorando ao criador de todos, o Senhor Todo-Poderoso, juntamente com seu filho unigênito e o Espírito Santo”.

+ “Como posso eu oferecer sacrifícios aos demônios, quando diariamente ofereço sacrifício ao Deus verdadeiro, por meio de Cristo?”

Fontes:

ANDRÉ DE CESÁREIA. Comentário sobre o Apocalipse. Col. Os Padres da Igreja. Trad. Eugenia Scarvelis. Washington: Catholic University of America Press, 2011.

BASS, Ralph E., Jr. De Volta para o futuro: um estudo do livro Apocalipse. Greenville, South Carolina: Living Hope Press, 2004.

BEALE, Gregory Kimball. O Livro do Apocalipse: Novo Comentário Internacional do Testamento Grego. Michigan: Editora ‎ Eerdmans, 1999.

BRUCE, Frederick Fyvie. O Novo Testamento Documentado: Sua Origem e Testemunho Histórico. São Paulo: Editora Vida Nova, 1990.

DEMAR, Gary. O Martírio de São Antipas e a composição do Apocalipse. Londrina: Revista cristã Última chamada, 2017.

EUSÉBIO DE CESARÉIA. História Eclesiástica. São Paulo: Editora Novo Século, 2002.

HENDRIKSEN, William. Mais que Vencedores: Uma Interpretação do Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.

HITCHCOCK, Mark. O Livro Completo da Profecia Bíblica. Illinois: Tyndale House Publishers, 1999.

RAYMUNDO, César Franscisco. Equívocos e Contradições do Preterismo. Londrina: Revista cristã Última chamada, 2019.  

SUMMERS, Ray. A Mensagem do Apocalipse. Florianópolis, Editora Juerp,1986.

TERTULIANO. Apologéticos e o Pálio. Col. Patrística. São Paulo: Paulus, 1995.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário