sábado, 29 de outubro de 2022

Thómaz Pompeu

Thómaz Pompeu - (1818 a 1877) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Thómaz Pompeu de Sousa Brasil foi um filósofo cearense ligado a corrente de pensamento da filosofia naturalista. Estudou as áreas de História, Filosofia, Teologia, Economia, Direito e Estatística, especializando-se mais propriamente na área de Geografia. Iniciou seus estudos em Sobral e posteriormente foi para Recife onde cursou Teologia e bacharelou-se em Direito. Desempenhou grandes trabalhos no campo político, tendo contribuído muito com o desenvolvimento das estradas de ferro do Ceará. Ficou conhecido pelo codinome de “Senador Pompeu”. Fez parte de várias agremiações científicas, filosóficas e filantrópicas. Laborou como professor, escritor e político. Professorou as disciplinas de História e Geografia. Desempenhou um importante papel na educação cearense, sendo considerado um dos fundadores do famoso “Liceu do Ceará”, bem como também, seu primeiro diretor. Era filho do senhor Thomaz Aquino de Sousa com a senhora Jeracina Isabel de Sousa. Foi pai de outro grande intelectual cearense, que levou seu mesmo nome, chamado Tomás Pompeu de Souza Brasil (1852-1929). Nasceu em Santa Quitéria, no ano de 1818 e faleceu em Fortaleza, no ano de 1877, vitimado por uma doença respiratória. Existe hoje com seu nome, em sua homenagem, um munícipio no estado do Ceará chamado de Senador Pompeu.

Filosofia Política

No seminário de Olinda teve seus primeiros contatos com as teorias liberais, depois consolidou esses ideais na faculdade de Direito. Retornou ao Ceará onde se tornou um dos chefes do partido liberal cearense. Começou, então, a escrever para periódicos cearenses e ingressou na carreira política. Passou a defender as bandeiras do progressismo e do modernismo no Ceará. Contribuiu para a fundação do Liceu do Ceará que passou a servir como um marco civilizatório para a província. Utilizou-se da educação como uma ferramenta de desenvolvimento para o Ceará e como um instrumento de articulação política. Com isso, Pompeu desempenhou uma forte influência no cenário político e administrativo do Ceará, tendo sido, em sua época, um forte impulsionador do desenvolvimento econômico do Ceará. Nesse ínterim, ajudou na criação da Diocese do Ceará que funcionou como novo símbolo do projeto progressista do Estado. Realizou importantes estudos relacionados à seca e ao clima dos sertões, nesse contexto, suas obras ganharam grande notoriedade no cenário político e social do Brasil. Desenvolveu sistemas de preservação da natureza em que mostrava como utilizar os recursos da água e dos vegetais de maneira efetiva, desse modo, seus projetos foram importantes mecanismos de construção da nação brasileira.   

Filosofia Naturalista

Seus estudos na área da Geografia possibilitaram uma visão diferenciada sobre algumas questões de sua época. Acreditava que a saída mais eficiente para o progressismo brasileiro seria a conscientização da sociedade para os problemas relacionados à natureza. Dessa maneira, o homem deveria aprender a como se relacionar com o mundo natural. Segundo suas ideias, a natureza teria uma função social, por isso ela deveria ser utilizada de forma a ser preservada, sem com isso, atravancar a corrida pela modernidade. Ele teria implementado um sistema de arborização nos sertões semiáridos do Brasil com a finalidade de amenizar os problemas causados pelas mudanças climáticas. Arquitetou a construção de alguns açudes com objetivo de atenuar os problemas ligados à seca. Publicou ensaios importantes a respeito dos efeitos do clima, articulando grandes debates entre o universo acadêmico e a população dos sertões. Ressaltando estudos sobre a salubridade climática que contribuíram com o desenvolvimento da saúde pública. Apresentou medidas de utilização dos recursos naturais de maneira racional. Relacionou pesquisas da área de História e Geografia com conhecimentos ligados as Ciências da Natureza, sistematizando na educação brasileira os saberes biofísicos e ecológicos.

Filosofia Sapiencial

- “O vale do Cariri é como um oásis encravado no deserto”.

- “O dinheiro, como qualquer mercadoria, se oferece onde a procura se faz sentir”.

- “Ao capitalista falta a certeza do reembolso das quantias emprestadas á lavoura”.

- “É imprudência do governo não aproveitar o serviço dos retirantes, preferindo, dar esmola ao povo, em lugar de serviço e salário”.

- “Por toda parte a indústria se aparelha com todas as armas fornecidas pela ciência para não sucumbir na luta pela concorrência”.

- “Quando o capitalista encontra colocação segura e rendosa para suas economias, não vai as dissipar ou empregar algures por satisfazer a intuitos do puro patriotismo”.

- “Por vezes temos chamado a atenção dos habitantes desta província, e dos poderes públicos para os terríveis efeitos da devastação de nossas matas, que a ignorância, e, sobretudo o egoísmo, e indiferença para com as gerações futuras vão todos os dias reduzindo e quase aniquilando”.

- “Ao melhoramento da agricultura deve suceder o das vias de comunicação. Abrir estradas e deixar a agricultura abandonada – é um erro. Não é por falta de estradas que o povo morre de fome em alguns pontos da Bahia e nos sertões de Pernambuco: não é por falta de estradas que a agricultura definha no litoral do Império, nas vizinhanças da Corte! Não: é pela imprevidência, é pelo atraso, em que nos achamos. Hoje as nossas colheitas chegam apenas para um ano e si o inverno não vem no tempo próprio, si aparece uma epidemia, ou outra qualquer causa que paralise temporariamente o trabalho, eis a fome, eis a miséria, eis a ruína. Como diz o ilustre Dr. Capanema, as nossas estradas de ferro, no estado em que nos achamos, em vez de melhorar, arruínam cada vez mais a lavoura do país. (...) E porque isso acontece? Porque as estradas de ferro tão úteis em outros países, serão entre nós elementos de ruina? A razão está no atraso da agricultura, e, em quanto ela não for melhorada, as estradas servirão muito pouco”.

Curiosidades:

Segundo alguns pesquisadores, a “companhia cearense da via-férrea de Baturité” foi criada em 1870 por um grupo de empresários cearenses, tendo à frente o “Senador Pompeu”. Em seu ensaio estatístico sobre a província do Ceará, de 1863, Pompeu destacava que:

Fortaleza possuía então oito longas ruas muito direitas, espaçosas e calçadas que contavam com 960 casas de tijolo alinhadas, das quais cerca de 80 eram sobrados. Fora do alinhamento, a cidade contava com mais de 7.200 casas de palha. Fortaleza tinha oito praças, das quais três eram "plantadas de arvoredo" e com cacimbas públicas. Os edifícios mais notáveis eram: o palácio do governo, a Santa Casa de Misericórdia, o paço municipal, a catedral, a alfândega, a cadeia, os dois quartéis militares, a casa dos educandos artífices, o armazém da pólvora e o cemitério. O porto local era formado por um arrecife que "vai areando consideravelmente", com uma ponte ou trapiche de desembarque, e na ponta do Mucuripe, um farol de luz fixa. (Pompeu, 1997).

Obras:

Memórias sobre a Estatística da População da Província do Ceará; Memória sobre conservação das matas, e arboricultura como meio de melhorar o clima da província do Ceará; População da Província do Ceará; Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará. Rio de Janeiro; Compendio Elementar de Geografia Geral e Especial do Brasil; Elementos de Geografia; Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará; Memória sobre Clima e Secas do Ceará; Ensaios Estatísticos da Província do Ceará; Sistemas Orográfico e Hidrográfico do Ceará; Princípios Elementares de Cronologia; Compêndio Elementar de Geografia.

Filhos:

Tomás Pompeu de Souza Brasil; Hildebrando Pompeu de Souza Brasil; Antônio Pompeu de Souza Brasil e Maria Teresa de Souza.

Fontes:

ALVES, Joaquim. História das Secas (Século XVII a XIX). Col. Mossoroense. Mossoró: Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Farias, 2018.

BARREIRA, Dolor. História do Ceará. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1986.

BARROSO, José Parsifal. Discurso do centenário de Morte do Senador Pompeu. Revista do Instituto do Ceará. Vol. 97. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1977.  

BASTOS, Jose Romário Rodrigues. Natureza, tempo e técnica: Thomaz Pompeu de Sousa Brasil e o século XIX. Dissertação de Mestrado.  Fortaleza: UFC, 2013.

COSTA, Maria Clélia Lustosa. Teorias médicas e gestão urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza. Revista História, Ciência e Saúde de Manguinhos. Rio de Janeiro: Fundação Osvaldo Cruz, 2004.

CUNHA, George Henrique de Moura. O algodão na economia da província do Ceará durante o século XIX: Algumas considerações sobre sua importância. Revista de Desenvolvimento Econômico. Salvador: RDE, 2020.

GUTIÉRREZ, Ângela. A eterna menina e o diálogo em dia de festa: plenitude de vida em mundos revisitados. Revista Entrevista. Fortaleza: UFC, 2008.

NETO, Manoel Fernandes de Sousa. Senador Pompeu: um geógrafo do poder no Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Geografia. São Paulo: USP, 1997.

PÁDUA, José Augusto. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista, 1786-1888. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

PAIVA, Melquíades Pinto. Os naturalistas e o Ceará. Fortaleza: Instituto do Ceará, 2002.

POMPEU, Thomáz. Ensaio estatístico da província do Ceará: 1863 Fortaleza: Fundação Waldemar de Alcântara, 1997.

_________________  Juízo Histórico do Senador Pompeu sobre Fatos do Ceará. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza: Revista Trimensal, 1895.

QUITÉRIA, Macedo. O Clã de Santa Quitéria. Rio de Janeiro: Renes, 1967.

STUDART, Guilherme. Geografia do Ceará. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1924.

THEÓPHILO, Rodolpho. História da seca do Ceará, 1878-1880. Rio de Janeiro: Imprensa Inglesa, 1922.


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