sábado, 29 de outubro de 2022

Thómaz Pompeu

Thómaz Pompeu - (1818 a 1877) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Thómaz Pompeu de Sousa Brasil foi um filósofo cearense ligado a corrente de pensamento da filosofia naturalista. Estudou as áreas de História, Filosofia, Teologia, Economia, Direito e Estatística, especializando-se mais propriamente na área de Geografia. Iniciou seus estudos em Sobral e posteriormente foi para Recife onde cursou Teologia e bacharelou-se em Direito. Desempenhou grandes trabalhos no campo político, tendo contribuído muito com o desenvolvimento das estradas de ferro do Ceará. Ficou conhecido pelo codinome de “Senador Pompeu”. Fez parte de várias agremiações científicas, filosóficas e filantrópicas. Laborou como professor, escritor e político. Professorou as disciplinas de História e Geografia. Desempenhou um importante papel na educação cearense, sendo considerado um dos fundadores do famoso “Liceu do Ceará”, bem como também, seu primeiro diretor. Era filho do senhor Thomaz Aquino de Sousa com a senhora Jeracina Isabel de Sousa. Foi pai de outro grande intelectual cearense, que levou seu mesmo nome, chamado Tomás Pompeu de Souza Brasil (1852-1929). Nasceu em Santa Quitéria, no ano de 1818 e faleceu em Fortaleza, no ano de 1877, vitimado por uma doença respiratória. Existe hoje com seu nome, em sua homenagem, um munícipio no estado do Ceará chamado de Senador Pompeu.

Filosofia Política

No seminário de Olinda teve seus primeiros contatos com as teorias liberais, depois consolidou esses ideais na faculdade de Direito. Retornou ao Ceará onde se tornou um dos chefes do partido liberal cearense. Começou, então, a escrever para periódicos cearenses e ingressou na carreira política. Passou a defender as bandeiras do progressismo e do modernismo no Ceará. Contribuiu para a fundação do Liceu do Ceará que passou a servir como um marco civilizatório para a província. Utilizou-se da educação como uma ferramenta de desenvolvimento para o Ceará e como um instrumento de articulação política. Com isso, Pompeu desempenhou uma forte influência no cenário político e administrativo do Ceará, tendo sido, em sua época, um forte impulsionador do desenvolvimento econômico do Ceará. Nesse ínterim, ajudou na criação da Diocese do Ceará que funcionou como novo símbolo do projeto progressista do Estado. Realizou importantes estudos relacionados à seca e ao clima dos sertões, nesse contexto, suas obras ganharam grande notoriedade no cenário político e social do Brasil. Desenvolveu sistemas de preservação da natureza em que mostrava como utilizar os recursos da água e dos vegetais de maneira efetiva, desse modo, seus projetos foram importantes mecanismos de construção da nação brasileira.   

Filosofia Naturalista

Seus estudos na área da Geografia possibilitaram uma visão diferenciada sobre algumas questões de sua época. Acreditava que a saída mais eficiente para o progressismo brasileiro seria a conscientização da sociedade para os problemas relacionados à natureza. Dessa maneira, o homem deveria aprender a como se relacionar com o mundo natural. Segundo suas ideias, a natureza teria uma função social, por isso ela deveria ser utilizada de forma a ser preservada, sem com isso, atravancar a corrida pela modernidade. Ele teria implementado um sistema de arborização nos sertões semiáridos do Brasil com a finalidade de amenizar os problemas causados pelas mudanças climáticas. Arquitetou a construção de alguns açudes com objetivo de atenuar os problemas ligados à seca. Publicou ensaios importantes a respeito dos efeitos do clima, articulando grandes debates entre o universo acadêmico e a população dos sertões. Ressaltando estudos sobre a salubridade climática que contribuíram com o desenvolvimento da saúde pública. Apresentou medidas de utilização dos recursos naturais de maneira racional. Relacionou pesquisas da área de História e Geografia com conhecimentos ligados as Ciências da Natureza, sistematizando na educação brasileira os saberes biofísicos e ecológicos.

Filosofia Sapiencial

- “O vale do Cariri é como um oásis encravado no deserto”.

- “O dinheiro, como qualquer mercadoria, se oferece onde a procura se faz sentir”.

- “Ao capitalista falta a certeza do reembolso das quantias emprestadas á lavoura”.

- “É imprudência do governo não aproveitar o serviço dos retirantes, preferindo, dar esmola ao povo, em lugar de serviço e salário”.

- “Por toda parte a indústria se aparelha com todas as armas fornecidas pela ciência para não sucumbir na luta pela concorrência”.

- “Quando o capitalista encontra colocação segura e rendosa para suas economias, não vai as dissipar ou empregar algures por satisfazer a intuitos do puro patriotismo”.

- “Por vezes temos chamado a atenção dos habitantes desta província, e dos poderes públicos para os terríveis efeitos da devastação de nossas matas, que a ignorância, e, sobretudo o egoísmo, e indiferença para com as gerações futuras vão todos os dias reduzindo e quase aniquilando”.

- “Ao melhoramento da agricultura deve suceder o das vias de comunicação. Abrir estradas e deixar a agricultura abandonada – é um erro. Não é por falta de estradas que o povo morre de fome em alguns pontos da Bahia e nos sertões de Pernambuco: não é por falta de estradas que a agricultura definha no litoral do Império, nas vizinhanças da Corte! Não: é pela imprevidência, é pelo atraso, em que nos achamos. Hoje as nossas colheitas chegam apenas para um ano e si o inverno não vem no tempo próprio, si aparece uma epidemia, ou outra qualquer causa que paralise temporariamente o trabalho, eis a fome, eis a miséria, eis a ruína. Como diz o ilustre Dr. Capanema, as nossas estradas de ferro, no estado em que nos achamos, em vez de melhorar, arruínam cada vez mais a lavoura do país. (...) E porque isso acontece? Porque as estradas de ferro tão úteis em outros países, serão entre nós elementos de ruina? A razão está no atraso da agricultura, e, em quanto ela não for melhorada, as estradas servirão muito pouco”.

Curiosidades:

Segundo alguns pesquisadores, a “companhia cearense da via-férrea de Baturité” foi criada em 1870 por um grupo de empresários cearenses, tendo à frente o “Senador Pompeu”. Em seu ensaio estatístico sobre a província do Ceará, de 1863, Pompeu destacava que:

Fortaleza possuía então oito longas ruas muito direitas, espaçosas e calçadas que contavam com 960 casas de tijolo alinhadas, das quais cerca de 80 eram sobrados. Fora do alinhamento, a cidade contava com mais de 7.200 casas de palha. Fortaleza tinha oito praças, das quais três eram "plantadas de arvoredo" e com cacimbas públicas. Os edifícios mais notáveis eram: o palácio do governo, a Santa Casa de Misericórdia, o paço municipal, a catedral, a alfândega, a cadeia, os dois quartéis militares, a casa dos educandos artífices, o armazém da pólvora e o cemitério. O porto local era formado por um arrecife que "vai areando consideravelmente", com uma ponte ou trapiche de desembarque, e na ponta do Mucuripe, um farol de luz fixa. (Pompeu, 1997).

Obras:

Memórias sobre a Estatística da População da Província do Ceará; Memória sobre conservação das matas, e arboricultura como meio de melhorar o clima da província do Ceará; População da Província do Ceará; Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará. Rio de Janeiro; Compendio Elementar de Geografia Geral e Especial do Brasil; Elementos de Geografia; Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará; Memória sobre Clima e Secas do Ceará; Ensaios Estatísticos da Província do Ceará; Sistemas Orográfico e Hidrográfico do Ceará; Princípios Elementares de Cronologia; Compêndio Elementar de Geografia.

Filhos:

Tomás Pompeu de Souza Brasil; Hildebrando Pompeu de Souza Brasil; Antônio Pompeu de Souza Brasil e Maria Teresa de Souza.

Fontes:

ALVES, Joaquim. História das Secas (Século XVII a XIX). Col. Mossoroense. Mossoró: Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Farias, 2018.

BARREIRA, Dolor. História do Ceará. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1986.

BARROSO, José Parsifal. Discurso do centenário de Morte do Senador Pompeu. Revista do Instituto do Ceará. Vol. 97. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1977.  

BASTOS, Jose Romário Rodrigues. Natureza, tempo e técnica: Thomaz Pompeu de Sousa Brasil e o século XIX. Dissertação de Mestrado.  Fortaleza: UFC, 2013.

COSTA, Maria Clélia Lustosa. Teorias médicas e gestão urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza. Revista História, Ciência e Saúde de Manguinhos. Rio de Janeiro: Fundação Osvaldo Cruz, 2004.

CUNHA, George Henrique de Moura. O algodão na economia da província do Ceará durante o século XIX: Algumas considerações sobre sua importância. Revista de Desenvolvimento Econômico. Salvador: RDE, 2020.

GUTIÉRREZ, Ângela. A eterna menina e o diálogo em dia de festa: plenitude de vida em mundos revisitados. Revista Entrevista. Fortaleza: UFC, 2008.

NETO, Manoel Fernandes de Sousa. Senador Pompeu: um geógrafo do poder no Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Geografia. São Paulo: USP, 1997.

PÁDUA, José Augusto. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista, 1786-1888. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

PAIVA, Melquíades Pinto. Os naturalistas e o Ceará. Fortaleza: Instituto do Ceará, 2002.

POMPEU, Thomáz. Ensaio estatístico da província do Ceará: 1863 Fortaleza: Fundação Waldemar de Alcântara, 1997.

_________________  Juízo Histórico do Senador Pompeu sobre Fatos do Ceará. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza: Revista Trimensal, 1895.

QUITÉRIA, Macedo. O Clã de Santa Quitéria. Rio de Janeiro: Renes, 1967.

STUDART, Guilherme. Geografia do Ceará. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1924.

THEÓPHILO, Rodolpho. História da seca do Ceará, 1878-1880. Rio de Janeiro: Imprensa Inglesa, 1922.


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Sócrates de Atenas

Sócrates de Atenas - (470 a 399) a.C 

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo da antiguidade grega pertencente ao período clássico. Seu sistema de pensamento era chamado de filosofia socrática. A tradição filosófica o coloca, em seu tempo, como sendo um divisor do marco histórico da filosofia. Figurou na chamada fase antropológica da filosofia antiga, dessa forma, era tido juntamente com Platão e Aristóteles como sendo os principais representantes dessa fase. A filosofia socrática passou a ocupar-se por questões humanas ligadas a ética na vida pública. Desse modo, Sócrates formulou questionamentos morais sobre: O que é a verdade? O que é o bem? O que é a justiça? Nesse sentido, seu sistema de pensamento se direcionava para um olhar filosófico em relação ao interior do ser humano. Sócrates não deixou nada escrito, tendo seus conhecimentos sido divulgados por seus discípulos, principalmente por Platão e Xenofonte. Laborou como artesão, político, militar e filósofo. Chegou a lutar na guerra do Peloponeso. O nome Sócrates no grego antigo significava: “poder intacto”. Ele teria recebido pelos seus concidadãos o codinome de: “a mosca de Atenas”, por conta de suas fortes críticas políticas e argumentações aos sofistas. Nasceu na cidade de Atenas por volta de 470 a.C e faleceu na mesma cidade em 399 a.C aos 71 anos de idade, vitimado por envenenamento.

Filosofia Socrática

Seu pai era um escultor e sua mãe era uma parteira. Nesse contexto, inspirado no trabalho de sua mãe e de seu pai, Sócrates desenvolveu um método chamado de “maiêutica” em que descreve a ideia de que o homem deveria parir o conhecimento dentro de si, ou seja, dar a luz ao saber. O método se inicia com a “refutação”, posto que, ele inicia um diálogo conduzindo o interlocutor a perceber sua própria ignorância. A partir daí, Sócrates dá início a fase da “dialética socrática”, uma vez que, ele encaminha o interlocutor a citar exemplos a respeito do debate. Após a segunda fase, Sócrates tenta mostrar os pontos comuns que existem nos exemplos citados, a fim de levar o ouvinte a se libertar da ignorância e encontrar a verdade dentro de si mesmo. Ele dividia o problema discutido em questões menores, levando o interlocutor a observar o problema por outros prismas, diversificando as várias possibilidades e propondo indiretamente as soluções. Nessa perspectiva, o homem deveria se libertar de falsas crenças e preconceitos, encaminhando-se para a virtude do saber. Ele teria que lapidar os mármores da sua ignorância, para com isso, esculpir novos outros saberes. Sendo assim, o aprendiz, passaria, então, a construir argumentos mais sólidos, isto é, conhecimentos com mais substância e propriedade, tornando-se um indivíduo mais autêntico, ou seja, aquilo que o poeta Píndaro ensinava dizendo: “homem, torna-te quem tu és”.

Filosofia do Conhecimento

Ficou afamado na filosofia pela célebre frase: “só sei que nada sei” em que dissertava que o reconhecimento da ignorância seria o princípio da sabedoria. Dessa maneira, Sócrates pontuava que o homem ao ter consciência de que nada sabe, passava, então, a desejar a busca pelo saber, porém quando ele acreditava que já sabia de algo, acomodava-se e ficava estagnado na busca por conhecimento. Utilizava-se da ironia como forma de mostrar aos seus opositores que seus argumentos estavam equivocados. Assim sendo, ele demonstrava primeiramente ao seu interlocutor que suas certezas possuíam fragilidades e espaços infundados. Respondia as perguntas com outras perguntas que faziam seus discípulos encontrarem as respostas que buscavam. Ele passava muitas horas refletindo e meditando sobre as grandes questões da vida. De acordo com Aristóteles, Sócrates procurou encontrar soluções universais para os problemas morais, com isso, ele teria contribuído com o desenvolvimento da teoria do conhecimento.

Filosofia da Educação

Influenciado pela conhecida frase: “conhece-te a ti mesmo”, a qual era ensinada pelos oráculos, Sócrates instruía os jovens sobre a importância do autoconhecimento. Explicava que essa busca era necessária para se chegar a uma vida plena e autêntica. Segundo Sócrates, qualquer conhecimento sobre o mundo requer primeiro, a busca por conhecer a si mesmo. Sócrates acreditava na imortalidade da alma, daí ele exemplificava que o homem seria a sua própria alma, isto é, sua consciência que era traduzida também em uma razão lógica. Essa razão era responsável por moldar a personalidade intelectual e moral do homem. Por isso, ao homem caberia cuidar menos do corpo e mais da alma. Nesse sentido, os educadores deveriam ensinar aos homens a melhor forma de cuidar da própria alma, ensinando sobre a virtude e os valores morais. Com isso, o homem passaria a se desprender dos bens materiais que era comum na época, como a busca por riquezas e por corpos estéticos, pois segundo Sócrates, o corpo seria um instrumento da alma para buscar a verdadeira sabedoria. Dizia que: "a palavra é o fio de ouro do pensamento". Desse modo, o educador deveria utilizar a palavra como principal meio de compreensão dos fenômenos da natureza e do ser humano, fazendo uma relação desses saberes, buscando ensinar a essência da natureza da alma humana.

Filosofia Política

Cícero relata que Sócrates costumava responder a quem lhe perguntava qual era a sua pátria, dizendo: “minha pátria é a terra inteira”, querendo, com isso, dar a entender que se considerava cidadão do mundo. Sócrates foi um forte crítico da democracia grega, pois achava que a “polis” grega deveria ser governada por aqueles que detinham o conhecimento, isto é, uma espécie de “aristocracia dos sábios”. O filósofo não era a favor da democracia grega da forma como era praticada em Atenas. Defendia que a república deveria ser governada por filósofos, pois acreditava que os filósofos eram os cidadãos mais capazes de compreender os problemas complexos da cidade, ele também pregava a ideia de justiça social. Segundo os historiadores, Sócrates teria despertado a ira e a inveja da classe política de seu tempo. Por consequência disso, seus questionamentos filosóficos resultaram em perseguição, culminando em sua condenação a morte, sua pena teria sido a ingestão de um veneno chamado de cicuta. Ele teria sido acusado de “não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude”. De acordo com alguns pensadores, Sócrates foi condenado à morte por se manter fiel aos próprios pensamentos. No seu discurso de defesa, ele teria rebatido as acusações e demostrado aos caluniadores as contradições que havia nas suas imputações. Mesmo assim, devido a questões pessoais e políticas, ele teria sido injustamente sentenciado à morte. Suas palavras finais foram:

“Vós também, senhores juízes, deveis bem esperar da morte e considerar particularmente esta verdade: não há, para o homem bom, mal algum, quer na vida, quer na morte, e os deuses não descuidam do seu destino. O meu não é consequência do acaso; vejo claramente que era melhor para mim, morrer agora e ficar livre de fadigas. Por isso é que a advertência nada me impediu. Não me insurjo absolutamente contra os que votaram contra mim ou me acusaram. Verdade é que não me acusaram e condenaram com esse modo de pensar, mas na suposição de que me causavam dano: nisso merecem censura. No entanto, só tenho um pedido a lhes fazer: quando meus filhos crescerem, castigai-os, atormentai-os com os mesmíssimos tormentos que eu vos infligi, se achardes que eles estejam cuidando mais da riqueza ou de outra coisa que da virtude; se estiverem supondo ter um valor que não tenham, repreendei-os, como vos fiz eu, por não cuidarem do que devem e por suporem méritos, sem ter nenhum. Se vós assim agirdes, eu terei recebido de vós justiça; eu, e meus filhos também. Bem, é chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor destino, se eu, ou se vós, é segredo para todos, exceto para a divindade”. (Sócrates).

 

Anedota

Conta-se que um grego teria ido ao templo de Apolo, na cidade de Delfos, ansioso para obter uma resposta sobre quem seria o homem mais sábio que existia em Atenas. Quando chegou ao templo, perguntou ao oráculo quem era o homem mais sábio de Atenas. O oráculo teria respondido que Sócrates seria o homem mais sábio de toda a Grécia, pois era o único grego que: “sabia que nada sabia”.  

Filosofia Sapiencial

- “Só sei que nada sei”.

- “A sabedoria começa na reflexão”.

- “Ninguém faz o mal voluntariamente”.

- "A palavra é o fio de ouro do pensamento".

- "A ociosidade é que envelhece, não o trabalho".

- “Agimos errado por ignorância, não por maldade”.

- "É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal".

- “Só é útil o conhecimento que nos torna melhores”

- "Uma vida não refletida não vale a pena ser vivida".

- “Não vivemos para comer, mas comemos para viver”.

- “O homem faz o mal, porque não sabe o que é o bem”.

- "O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia".

- "O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância".

- "A verdade não está com os homens, mas entre os homens".

- “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses”.

- "Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância".

- “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”.

- “Creio que tenho prova suficiente de que falo a verdade: a pobreza”.

- “Não penses mal dos que procedem mal, pense que estão equivocados”.

- “Deve-se temer mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem”.

- “A admiração é o sentimento de um filósofo, e a filosofia começa pela admiração”.

- "Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos são os que assim procedem".

- “O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele”.

- “Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente”.

- “A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser”.

- “Parece-me não ser justo rogar ao juiz e fazer-se absolver por meio de súplicas; é preciso esclarecê-lo e convencê-lo”.

- “Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos”.

- “A verdade já está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la, porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados”.

- “E agora chegamos à encruzilhada dos caminhos. Vós, meus amigos, ides para vossas vidas, eu para a minha morte. Qual seja o melhor desses caminhos, só Deus sabe”.

- “O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter”.

- “Em cada um de nós há dois princípios que nos dirigem e governam, cuja orientação que seguimos onde quer que eles possam levar, sendo um o desejo inato pelo prazer, o outro, um julgamento adquirido que aspira a excelência”.

- “Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas, e a vos dizer que a virtude não provém da riqueza, mas sim que é a virtude que traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens, quer na vida pública quer na vida privada.”

- “Gosto de aprender, sabes? O campo e as árvores não se prestam a ensinar-me nada, mas os homens da cidade sim. Em vez de campos e terras há ruas e casas, e em vez de flores e animais, há homens e mais homens. Já não são os mistérios da matéria ou da vida que surpreendem, mas sim os homens, esses homens que se agitam e atuam; são eles que devem ser objeto de interrogação, e eles pelo menos respondem-vos. Andam de um lado para o outro - para onde vão? -, amam-se e matam-se uns aos outros - o que os leva a isso? -, cruzam-se, encontram-se e trocam na praça pública os seus bens ou as suas ideias: que dizem eles e como é que essa agitação funciona? Não param de falar, sobretudo em Atenas, e não só do tempo, mas também dos seus projetos e dos seus desejos, da administração da sua casa ou da Cidade. De “física”, a vossa filosofia passa a “moral”, a vossa meditação solitária transforma-se em diálogo”.

- “Cidadãos! Tanto aqueles que dentre vós induzistes as testemunhas a perjurarem, levantando falso testemunho contra mim, quanto os que vos deixastes subornar, deveis, de força, sentir-vos culpados de grande impiedade e injustiça. Mas eu, por que haveria de crer-me empequenecido se nada se comprovou do que me acoimam? Jamais ofereci sacrifícios a outras divindades. Quanto aos jovens, seria corrompê-los, habituá-los à paciência e à frugalidade? Atos contra os quais a lei pronuncia a morte, como a profanação dos templos, o roubo com efração, a venda de homens livres, a traição à pátria, meus próprios acusadores não ousam dizer que os haja cometido. Surpreso, pois, pergunto a mim mesmo qual o crime por que me condenais à morte. Estou certo que tanto quanto o passado me renderá o porvir o testemunho de que nunca fiz mal a ninguém, jamais tornei ninguém mais vicioso, mas servia os que comigo privavam ensinando-lhes sem retribuição tudo o que podia de bem”.

Fontes:

ARISTÓFANES. As Nuvens.  Rio de Janeiro: Expresso Zahar. 1995.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Edipro, 2009.

AZEVEDO, Maria Teresa Schiappa. No começo da Cidadania: Sócrates e Atenas. Revista Filosófica de Coimbra. N; 30. Coimbra: UC, 2006.

BURNET, John. A aurora da filosofia grega. 1ª ed. Rio de Janeiro: PUC RIO, 2007.

CÍCERO, Marcus Tullios. A academia do Cícero. Trad. Harris Rackham. Attalus. 1933.

DURANT, Will. História da Filosofia: A Vida e as Ideias dos Grandes Filósofos. São Paulo: Editora Nacional, 1926.

FRANCA, Leonel. Noções de História da Filosofia. Rio de Janeiro: Livraria agir editora: 1954.

GOTO, Roberto. O cidadão Sócrates e o filosofar numa democracia. Dossiê: Ensino de filosofia e cidadania. São Paulo: UNICAMP/SCIELO, 2010.

PESSANHA, José Américo Motta. Sócrates: Vida e Obra. Col. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

PLATÃO. A apologia de Sócrates. São Paulo: Hunters Books Editora, 2013.

PLUTARCO. Vidas Paralelas. Trad. Carlos Alcade Martín e Marta González González. Madrid: Gregos, 2010.

SCHNEIDER; Alberto Laíno. Filosofia da Educação. Curitiba: Lbpex, 2008.

SPINELLI, Miguel. Questões fundamentais da filosofia grega. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

XENOFONTE. Memoráveis. Trad. Ana Elias Pinheiro. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, Annablume, 2009.