Ulisses Penaforte
– (1865 a 1921) d.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Raimundo Ulisses
de Albuquerque Penaforte foi um filósofo cearense
ligado a corrente de pensamento do “Positivismo Sociológico”. Laborou como
escritor, teólogo, filólogo, etnólogo, historiador e filósofo. Direcionou seus
trabalhos por várias áreas da literatura, encaminhando-se por assuntos
religiosos, filosóficos e históricos. Sua obra foi escrita em formato de
romances, ensaios, crônicas, contos, narrativas e poemas. Era considerado um
grande intelectual em seu tempo, tendo seguido também uma veia humanística.
Tido como um exímio orador do clero católico, ele ficou conhecido pelo codinome
de “O Cônego de Pennafort”. Trabalhou também como reitor de um instituto
literário chamado de “A Tuba” que ficava localizado no município de Maracanã no
Estado do Pará. Era filho do Militar Manuel Francisco Cavalcante de Albuquerque
e de Dona Generosa Cândida Brasil de Albuquerque Pennafort. Iniciou sua
formação superior no conhecido “Seminário da Prainha”, em Fortaleza, tendo
posteriormente concluído o curso de Teologia no chamado Seminário do Carmo, em
Belém. É considerado Patrono da cadeira N.° 32 da Academia Cearense de Letras e
Patrono da cadeira de número 35, da Academia de Letras do Brasil. Também foi
membro de várias associações culturais brasileiras e algumas agremiações
estrangeiras. Nasceu no município de Jardim, região do Cariri no Estado do
Ceará, em 1865 e faleceu na localidade de Tucunduba no Pará, por volta de 1921.
Existe atualmente, em sua homenagem, um município no Estado do Ceará chamado de
Penaforte.
Filosofia
Positivista
Realizou alguns trabalhos aos quais teria ensaiado uma contraposição de ideias ao filósofo Augusto Comte e ao pensador Émile Littré. Embora o positivismo de Comte tivesse como característica inicial a noção de aspectos sociais, juntamente com elementos do humanismo, Penaforte seguiu seu conceito de positivismo de forma mais fragmentária, tendendo a abordar o tema, relacionando ideias humanistas com perspectivas regionalistas, pois a influência do pensamento da igreja teria lhe direcionado para uma visão mais ortodoxa no campo teológico e para um olhar mais heterodoxo no aspecto da física social. Nesse tempo, o pensamento social no Brasil ainda não tinha ganhado uma delimitação sólida, por isso, as concepções francesas de idealização da “Religião da Humanidade”, influenciaram Penaforte e outros intelectuais brasileiros a se direcionarem para uma representação semelhante, fomentando uma conceituação análoga, denominada de “Templos da Humanidade”.
Filosofia Política
Escreveu um
periódico chamado de “O Caeteense” em que levantava questões em defesa dos
índios brasileiros e das causas abolicionistas. Debatia também a respeito dos
temas relacionados à pátria e a religião, fazendo um paralelo desses temas com
o mote da industrialização e com a literatura brasileira. Pontuava que a nação
brasileira precisava se libertar do sistema escravista para poder se integrar
com a modernidade industrial. Denunciava os abusos e maus tratos que eram
infligidos aos negros e índios. Falava que a defesa desses grupos vulneráveis
era: “um compromisso de honra tomado em face de uma nação livre e
independente”. O respeito e o humanismo caracterizado em sua obra dialogavam
com outros pontos como a questão da independência do Brasil e o movimento
civilizatório de emancipação dos negros. Segundo Penaforte, a abolição
transformaria essas sofridas classes, em um novo elemento servil que
alimentaria o processo de industrialização brasileiro. Batizou o estado do
Ceará com o título de “A Nova Canaã da Liberdade”, pois acreditava que a
libertação dos escravos daria a eles, dignidade para a alma e traria justiça
social.
Filosofia da
Educação
O positivismo
dessa época exerceu grande influência na mentalidade pedagógica do país. Nesse
sentido, o cônego defendia a racionalização da educação através de uma nova
fundamentação moral que rompesse com as antigas “pedantocracias” dos pseudo-sábios
tradicionalistas. Ele acreditava nos ideais de renovação da educação
brasileira. Era visto como um grande estudioso que transitava seu pensamento
por um viés indianista, pontuando as características da brasilidade, do
nacionalismo e do patriotismo com o desenvolvimento do ensino no Brasil.
Abordou os aspectos teológicos da educação brasileira com o sincretismo da
cultura local e com o cientificismo social. Foi considerado por muitos como
sendo um pensador erudito que tinha um bom coração. Lutou a favor de causas
como a liberdade no ensino, à universalização do saber, a laicidade na
educação, a gratuidade do ensino e também por uma educação pública de
qualidade. Existe hoje, em sua terra natal na cidade de Jardim, uma escola
pública com o nome de Penaforte, consagrada em reconhecimento e tributo a sua forte
dedicação pela educação.
Obras:
A Filosofia Positiva; Ecos da Alma; Brasilianismo; A Igreja Católica e a Abolição; Os Retirantes; Estatutos literários, antropológicos e etnográficos do Brasil; Os Esplendores do Culto Mariano; Discurso Ontológico sobre o Apóstolo da Amazônia; Longas divagações filosóficas; Memorial sinóptico sobre o Padre Vieira; Orações Patrióticas; Mandú o Eremícola; Quadro Sinóptico dos nomes indo-brasileiros; Filologia Comparada da Língua Tupi; Discurso ontológico; Oração Fúnebre; A união; Ensaios de ciência e religião; O Brasil pré-histórico; Cenontologia; Monsenhor Pinto de Campos.
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