Ferécides de Siro – (600 a 520) a.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Foi um filósofo
pré-socrático da Grécia antiga pertencente à classe dos filósofos hiperbóreos. O
filósofo Aristóteles afirmava que ele misturava conceitos teológicos,
mitológicos e filosóficos em suas obras. Foi discípulo de Pítaco um general
militar considerado sábio e é juntamente com ele visto como um dos sete sábios
da Grécia antiga. Nasceu aproximadamente em 600 a.C na ilha de Siros e veio a
falecer por volta de 520 a.C. Provavelmente tenha criado um relógio de sol
chamado de “heliotropion”. Escreveu uma obra nomeada de “as
cinco cavernas” que também é intitulada de "Pentemychos". A
obra também pode ter recebido o título de as sete cavernas ou "Heptamychos". As
chamadas “grutas” descritas por ele eram princípios de formação do
cosmos. Nas suas obras ele descreve conceitos sobre a origem do mundo e do
universo, elas transcorrem sobre questões ligadas a natureza e a origem dos
deuses. Sua obra é interpretada como sendo de caráter teocosmogônico, alguns
historiadores atribuem a ele o fato de ter sido o primeiro pensador
teogosmogônico da Grécia a escrever suas ideias em formato de prosa. Ferécides
costumava lecionar em uma gruta onde é atualmente um ponto turístico local, ela
é denominada de “A Caverna de Ferécides”. Os aprendizados de Ferécides foram
conquistados através de livros secretos que ele possivelmente teria adquirido
com os fenícios. Ele também teve contato com os pensadores da escola de Mileto,
tendo inclusive escrito uma carta para o Tales de Mileto, descrevendo sobre sua
doença e explicando que seus ensinamentos eram realizados através de enigmas.
Esse método de ensino por enigmas também foi bastante utilizado pelos
pitagóricos. Alguns pensadores afirmam que ele foi um dos mestres de Pitágoras
e que possivelmente foi o criador da doutrina da metempsicose, influenciando
assim os pitagóricos nos conhecimentos sobre a transmigração da alma.
Filosofia
Mitológica
Seus pensamentos
foram influenciados pelo saber mitológico da Grécia antiga, dessa forma, sua
Teogonia é vista por muitos pensadores como uma espécie de transição do pensamento
mítico da época de Hesíodo para um pensamento um pouco mais racional
relacionado com sua época, pois ele teria vivido próximo ao período de surgimento
da filosofia grega. Ferécides também escreveu um mito sobre Ofíon, onde ele
revela, nessa ficção, que Ofíon governou o mundo juntamente como sua esposa
Eurínome e que eles foram lançados ao mar depois de serem derrotados por “Cronos
e Reia”. Segundo suas ideias, “Cronos” simbolizava as forças
organizadoras do universo, dessa forma, “Cronos” precisaria vencer as
forças do “Caos” para estabelecer a ordem no universo.
Em relação à alma,
Ferécides acreditava que ela seria eterna, dessa forma, ele possivelmente tenha
sido um dos primeiros gregos a teorizar sobre a imortalidade da alma. Dizia que
o ser humano possuía uma parte divina e outra terrena. Como o próprio Ferécides
teria provavelmente relatado em uma carta ao Tales, alguns de seus pensamentos
eram simbolizados por enigmas, daí algumas terminologias usadas por ele teriam
relação com sentidos obscuros ou simbólicos. Nesse contexto, por exemplo, a
palavra “gruta” poderia ser descrita simbolicamente como sendo a
representação da entrada e saída da alma do mundo dos vivos. Ele também
afirmava que seria na alma que estaria o atributo do conhecimento. A palavra “gruta”
em sua obra também pode ser compreendida como sendo: “recessos,
cavernas, mundos, esconderijos, recantos, fendas, abismos, esferas, portais, reinos
ou santuários”. Nesse sentido, acredita-se que essa palavra era usada de
forma metafórica, pois se supõe que Ferécides ensinava sua filosofia por meio
de representações míticas.
Filosofia
Cosmológica
Em sua obra ele
descreve que existiam cinco elementos principais que deram origem ao mundo,
esses princípios eram chamados por ele de “grutas”, isto é, o mesmo que
a materialização do cosmos. Esses elementos seriam: “Cronos, Ctónia,
Fogo, Ar e Água”. Outras fontes apontam para a possibilidade de serem sete
princípios ao invés de cinco: (Cronos, Ctónia, Ar, Água, Sol, Estrelas e
Lua). Porém ele acreditava que apenas “Zeus (pai dos deuses e do Céu),
Ctónia (pai da terra e da natureza) e Cronos (pai do tempo espaço)” eram os
três princípios com características divinais, dessa forma, ele afirmava que “Cronos
(o que governa o tempo)” teve pequenas sementes que foram originando outros elementos
ao qual chamou de “descendentes”. Para ele, esses três primeiros princípios
divinos seriam as forças criadoras do universo, daí esses princípios seriam: “Zeus”
que também era definido como princípio ativo, depois “Ctónia” que seria
um princípio passivo, e por fim “Cronos” que seria o tempo, nesse
sentido, ele descrevia que este último regulava a atuação do princípio ativo
(Zeus) sobre o passivo (Ctónia), e assim então, originavam-se os outros
princípios. Na sua visão, haveria uma coexistência de princípios contrários.
Ele definia que “Zeus e Ctónia” possuíam características imutáveis, por isso
seriam eternos, já os outros eram princípios transitórios, daí poderiam ser
limitados. Cronos seria uma espécie de “tempo e espaço” que poderia ser
traduzido como a “dimensão” onde tudo foi criado. Alguns mitólogos apontam o
conceito de Ctónia para a ideia de “Caos primordial”.
Anedotas:
Alguns relatos sobre adivinhações são atribuídos a ele, conta-se que certa vez ao caminhar pela praia ele viu um navio indo em direção contrária aos ventos e previu que em pouco tempo o navio iria afundar, pouco tempo depois, antes ainda de terminar sua caminhada pela praia, o navio teria realmente afundado diante dos olhos das pessoas que caminhavam com ele. Em outra situação de acordo com alguns historiadores antigos, ao beber água de um poço ele teve uma premonição que após três dias aconteceria um terremoto naquele local, o que de fato realmente ocorreu.
Sua morte é
descrita de várias formas, relata-se que estando ele em uma estrada de terra
numa época de guerra entre a cidade de Éfeso e Magnésia, ele teria encontrado
um viajante e perguntado de onde ele estava vindo, e que após o mesmo responder
que vinha da cidade de Éfeso, Ferécides então solicitou ao viajante que o
fizesse de prisioneiro e o arrastasse amarrado até a cidade de Magnésia, e em
seguida informasse aos cidadãos de Éfeso que depois da vitória na guerra eles
procurassem seu corpo para ser sepultado. Este relato descrito objetivava
narrar sua previsão sobre quem ganharia a guerra.
Já em outra versão
os historiadores narram que ele teria morrido de uma infecção causada por um
tipo de verminose, e que antes de morrer ele teria recebido a visita do
filósofo Pitágoras o qual teria lhe perguntado como ele estava, e Ferécides
teria colocado o dedo por uma fresta da porta e dito a seguinte frase “Meu
dedo mostra”, essa frase ficou famosa na época e passou a ser utilizada
posteriormente como sinônimo de: “Estou piorando”. Alguns relatos
antigos falam que Pitágoras chegou a cuidar de Ferécides até a sua morte, tendo
inclusive realizado o seu sepultamento.
Comentários de
Filósofos:
- “Um filósofo
misto, aquele que faz filosofia através de uma linguagem mítica, um misto de
filósofo, mitógrafo e teólogo. Que nomeiam o primeiro gerador como o supremo
bem”. (Aristóteles).
- “O primeiro a
escrever aos helenos a respeito da natureza e da origem dos deuses” (Teopompo).
- “Eu sei que
você, Ferécides, primeiro dos íons, fará publicamente seus tratados sobre
coisas divinas entre os gregos”. (Tales de Mileto).
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