Theano de Crotona
– (546 a 495) a.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Foi uma filósofa
da Grécia antiga pertencente à escola pitagórica. Desenvolveu os
princípios teóricos e filosóficos da “doutrina do meio-termo”.
Destacou-se nas áreas da Matemática, Astronomia, Física, Filosofia e Medicina.
Ela era considerada por alguns pensadores como sendo a primeira matemática
(mulher) da região itálica na Grécia antiga e também uma das precursoras da
investigação científica. Entre suas ideias, ela afirmava que na natureza “tudo
é número”, pois esse era um pensamento comum na escola pitagórica de
Crotona. Além de aluna, algumas fontes dizem que ela também seria esposa de
Pitágoras. Existem relatos que ela teria tido filhos com seu mestre
e que após o assassinato dele por perseguidores políticos, ela teria conseguido
fugir e passou a divulgar junto com as filhas os pensamentos dos pitagóricos,
com isso, os fragmentos de suas cartas foram conservados pelos historiadores da
época. As mulheres, nessa época, eram proibidas de participar dos estudos
ligados a ciência e a filosofia, então, a escola pitagórica inovou os conceitos
da época ao permitir que as mulheres pudessem estudar nessa escola. Por ter se
destacado na escola de Pitágoras, ela se tornou mestra e repassou muitos dos
seus conhecimentos aos discípulos pitagóricos. Devido à existência de muitas
mulheres na escola pitagórica, as discípulas assinavam os aprendizados e as
descobertas com o nome de Pitágoras, por isso, é muito difícil precisar com
exatidão o que cada discípula descobriu ao certo.
Dizem que seu pai
era um homem muito rico, e por isso, enviou-a para a escola de Pitágoras para
que ele pudesse ensiná-la. Ainda há muitas discordâncias históricas a respeito
de quem teria sido de fato o seu verdadeiro pai e se realmente ela teria sido
esposa de Pitágoras. A corrente majoritária aponta na direção mais provável de
que ela seria filha de outro filósofo e físico chamado Pitonax de Creta. Porém, alguns historiadores afirmam que ela pode ter sido protegida por um rico
patrocinador da ciência e da arte chamado de Milón, e que por isso, existiria a
possibilidade dele ter sido seu verdadeiro pai ou uma espécie de padrinho da
época. Milón era bem conhecido por pertencer a uma religião da época chamada de
orfismo, que trabalhava a literatura do poeta mítico Orfeu. Essa religião do
orfismo pode, então, ter influenciado boa parte do pensamento de Theano. Outros
relatos históricos apontam que ela poderia ter sido filha de um médico chamado
Brotino que sucedeu Pitágoras na escola, porém essa seria a hipótese menos
provável, outra hipótese improvável é a de que ela teria sido filha do próprio
Pitágoras, fato curioso, pois a maioria dos historiadores afirma que ela teve
filhos com o seu mestre. Theano nasceu aproximadamente em 546 a.C na
cidade de Crotona que ficava localizada na Grécia antiga. A data precisa de sua
morte ainda é um fato desconhecido, porém se presume que tenha falecido
possivelmente entre o final do século VI a.C e início do século V a.C,
por volta de 495 a.C.
Filosofia
Pitagórica
A esposa de
Pitágoras recebeu grande reconhecimento por parte dele, tendo inclusive
dirigido a escola pitagórica por um bom tempo. Abordou ideias relacionadas aos
estudos metafísicos entre a vida real e a espiritual. Comparando esses
conceitos, entre a representação que uma vida exerceria sobre a outra e a
atuação que as pessoas teriam nas duas vidas. Divulgava as doutrinas pitagóricas
que discutiam a relação da vida carnal com o mundo místico, trabalhando temas
como a transmigração e a imortalidade da alma. Acreditava na existência de uma
justiça divina, explicava que haveria um juízo sobre os atos praticados em vida
e que seriam transmutados para outras encarnações. Explicava que os números são
o princípio da realidade e da individualidade. Ela acreditava que todos
os objetos materiais eram compostos por números naturais, assim, dizia que a
medida de qualquer objeto poderia ser expressa por uma medida exata. Escreveu
alguns tratados matemáticos e realizou descobertas a respeito da teoria do
retângulo dourado. Também escreveu tratados sobre figuras geométricas conhecidas
como poliedros.
Segundo pensadores
antigos, ela teria desenvolvido um trabalho matemático relevante no campo da
proporção áurea. Esses estudos influenciaram vários arquitetos e autores de
obras de artes no desenvolvimento harmônico de seus projetos ao longo da
história. Ademais, ajudou a divulgar os conhecimentos sobre o número de
ouro. Esse número, era visto pelos pitagóricos como um número místico que seria
representado através de um símbolo em formato de pentagrama. O pentágono
estrelado teria representações simbólicas na vida dos pitagóricos como o
silêncio para não revelarem os segredos da escola, a amizade como forma de
solidariedade entre eles e a comunhão tanto entre eles, bem como também, entre
a carne e o espírito. Urge dizer que ela também preservou os escritos da escola
pitagórica, contribuindo para que os ensinamentos da escola fossem divulgados e
não se perdessem no tempo. Existem relatos que afirmam que Theano teria sido
torturada, após a morte de Pitágoras, para que revelasse segredos ligados à
escola pitagórica e que ela teria resistido sem revelar seus conhecimentos,
pois os segredos aprendidos só deveriam ser revelados para pessoas iniciadas.
Filosofia Moral
Ao divulgar seus
ensinamentos, ela dizia que os saberes deveriam ir além da teoria matemática e
se direcionar também para a práxis humana. Durante sua contribuição aos estudos
da escola pitagórica, ela escreveu um tratado chamado de “sobre a piedade”,
em que relatava a responsabilidade da mulher na manutenção da ordem, da justiça
e da harmonia. Sobre a questão da vida, ela ensinava sobre a importância de
manter as tradições e os valores morais, e que no casamento era relevante que a
mulher se destacasse mais nas coisas de casa do que na atividade pública. Ela
explicava que o homem exercia um papel familiar externo a casa e a mulher
desempenhava um papel interno, nesse sentido, a mulher deveria se esforçar para
educar bem os filhos, pois seu papel interno teria mais importância na educação
familiar, e como consequência, isso afetaria toda a sociedade, desse modo, se a
mulher falhasse em seu papel, a criança poderia se tornar um estorvo social.
Nos principais ensinamentos dos valores familiares, ela explicava sobre
questões filosóficas femininas, sobre casamento, sobre ética e sexualidade. Teorizava
ideias a respeito da educação infantil, relacionando-as com os valores morais
da escola pitagórica. Chegou a ensinar para alguns médicos da época que
alguns fetos poderiam nascer de maneira prematura com apenas sete meses de
gestação.
Filosofia
Cosmológica
Escreveu uma obra
sobre a construção do universo onde ela terce um paralelo entre a criação dos
cosmos e a visão ontológica dos pitagóricos. Theano acreditava que o universo
era uma esfera fechada e finita e que os planetas giravam ao redor da Terra em
um movimento circular perfeito. Ela afirmava também que a distancia entre as
esferas celestes e o fogo central estaria na mesma proporção que os intervalos
das escalas musicais. Em um tratado a respeito da origem do cosmos, ela teria
dito que ele seria formado por várias esferas concêntricas como o Sol, a Lua,
as Estrelas, a Terra, e a Contra-Terra. Além também dos planetas
conhecidos na época como Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Em relação
às estrelas ela acreditava que elas seriam imóveis e estáticas. Durante alguns
estudos com seu mestre Pitágoras, ela teria lhe ajudado a identificar a
densidade do “éter” e a resolver vários problemas científicos.
Obras:
Sobre a piedade; Sobre
a Sabedoria; Cosmologia; Teoria dos números; Teorema da proporção áurea; A vida
de Pitágoras; Sobre a virtude; Construção do universo; Carta a Eubula; Conselhos
Femininos; Carta a Timeonide; Comentários Filosóficos.
Anedotas:
Conta-se que certo
dia um discípulo de Pitágoras que estava admirado com a beleza de Theano
questiona ao seu mestre a respeito da idade dela. Pitágoras então teria
respondido com um enigma matemático: “Theano é perfeita e a sua idade é um
número perfeito. A idade de Theano, para além de ser um número perfeito, é o
número das suas extremidades multiplicado pelo número de admiradores, que é um
número primo”.
Relata-se que ao
ensinar sobre a moralidade sexual na escola pitagórica, Theano advertia para as
discípulas que as mulheres deveriam esquecer a vergonha na hora do sexo com o
marido, despir-se da modéstia juntamente com a roupa, mas logo ao amanhecer,
quando se levantassem da cama vestissem junto com a roupa, seu pudor novamente.
Pois a mulher teria virtudes inerentes a sua condição de mulher. Quando
questionada pelos discípulos o que seriam essas qualidades femininas então, ela
respondeu: "Aquelas pelas quais me chamo de mulher.”.
Certa vez ao ser
questionada por uma aluna sobre em quantos dias à mulher se tornaria pura
novamente após ter tido relações com um homem, ela teria respondido: “Se for o
seu marido, imediatamente. Mas se for um amante estrangeiro, nunca mais!”.
Curiosidades.
As filhas de
Theano com Pitágoras seriam:
Mulheres -
(Esara, Damo, Myia e Arignote).
Homens -
(Mnesarchus, Telauges e Arimnesto).
Filosofia
Sapiencial
- "O amor é a
paixão da alma no tempo livre".
- "A beleza
vem da moderação e isso é atributo das mulheres nobres".
- "O número é
o princípio da realidade e o princípio da individualidade".
- “É melhor
confiar em um cavalo desenfreado do que em uma mulher tola”.
- “Não eram os
números, mas a ordem dos números, o que governa o universo”.
- "A mulher
que vai para a cama com um homem deve adiar a modéstia com a saia e colocá-la
novamente com a mesma roupa".
- "Daquilo
que for ser dito, pense antes de falar, o que não é bonito dizer é porque é
constrangedor, então não fale, fique quieto. E o que não é bom falar é porque é
vergonhoso, então, cale-se!”.
- "Bem, a vida
seria realmente uma festa para os ímpios que cometeram iniquidades. Depois de
morrer, se a alma não fosse imortal, a morte seria um achado feliz".
- “Ouvi dizer que os gregos pensavam que Pitágoras havia dito que tudo havia sido gerado pelo número. Mas essa afirmação nos perturba: como podemos imaginar coisas que não existem e que podem gerar? Ele disse que não todas as coisas nasceram do número, mas que tudo foi formado de acordo com o número, já que a ordem essencial reside no número, e as mesmas coisas podem ser nomeadas primeiras, segundo e assim por diante, somente quando elas participam desta ordem".
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