sábado, 12 de novembro de 2022

Escola de Mileto

Escola de Mileto

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi uma escola de pensamento filosófico fundada na cidade de Mileto na Grécia antiga. Também era chamada de Escola Jônica ou Escola Milesiana. A descrita escola teria surgido em meados do Século VI a.C no período compreendido como pré-socrático. Teve como principais representantes o filósofo Tales de Mileto e seus sucessores: Anaximandro e Anaxímenes. Esses primeiros filósofos eram naturais da cidade de Mileto ou residiam em regiões próximas. Todos os três filósofos descritos buscavam na natureza o elo entre a matéria e o surgimento da vida, por isso eles foram chamados de filósofos da “phisis”, ou seja, filósofos da natureza. Embora existisse divergência entre eles, sobre qual seria a verdadeira substância primordial, suas teorias tiveram algo em comum, pois ainda persistia entre eles uma ideia divina ou mística, em relação à substância inicial. Outro ponto em comum entre esses filósofos era o conceito de unidade da substância. Também ficaram conhecidos como filósofos cosmológicos, pois relacionavam seus conhecimentos sobre a natureza e a física com os saberes de geografia e astronomia. 

Filosofia da Natureza

Essa escola era considerada a primeira escola de Filosofia da Grécia antiga, ela surgiu com a ideia de que existiria uma substância na natureza que dava origem a tudo no universo. A citada escola fundamentou seus pensamentos atribuindo a elementos da natureza um princípio ativo que era denominado de “arché”.  Para esses primeiros filósofos, a “physis” (natureza) teria uma espécie de “arché” (princípio) unitário, daí, ser esse, o porquê deles serem também batizados de filósofos unitaristas, pois acreditavam que “um só” seria o princípio de tudo. Grande parte dos conhecimentos desses filósofos foi perdida no tempo. A civilização grega dessa época foi considerada por muito tempo como o berço dos primeiros pensadores racionais, tendo desenvolvido uma maneira particular de construção do conhecimento.

Principais Filósofos

Tales, o fundador dessa corrente de pensamento, ao observar a natureza, afirmava ser a “água” o princípio original de tudo. A “água” ao qual Tales se referia não seria propriamente a água como a conhecemos, mas possivelmente uma mistura pura de um líquido semelhante à água. A mitologia e o misticismo da época influenciavam muito o pensamento grego, por isso é provável que Tales tivesse uma visão “teocosmogônica” do conceito de água. Segundo Tales, a “água” poderia penetrar por qualquer lugar, e por não possuir forma, ela também se moldaria a qualquer ambiente, pois ela teria certo aspecto de versatilidade. A “água” seria uma substância vivificante que dava origem as coisas, por isso, ela não poderia ser uma matéria inanimada.

Anaximandro afirmou que a “arché” seria uma substância que ele denominou de “ápeiron”. Esse “ápeiron” seria uma espécie de energia vital infinita e indeterminada. Era ilimitada e eterna, com um conceito abstrato e aspecto divino, estando em um contínuo movimento.  Essa substância formava as coisas no universo através de um processo de separação e segregação constantes. Esse tipo de pensamento em relação ao “ápeiron” inaugurou uma visão naturalista de Deus. Dessa forma, ele compreendia que as relações da “natureza do cosmos” era imaterialmente infinita. Anaximandro também teve uma forte participação política em seu tempo, tendo inclusive liderado uma colônia grega. Além disso, chegou a desenvolver algumas teorias astronômicas.

O filósofo Anaxímenes definiu a substância criadora de tudo como sendo o “ar”. O “ar” de Anaxímenes se assemelhava a ideia de espírito. De acordo com sua visão, o “ar” representava a própria ideia de vida, nesse sentido, tudo que existia no universo seria apenas formas diferentes de “ar”. Anaxímenes estabeleceu esse “ar” como uma substância invisível, porém natural. Alguns pensadores denominam essa “arché” desenvolvida por ele de “pneuma”. Essa substância não possuiria forma definida, podendo se estender por várias direções até o infinito. Dessa forma, ele utilizaria o conceito de envolvimento e adaptação elaborado por Tales com a “água” e o conceito de indefinição e infinidade elaborado por Anaximandro com o “ápeiron”, para, com isso, conceituar sua definição de “ar” como sendo a substância primordial de tudo. Nesse sentido, ele acreditava que a água seria ar condensado e que o fogo seria ar rarefeito. Por isso a substância “ar” formaria a origem da terra, da água e do fogo.

Outros filósofos participaram de maneira secundária dessa escola de pensamento, ou seja, seguiram algumas características dessa escola ou foram influenciados de forma particular. Entre eles podem ser citados: Heráclito de Éfesos, Diógenes de Apolônia e Hípon de Régio. Alguns historiadores diferem a Escola de Mileto da Escola Jônica, apontando que a primeira seria formada apenas pelos filósofos Tales e seus discípulos, Já a Escola Jônica teria mais representantes como o Heráclito de Éfesos e o Diógenes de Apolônia.

Considerações Finais

Esses filósofos diziam não haver separação entre matéria e vida. Esse conceito também é entendido como “hilozoísmo”. Eles discordavam do pensamento tradicional de explicação mitológica dos fenômenos da natureza. Os gregos, dessa época, utilizavam a crença politeísta em deuses gregos para dar explicação sobre a criação do universo. Dessa forma, os pensadores da escola de Mileto utilizaram as observações da natureza para fornecer explicações sobre a origem da vida e do cosmos. Eles buscavam explicação da passagem dos fenômenos naturais do caos para a ordem, nesse sentido, essa ordem poderia ser compreendida pela razão. Essa explicação poderia ser entendida a partir da própria natureza. A nova visão de mundo descrita por eles era pensada a partir do “logos”, ou seja, da palavra racional representada por uma substância imanente.

Fontes:

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