Metrodoro de Quíos
- (440 a 370) a.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Foi um filósofo
pré-socrático da Grécia antiga que teria inicialmente pertencido à escola
atomista, mas acabou posteriormente se tornando um filósofo cético. Foi aluno
de Demócrito de Abdera, e embora tenha assimilado alguns dos conhecimentos de
seu mestre, ele teria desenvolvido algumas teorias próprias relacionadas ao
ceticismo. Suas ideias influenciaram a criação da escola cética, por isso,
exerceu grande influência nos pensamentos dos filósofos Epicuro de Samos e
Pirro de Élis. O filósofo Cícero define as ideias de Metrodoro como sendo as
bases do pensamento cético. Por ter sido influenciado pelo filósofo Demócrito e
ter uma veia cética, os pensamentos de Metrodoro foram considerados um
importante elo entre o atomismo e o ceticismo. Metrodoro foi aluno de um
importante filósofo conhecido como Nessus de Quíos. Além disso, seus conhecimentos
também sofreram influência dos pensamentos de Protágoras. Ademais, as
biografias descrevem que ele teria ensinado os filósofos Anaxarco de Abdera e o
Diógenes de Esmirna.
Alguns de seus
pensamentos são considerados avançados para a sua época. Sua filosofia cética
trabalhava temas relacionados à estética do saber e também sobre a gnosiologia.
Estudou os campos da Lógica e desenvolveu ideias sobre a Teoria do Conhecimento.
Segundo constata alguns doxógrafos, ele teria escrito tratados sobre a história
dos jônicos e a história das mulheres troianas. Escreveu uma obra intitulada
“Sobre a Natureza” da qual foram conservados poucos fragmentos. Existem outros
textos descobertos que podem ser de sua autoria, mas que ainda não foram
confirmadas por historiógrafos. Seu nome Metrodoro significava “presente de
mãe”. Nasceu em 440 a.C na localidade de Quíos e veio a falecer em 370 a.C.
Filosofia Cética
Segundo alguns pesquisadores,
o pensamento de Metrodoro seria uma versão mais radical das ideias de Sócrates,
pois ele levou ao extremo o conceito socrático do “só sei que nada sei” e
elaborou uma visão mais profunda do ceticismo. Desse modo, ele descreveu que o
homem não poderia sequer saber se sabe ou não sabe a respeito de algum saber.
Nesse sentido, ele nega a possibilidade do homem de poder conhecer a verdade,
ou seja, ao homem não seria possível alcançar o verdadeiro conhecimento por
meio do “logos” ou da razão. Sua definição cética se ancorava na
ideia de que não seria possível afirmar ou negar nada, mas apenas, abster-se do
saber. Dessa forma, ele lançou as bases do que viria a ser posteriormente
a ideia de suspenção do juízo, ideia essa que foi futuramente sistematizada por
outras correntes céticas. Nessa perspectiva, ele complementava que estando o homem
incapacitado de compreender plenamente a realidade das coisas, restava-lhe
somente a oportunidade de percepção conceitual das abstrações. Afirmava que
todas as coisas são para cada pessoa aquilo que lhe parece ser. Buscava uma
compreensão da realidade que não poderia ser decifrada de maneira clara, ou
seja, a razão seria um instrumento de compreensão do mundo e os sentidos não
eram capazes de mostrar as mesmas percepções da razão, dessa maneira, as
sensações provocariam experiências enganosas no cérebro, portanto, não seria
possível saber sobre nada e as sensações não poderiam ser colocadas como fonte
de conhecimento. Defendia que era impossível fundamentar um critério de verdade
em relação ao conhecimento. Porém, ele acreditava que o que pudesse ser pensado
poderia ser transformado em realidade, pois dentro da noção de infinito haveria
infinitas possibilidades.
Filosofia
Cosmológica
Em suas teorias
sobre o universo, ele dizia que as estrelas eram formadas pelo calor que o Sol
exercia sobre a “humidade do ar” de maneira regular e diária. Considerava que o
cosmos teria sido gerado através de uma força intelectiva que teria dado início
ao movimento e ao tempo. Acreditava na existência de infinitos mundos que eram
formados através da infinidade dos átomos e do vazio existente entre eles.
Descrevia esses conceitos entre átomo e espaço como sendo o “cheio” e o
“vazio”, desse modo, isso também poderia ser compreendido como o cheio sendo o
“ser” e o vazio o “não-ser”. Nesse sentido, o cosmos seria eterno e infinito,
essas ideias revelavam a “arché” que originava a realidade. O
átomo estaria em constante movimento com o vazio existente, então, desse
movimento se daria um processo contínuo de integração e desintegração de
infinitos mundos, isto é, formação e extinção do cosmos. Essas ideias são
influências diretas dos atomistas que lhe antecederam. Seus pensamentos
contribuíram para o desenvolvimento da astrobiologia e geraram reflexões a
respeito da vida fora da Terra. Sua visão de mundos alternativos partia do
princípio de que o vazio absoluto poderia conter realidades paralelas. Era
considerado um dos primeiros gregos da antiguidade a falar sobre a pluralidade
de mundos habitados.
Obras
- Sobre a
Natureza
- História dos
Jônios
- História das Mulheres
Filosofia
Sapiencial
- "As
sensações enganam".
- “Nem sei se nada
sei”.
- “Todas as coisas
são o que se pode pensar delas”.
- “Existe também
um tipo de prazer relacionado à tristeza”.
- “As sensações não
podem nos levar a um conhecimento legítimo”.
- "Todas as
coisas são para cada pessoa aquilo que lhe parece ser".
- "Uma única
espiga de trigo em um grande campo seria tão estranho quanto um único mundo no
espaço infinito".
- "Não sabemos
nada, nem mesmo que não sabemos nada. Nós nada sabemos, não, nem mesmo se
sabemos ou não".
- “Afirmo que não
sabemos se sabemos ou ignoramos uma coisa, ou se algo existe ou não”.
- “Nenhum dentre
nós conhece coisa alguma, e não sabemos mesmo se existe um ignorar ou um
conhecer, e mais geralmente, se existe alguma coisa ou se nada existe”.
- “Nenhum de nós
sabe de nada, nem mesmo isso, se sabemos ou não sabemos; nem sabemos o que são
'não saber' ou 'saber', nem no todo, se algo é ou não é”.
- “Digo que não
sabemos se sabemos algo ou se não sabemos nada; digo que não sabemos nem mesmo
o que é saber ou não saber; digo que não sabemos absolutamente se há algo ou se
não há nada”.
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