terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Arquitas de Tarento

Arquitas de Tarento – (428 a 347) a.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo pitagórico da Grécia antiga que se destacou na área da Matemática. Também estudou as áreas da Astronomia, Música, Física e Política. Atuou como estrategista militar e contribuiu muito com o desenvolvimento da mecânica científica. Arquitas, mesmo sendo pitagórico, esquivou-se um pouco dos conceitos místicos desenvolvidos por essa escola de pensamento. Os cidadãos de seu tempo o viam como um homem de bom espírito, que estava sempre criando brinquedos para as crianças e disposto a ajudar os escravos. Exerceu o cargo de governador da cidade de Tarento, tendo sido eleito por várias vezes devido sua boa administração. Acredita-se que ele exerceu grande influência nas ideias da filosofia política de Platão, pois Arquitas foi um grande amigo de Platão, tendo inclusive, segundo alguns historiadores, ajudado a salvá-lo de um tirano chamado Dionísio que queria matá-lo. Além disso, teria sido discípulo de Filolau de Crotona e mestre de Eudoxo de Cnido. Também influenciou o renomado matemático Euclides de Alexandria. Arquitas nasceu na cidade de Tarento por volta de 428 a.C e faleceu em um naufrágio na costa do sul da Itália, aproximadamente no ano de 347 a.C. Recebeu em sua homenagem o nome de uma das crateras da Lua.

Filosofia da Matemática

Para Arquitas, seria através da matemática que o homem poderia encontrar explicações para todas as coisas da natureza. A beleza do universo e a verdade das coisas estariam simbolizadas na compreensão da “harmonia matemática”. Na área da matemática, ele foi considerado o primeiro estudioso a utilizar o cubo no estudo da geometria. A famosa “curva de Arquitas” foi assim chamada por explicar o problema a respeito da duplicação de cubos. Nessa explanação, Arquitas desenvolveu uma possível solução utilizando elementos da mecânica junto com elementos da geometria. Ele produziu importantes estudos sobre os sólidos geométricos e sobre geometria analítica. Criou teorias sobre: as proporções, as médias harmônicas e as médias aritméticas. Muitas de suas obras foram perdidas no tempo, porém algumas dessas obras sobre mecânica, as quais foram descobertas posteriormente com o passar dos anos, teriam sido produzidas por ele.

Relata-se na história da matemática que a possível invenção do número “um” tenha sido de sua autoria. Nessa época, os matemáticos trabalhavam com a ideia de que o número “um” não seria propriamente um número em si, pois este seria apenas a representação da existência de algo único, nesse sentido, somente a partir do número “dois” é que se daria a ideia de quantidade representada por números. Desse modo, Arquitas começou a desenvolver seus estudos e colocar o número “um” como sendo um número igual aos outros, representando também a noção de quantidade.

Filosofia Tecnológica

Ele construiu em sua época um protótipo de objeto voador artificial, esse protótipo era propulsado por um jato a vapor que chegou a voar apenas alguns metros e dizem que posteriormente virou um tipo de brinquedo para crianças, chamado de “o pombo”, pois esse modelo tinha um formato parecido com um pássaro. Criou outros objetos voadores que também eram usados como brinquedos pelas crianças, as famosas pipas e papagaios, que eram suspensas no ar através de fios, cordas ou linhas.  Foi considerado como tendo sido o inventor do parafuso, daí muitos historiadores o chamam de “o pai do parafuso”. Dizem que desenvolveu o parafuso para ser utilizado em prensas de extração e produção de vinho, bem como também na produção do azeite de oliva. Construiu uma teoria física sobre os sons musicais e inventou dois instrumentos musicais parecidos com o chocalho e com a matraca. Por ter relacionado à geometria com a mecânica, e ter inventado muitos objetos úteis, fazendo relação dos saberes teóricos com a prática, Arquitas vai ser considerado também como sendo o pai da engenharia mecânica.

Filosofia da Educação 

Devido a tantos fatos notórios, ele foi reconhecido como sendo um dos grandes ilustres pitagóricos. Segundos fontes históricas, Arquitas organizou métodos de ensino didáticos para obtenção das raízes quadradas. Além disso, conseguiu dividir a matemática em quatro disciplinas consideradas técnicas, descritas como aritmética, geometria, acústica e a astronomia. Ele utilizou a matemática como um grande instrumento de desenvolvimento da área da Educação, pois aperfeiçoou um método de ensino e aprendizagem ao qual denominou de “quadrivium matemático” em que definia os ramos de estudos como sendo a aritmética (números em repouso), a geometria (grandezas em repouso), a música (números em movimento) e a astronomia (grandezas em movimento). Esses conceitos juntamente com o “trivium” que seriam a gramática, a retórica e a dialética foram consideradas por muito tempo como sendo as sete principais artes liberais.

Obras 

- Harmonia

- Diatribes

- Trabalhos mecânicos

- Ciências Matemáticas

Filosofia Sapiencial

- “Existem três proporções na Música: a aritmética, a geométrica e a contraposta, assim chamada harmonia”.

- “Se eu estivesse no extremo, quero dizer aquele com o céu e aquele com estrelas fixas, eu poderia estender minha mão ou meu bastão ou não?”

- “Geometria, Aritmética e Música parecem ser ciências irmanadas, pois se ocupam das duas formas primeiras e emparelhadas dos seres: número e grandeza”.

- “As leis não escritas dos deuses foram promulgadas contra costumes depravados, infligindo um destino severo e penalidade aos desobedientes; E estas leis não escritas são as origens daquelas que estão escritas, e dos dogmas estabelecidos pelos homens”.

- “Excelentes conhecimentos, parece-me terem adquirido os matemáticos, não sendo estranho que pensem corretamente sobre as propriedades das coisas particulares. Pois tendo adquirido belos conhecimentos sobre a natureza do todo, naturalmente podiam atingir uma bela visão também das coisas particulares”.

- “Deve-se, ou aprendendo de outro, ou por investigação própria, tornar-se conhecedor do que não se conhece. O que é aprendido, pois, vem de “um outro” e por auxílio alheio; o que é investigado vem da própria pessoa e por auxílio próprio; encontrar sem procurar é difícil e raro, mas, procurando, é acessível e fácil; se não se tem conhecimento é impossível procurar”.

- “Quando se consegue encontrar a razão, esta aumenta a concórdia fazendo cessar a rebelião. Pela razão, poderemos nos reconciliar. Já não há lugar para a competição, pois reina a igualdade. Por seu intermédio podemos reconciliar-nos com nossas obrigações. Devido a ela, recebem os pobres dos poderosos e os ricos dão aos necessitados, pois ambos confiam em possuir mais tarde com igualdade. Regra e obstáculo dos injustos faz desistir os que sabem raciocinar, antes de cometerem injustiça, convencendo-os de que não podem permanecer neutros quando voltarem ao mesmo lugar; aos que não compreendem, revela-lhes a sua injustiça, impedindo-os de cometê-la”.

Fontes:

BORNHEIM, Gerd. Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.

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CAJORI, Florian. A History of Mathematics. USA: Project Gutenberg. 2010.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. Vol. 2. São Paulo. Companhia das letras. 2010.

CIVITA, Victor. Pré-Socráticos: Os pensadores. São Paulo. Nova Cultura LTDA. 1996.

FONSECA, Isis Borges Belchior. Arquitas de Tarento: Os pré-socraticos. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

HAMLYN, David. Uma história da filosofia ocidental. Rio de Janeiro. Jorge Zahar. 1990.

HOBUSS, João. Introdução à história da filosofia antiga. Pelotas. Dissertatio Filosofia. 2014.

HUFMANN, Carl. A história do pitagorismo. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

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LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e Doutrinas dos filósofos ilustres. 2ª ed. Brasília. UnB. 2008.

PIZZINGA, Rodolfo Domêncio. Fragmentos de Arquitas de Tarento. Livros Digitais: Site Pax Pronfundis. Rio de Janeiro. 2019.

REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. 3ª ed. Vol.1. São Paulo: Paulus.1990.

RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Trad. Fortes. São Paulo: Círculo do Livro, 1987.

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