Thómaz Pompeu -
(1818 a 1877) d.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Thómaz Pompeu de
Sousa Brasil foi um filósofo cearense ligado a corrente de
pensamento da filosofia naturalista. Estudou as áreas de História, Filosofia,
Teologia, Economia, Direito e Estatística, especializando-se mais propriamente
na área de Geografia. Iniciou seus estudos em Sobral e posteriormente foi para
Recife onde cursou Teologia e bacharelou-se em Direito. Desempenhou grandes
trabalhos no campo político, tendo contribuído muito com o desenvolvimento das
estradas de ferro do Ceará. Ficou conhecido pelo codinome de “Senador Pompeu”.
Fez parte de várias agremiações científicas, filosóficas e filantrópicas.
Laborou como professor, escritor e político. Professorou as disciplinas de
História e Geografia. Desempenhou um importante papel na educação cearense,
sendo considerado um dos fundadores do famoso “Liceu do Ceará”, bem como
também, seu primeiro diretor. Era filho do senhor Thomaz Aquino de Sousa com a
senhora Jeracina Isabel de Sousa. Foi pai de outro grande intelectual cearense,
que levou seu mesmo nome, chamado Tomás Pompeu de Souza Brasil (1852-1929).
Nasceu em Santa Quitéria, no ano de 1818 e faleceu em Fortaleza, no ano de
1877, vitimado por uma doença respiratória. Existe hoje com seu nome, em sua
homenagem, um munícipio no estado do Ceará chamado de Senador Pompeu.
Filosofia Política
No seminário de Olinda teve seus
primeiros contatos com as teorias liberais, depois consolidou esses ideais na
faculdade de Direito. Retornou ao Ceará onde se tornou um dos chefes do partido
liberal cearense. Começou, então, a escrever para periódicos cearenses e
ingressou na carreira política. Passou a defender as bandeiras do progressismo
e do modernismo no Ceará. Contribuiu para a fundação do Liceu do Ceará que
passou a servir como um marco civilizatório para a província. Utilizou-se da
educação como uma ferramenta de desenvolvimento para o Ceará e como um
instrumento de articulação política. Com isso, Pompeu desempenhou uma forte
influência no cenário político e administrativo do Ceará, tendo sido, em sua
época, um forte impulsionador do desenvolvimento econômico do Ceará. Nesse
ínterim, ajudou na criação da Diocese do Ceará que funcionou como novo símbolo do
projeto progressista do Estado. Realizou importantes estudos relacionados à
seca e ao clima dos sertões, nesse contexto, suas obras ganharam grande
notoriedade no cenário político e social do Brasil. Desenvolveu sistemas de
preservação da natureza em que mostrava como utilizar os recursos da água e dos
vegetais de maneira efetiva, desse modo, seus projetos foram importantes
mecanismos de construção da nação brasileira.
Filosofia Naturalista
Seus estudos na área da Geografia possibilitaram
uma visão diferenciada sobre algumas questões de sua época. Acreditava que a
saída mais eficiente para o progressismo brasileiro seria a conscientização da
sociedade para os problemas relacionados à natureza. Dessa maneira, o homem
deveria aprender a como se relacionar com o mundo natural. Segundo suas ideias,
a natureza teria uma função social, por isso ela deveria ser utilizada de forma
a ser preservada, sem com isso, atravancar a corrida pela modernidade. Ele
teria implementado um sistema de arborização nos sertões semiáridos do Brasil
com a finalidade de amenizar os problemas causados pelas mudanças climáticas.
Arquitetou a construção de alguns açudes com objetivo de atenuar os problemas
ligados à seca. Publicou ensaios importantes a respeito dos efeitos do clima,
articulando grandes debates entre o universo acadêmico e a população dos
sertões. Ressaltando estudos sobre a salubridade climática que contribuíram com
o desenvolvimento da saúde pública. Apresentou medidas de utilização dos
recursos naturais de maneira racional. Relacionou pesquisas da área de História
e Geografia com conhecimentos ligados as Ciências da Natureza, sistematizando
na educação brasileira os saberes biofísicos e ecológicos.
Filosofia Sapiencial
- “O vale do Cariri é como um oásis
encravado no deserto”.
- “O dinheiro, como qualquer
mercadoria, se oferece onde a procura se faz sentir”.
- “Ao capitalista falta a certeza do
reembolso das quantias emprestadas á lavoura”.
- “É imprudência do governo não
aproveitar o serviço dos retirantes, preferindo, dar esmola ao povo, em lugar
de serviço e salário”.
- “Por toda parte a indústria se
aparelha com todas as armas fornecidas pela ciência para não sucumbir na luta
pela concorrência”.
- “Quando o capitalista encontra
colocação segura e rendosa para suas economias, não vai as dissipar ou empregar
algures por satisfazer a intuitos do puro patriotismo”.
- “Por vezes temos chamado a atenção
dos habitantes desta província, e dos poderes públicos para os terríveis
efeitos da devastação de nossas matas, que a ignorância, e, sobretudo o
egoísmo, e indiferença para com as gerações futuras vão todos os dias reduzindo
e quase aniquilando”.
- “Ao melhoramento da agricultura deve
suceder o das vias de comunicação. Abrir estradas e deixar a agricultura
abandonada – é um erro. Não é por falta de estradas que o povo morre de fome em
alguns pontos da Bahia e nos sertões de Pernambuco: não é por falta de estradas
que a agricultura definha no litoral do Império, nas vizinhanças da Corte! Não:
é pela imprevidência, é pelo atraso, em que nos achamos. Hoje as nossas
colheitas chegam apenas para um ano e si o inverno não vem no tempo próprio, si
aparece uma epidemia, ou outra qualquer causa que paralise temporariamente o
trabalho, eis a fome, eis a miséria, eis a ruína. Como diz o ilustre Dr.
Capanema, as nossas estradas de ferro, no estado em que nos achamos, em vez de
melhorar, arruínam cada vez mais a lavoura do país. (...) E porque isso
acontece? Porque as estradas de ferro tão úteis em outros países, serão entre
nós elementos de ruina? A razão está no atraso da agricultura, e, em quanto ela
não for melhorada, as estradas servirão muito pouco”.
Curiosidades:
Segundo alguns pesquisadores, a
“companhia cearense da via-férrea de Baturité” foi criada em 1870 por um grupo
de empresários cearenses, tendo à frente o “Senador Pompeu”. Em seu ensaio
estatístico sobre a província do Ceará, de 1863, Pompeu destacava que:
Fortaleza possuía
então oito longas ruas muito direitas, espaçosas e calçadas que contavam com
960 casas de tijolo alinhadas, das quais cerca de 80 eram sobrados. Fora do
alinhamento, a cidade contava com mais de 7.200 casas de palha. Fortaleza tinha
oito praças, das quais três eram "plantadas de arvoredo" e com
cacimbas públicas. Os edifícios mais notáveis eram: o palácio do governo, a
Santa Casa de Misericórdia, o paço municipal, a catedral, a alfândega, a
cadeia, os dois quartéis militares, a casa dos educandos artífices, o armazém
da pólvora e o cemitério. O porto local era formado por um arrecife que
"vai areando consideravelmente", com uma ponte ou trapiche de
desembarque, e na ponta do Mucuripe, um farol de luz fixa. (Pompeu, 1997).
Obras:
Memórias sobre a Estatística da População
da Província do Ceará; Memória sobre conservação das matas, e arboricultura
como meio de melhorar o clima da província do Ceará; População da Província do
Ceará; Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará. Rio de Janeiro; Compendio
Elementar de Geografia Geral e Especial do Brasil; Elementos de Geografia;
Sistema ou Configuração Orográfica do Ceará; Memória sobre Clima e Secas do
Ceará; Ensaios Estatísticos da Província do Ceará; Sistemas Orográfico e
Hidrográfico do Ceará; Princípios Elementares de Cronologia; Compêndio
Elementar de Geografia.
Filhos:
Tomás Pompeu de Souza Brasil; Hildebrando Pompeu de Souza Brasil; Antônio Pompeu de Souza Brasil e Maria Teresa de Souza.
Fontes:
ALVES, Joaquim. História das
Secas (Século XVII a XIX). Col. Mossoroense. Mossoró: Acervo Virtual
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GUTIÉRREZ, Ângela. A eterna
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PÁDUA, José Augusto. Um sopro
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Alcântara, 1997.
_________________ Juízo
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do Ceará, Fortaleza: Revista Trimensal, 1895.
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Ceará. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1924.
THEÓPHILO, Rodolpho. História da seca do Ceará, 1878-1880.
Rio de Janeiro: Imprensa Inglesa, 1922.
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