sexta-feira, 22 de julho de 2022

Ulisses Penaforte

Ulisses Penaforte – (1865 a 1921) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Raimundo Ulisses de Albuquerque Penaforte foi um filósofo cearense ligado a corrente de pensamento do “Positivismo Sociológico”. Laborou como escritor, teólogo, filólogo, etnólogo, historiador e filósofo. Direcionou seus trabalhos por várias áreas da literatura, encaminhando-se por assuntos religiosos, filosóficos e históricos. Sua obra foi escrita em formato de romances, ensaios, crônicas, contos, narrativas e poemas. Era considerado um grande intelectual em seu tempo, tendo seguido também uma veia humanística. Tido como um exímio orador do clero católico, ele ficou conhecido pelo codinome de “O Cônego de Pennafort”. Trabalhou também como reitor de um instituto literário chamado de “A Tuba” que ficava localizado no município de Maracanã no Estado do Pará. Era filho do Militar Manuel Francisco Cavalcante de Albuquerque e de Dona Generosa Cândida Brasil de Albuquerque Pennafort. Iniciou sua formação superior no conhecido “Seminário da Prainha”, em Fortaleza, tendo posteriormente concluído o curso de Teologia no chamado Seminário do Carmo, em Belém. É considerado Patrono da cadeira N.° 32 da Academia Cearense de Letras e Patrono da cadeira de número 35, da Academia de Letras do Brasil. Também foi membro de várias associações culturais brasileiras e algumas agremiações estrangeiras. Nasceu no município de Jardim, região do Cariri no Estado do Ceará, em 1865 e faleceu na localidade de Tucunduba no Pará, por volta de 1921. Existe atualmente, em sua homenagem, um município no Estado do Ceará chamado de Penaforte.

Filosofia Positivista

Realizou alguns trabalhos aos quais teria ensaiado uma contraposição de ideias ao filósofo Augusto Comte e ao pensador Émile Littré. Embora o positivismo de Comte tivesse como característica inicial a noção de aspectos sociais, juntamente com elementos do humanismo, Penaforte seguiu seu conceito de positivismo de forma mais fragmentária, tendendo a abordar o tema, relacionando ideias humanistas com perspectivas regionalistas, pois a influência do pensamento da igreja teria lhe direcionado para uma visão mais ortodoxa no campo teológico e para um olhar mais heterodoxo no aspecto da física social. Nesse tempo, o pensamento social no Brasil ainda não tinha ganhado uma delimitação sólida, por isso, as concepções francesas de idealização da “Religião da Humanidade”, influenciaram Penaforte e outros intelectuais brasileiros a se direcionarem para uma representação semelhante, fomentando uma conceituação análoga, denominada de “Templos da Humanidade”.

Filosofia Política

Escreveu um periódico chamado de “O Caeteense” em que levantava questões em defesa dos índios brasileiros e das causas abolicionistas. Debatia também a respeito dos temas relacionados à pátria e a religião, fazendo um paralelo desses temas com o mote da industrialização e com a literatura brasileira. Pontuava que a nação brasileira precisava se libertar do sistema escravista para poder se integrar com a modernidade industrial. Denunciava os abusos e maus tratos que eram infligidos aos negros e índios. Falava que a defesa desses grupos vulneráveis era: “um compromisso de honra tomado em face de uma nação livre e independente”. O respeito e o humanismo caracterizado em sua obra dialogavam com outros pontos como a questão da independência do Brasil e o movimento civilizatório de emancipação dos negros. Segundo Penaforte, a abolição transformaria essas sofridas classes, em um novo elemento servil que alimentaria o processo de industrialização brasileiro. Batizou o estado do Ceará com o título de “A Nova Canaã da Liberdade”, pois acreditava que a libertação dos escravos daria a eles, dignidade para a alma e traria justiça social. 

Filosofia da Educação

O positivismo dessa época exerceu grande influência na mentalidade pedagógica do país. Nesse sentido, o cônego defendia a racionalização da educação através de uma nova fundamentação moral que rompesse com as antigas “pedantocracias” dos pseudo-sábios tradicionalistas.  Ele acreditava nos ideais de renovação da educação brasileira. Era visto como um grande estudioso que transitava seu pensamento por um viés indianista, pontuando as características da brasilidade, do nacionalismo e do patriotismo com o desenvolvimento do ensino no Brasil. Abordou os aspectos teológicos da educação brasileira com o sincretismo da cultura local e com o cientificismo social. Foi considerado por muitos como sendo um pensador erudito que tinha um bom coração. Lutou a favor de causas como a liberdade no ensino, à universalização do saber, a laicidade na educação, a gratuidade do ensino e também por uma educação pública de qualidade. Existe hoje, em sua terra natal na cidade de Jardim, uma escola pública com o nome de Penaforte, consagrada em reconhecimento e tributo a sua forte dedicação pela educação. 

Obras:

A Filosofia Positiva; Ecos da Alma; Brasilianismo; A Igreja Católica e a Abolição; Os Retirantes; Estatutos literários, antropológicos e etnográficos do Brasil; Os Esplendores do Culto Mariano; Discurso Ontológico sobre o Apóstolo da Amazônia; Longas divagações filosóficas; Memorial sinóptico sobre o Padre Vieira; Orações Patrióticas; Mandú o Eremícola; Quadro Sinóptico dos nomes indo-brasileiros; Filologia Comparada da Língua Tupi; Discurso ontológico; Oração Fúnebre; A união; Ensaios de ciência e religião; O Brasil pré-histórico; Cenontologia; Monsenhor Pinto de Campos.

Fontes:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ACL. Pesquisa Histórica. Ulisses Penaforte. Site: Academia Cearense de Letras. Fortaleza: Copyright, acesso em 2022.

AMORA, Manoel Albano. Academia Cearense de Letras: Síntese Histórica. Fortaleza: Revista da academia Cearense de Letras, 1894-1954.

BARREIRA, Dolor. História da Literatura Cearense. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1951.

BLPL. Cônego Ulisses de Penaforte. Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos, Florianópolis: UFSC, 2021.

COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2001.

FIGUEREDO, José Alves. História do Cariri. Crato: Faculdade de Filosofia do Crato, 1968.  

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. História: Penaforte Ceará. Site: IBGE. Brasília: Internet, acesso 2022.

JAIME. Jorge. História da Filosofia no Brasil. Vol. 1. Petrópolis: Vozes, 1997.

LIMA, Francisco Augusto de Araújo. Genealogia do clero católico no Ceará. Site: Famílias Cearenses. Internet: Acesso, 2022.

LINS, Ivan. História do Positivismo no Brasil. Rio Branco: Companhia Nacional, 1926.

SACRAMENTO, Blake. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902. 

SOUSA, Leiliane dos Santos Bulhões. Transcrição do documento Periódico: o Caeteense. Bragança: Biblioteca Pública do Pará, 1888.

WEYL, Francisco. Cônego Pennafort: Diálogo entre acadêmicos e literatos de Bragança do Pará. Site: Academia de Letras do Brasil. Bragança: Ascom - ALB, 2021.


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