Frei Caneca – (1779 a 1825) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Joaquim da Silva
Rabelo foi um filósofo brasileiro pertencente
às correntes de pensamento teopolíticas. Floresceu no período de transição do
Brasil colônia para o Brasil Imperial. Destacou-se como professor,
teólogo, político, escritor e principalmente como um líder
revolucionário. Publicou vários textos
sobre assuntos políticos, onde defendia as suas ideias através desses escritos.
Estudou no conhecido seminário de Olinda. Após ser ordenado padre, recebeu
o codinome de “Frei Joaquim do Amor Divino
Rabelo”. Atuou como professor, lecionando as disciplinas de Gramática,
Matemática e Filosofia. Também exerceu o ofício de conselheiro do exército
republicano. Quando criança teria recebido o apelido de “Caneca”, em homenagem
a seu pai que fabricava vasilhas. Por isso, também era conhecido como o “Frei
Caneca”. Era filho de um tanoeiro português chamado Domingos da Silva
Rabelo com a senhora Francisca Maria Alexandrina de Siqueira. Teria Nascido no
Recife, em 20 de agosto, de 1779 e falecido também em Recife, no dia 13 de
janeiro, de 1825. Sua morte se deu por fuzilamento em praça pública. Foi
sepultado no Convento do Carmo, no Recife. Seu nome se encontra escrito no
“livro dos heróis da pátria”. Atualmente, existem pelas cidades do Brasil, em
sua homenagem, diversas ruas e avenidas com seu nome.
Filosofia Política
Sua visão política teria sido inspirada nas ideias dos filósofos Iluministas, com ênfase nos seguintes pensadores: Montesquieu, Rousseau, John Locke e Adam Smith. Caneca foi um grande líder político que lutou em favor de mudanças revolucionárias para o Brasil. Abraçou as causas abolicionistas, aderindo aos ideais libertários. Visto como um profundo revolucionário, ele teria utilizado a arte da oratória e sua influência política, para lutar contra práticas autoritárias que ameaçavam os direitos do povo brasileiro. Suas reflexões eram semeadas em praça pública, bem como também, nos sermões da Igreja. Seus escritos assombraram o poder vigente que passou a chamá-lo de “o escritor de papéis incendiários”. Defendeu ideias liberais, especialmente na defesa de uma república federalista para o país. Buscando, com isso, lutar em prol da independência do Brasil. Seu liberalismo se fundamentava nas ideias clássicas com destaque para as teorias econômicas. Advogou de maneira contrária as cobranças vultosas de impostos que a coroa portuguesa infligia a colônia. Chegou a publicar os princípios constitucionais de formação do pacto social brasileiro. Para ele, era necessário que a ideia de nação brasileira fosse fundamentada por um pacto entre os membros de uma assembleia livre e soberana. Considerado como um dos mentores da chamada Revolução Pernambucana, também teria participado da famosa “confederação do Equador”. O líder revolucionário morreu como mártir e entrou para a história como um dos homens mais importantes para a formação do Estado brasileiro.
Filosofia da Educação
Era tido como um dos grandes pensadores eruditos da época. Teria sido nomeado pela junta do governo constitucional para lecionar Matemática na cidade de Recife. A Educação foi o meio que Caneca utilizou para se introduzir no nicho político o qual era permeado apenas por pessoas ligadas a elite. Sua escolarização serviu como ponte para o seu reconhecimento intelectual, inserindo-o entre os vários campos sociais. Seu pensamento foi caracterizado, por alguns pesquisadores, como sendo um reflexo da formação do sentimento nativista brasileiro. Mesmo preso, Frei Caneca organizava na prisão algumas atividades laborais de ensino, realizando oficinas educacionais, onde cada aluno ensinava suas competências aos demais. Defendia que a Educação era o melhor caminho para que o poder público pudesse vencer seus desafios. Pontuando que a intelectualidade brasileira deveria promover uma articulação entre sociedade e governo, com o claro objetivo de enfrentarem juntos, os dilemas sociais. Praticava uma espécie de educação popular com a finalidade de esclarecer as massas a respeito dos seus direitos. Desse modo, ele dizia que: “a instrução elementar é necessária, a todos, e a sociedade deve prestar igualmente a todos os seus membros”.
Filosofia Sapiencial
+ “[...] do Rio nada,
não queremos nada”
+ “Que liberdade é
essa, se a língua é escrava?”
+ “Quem bebe da minha
"caneca" tem sede de liberdade”
+ “Quando a Nau da
Pátria está em perigo, todos somos marinheiros”
+ “Tem fim a vida
daquele que não soube a pátria amar; A vida do patriota não pode o tempo
acabar”.
+ “Nenhuma pessoa pode
ser privada da menor porção da sua propriedade sem seu consentimento”.
+ “Entre Marília e a
Pátria coloquei meu coração, a Pátria o roubou-lhe todo, Marília que chore em
vão”.
+ “Se amor vive além
da morte, Eterno o meu há de ser: Se amor dura só na vida, Hei de amar-te até
morrer”.
+ “A instrução
elementar é necessária, a todos, e a sociedade deve prestar igualmente a todos
os seus membros”.
+ “Quem passa a vida que eu passo, não deve a morte temer; com a morte não se assusta, quem está sempre a morrer”.
+ “Não posso cantar meus males, nem a
mim mesmo em segredo; É tão cruel o meu fado, que até de mim tenho medo”.
+ “Os direitos
naturais, civis e políticos do homem são a liberdade, a igualdade, a segurança,
a propriedade e a resistência à opressão”.
+ “A liberdade da
imprensa, ou outro qualquer meio de publicar estes sentimentos, não pode ser
proibido, suspenso nem limitado”.
+ “Todos os cidadãos
são admissíveis a todos os lugares, empregos e funções públicas. Os povos
livres não conhecem outros motivos de preferência, senão os talentos e
virtudes”.
+ “O princípio deste
século tem sido empregado em política: constituições e seus projetos ocupam
todos os espíritos. Não há quem não queira dar suas rajadas sobre formas de
governo, suas vantagens e seus danos.”
+ “Sua Majestade pode
dar títulos de barões, viscondes, condes, marqueses e duques; porém dar ciência
a um tolo, valor a um covarde, virtude a um vicioso, honra a um patife, amor da
pátria a um traidor, Sua Majestade não pode”
+ “Governe quem
governar, seja nobre ou mecânico, rico ou pobre, sábio ou ignorante, da praça
ou do mato, branco ou preto, caboclo ou pardo, só há um partido, que é o da
liberdade civil e da felicidade do povo; e tudo o que não for isso há de ser
repulsado a ferro e fogo”..
Fatos e Curiosidades:
Conta-se que após ser
preso no interior do Ceará, Caneca teria sido levado para Recife e após ser
julgado, foi condenado à forca. Porém na hora da execução, nenhum carrasco
queria realizar o ato. As autoridades decidiram, então, que ele fosse fuzilado
em praça pública. Segundo algumas fontes, o seu corpo foi colocado junto a uma
das portas do templo carmelita.
Obras:
Compêndio de
cronologia; Dissertação Político-Social; Orações Sacro-Apologéticas; Cartas de
Pítias a Damão; Typhis Pernambucano; Itinerário;
Poemas; Breve Compêndio de Gramática Portuguesa; Tratado de Eloquência; Tábuas
Dinóticas do Sistema Retórico; O Caçador: Resposta às calúnias e falsidades da Arara Pernambucana;
Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste
para com a mesma pátria.
Fontes:
BERNARDES, Denis Antônio de Mendonça.
A Ideia do Pacto Social e o Constitucionalismo em Frei Caneca. São Paulo:
Instituto de Estudos Avançados da USP, 1996.
CLAUDIO, Aguiar. O suplício de Frei Caneca. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1980.
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante
de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro:
Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001.
DOBBIN, Elizabeth. Frei
Caneca. Site: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004.
Acesso em 2022.
ERMAKOFF, George. Dicionário
Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de
Janeiro: Casa Editorial, 2012.
MELLO, Evaldo Cabral de. Frei
Joaquim do Amor Divino Caneca. São Paulo: Editora 34, 2001.
NEAMP. Núcleo de Estudos em Arte, Mídia
e Política. Joaquim da Silva Rabelo. Site: Lideranças
Políticas. São Paulo: PUC, 2022.
NETO, João Cabral de Mello. Auto
do Frade. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
SAVIANI, Dermeval. História das
ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING,
Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das letras,
2015.
SÓDRE, Nelson Werneck. A História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: MAUAD, 2004.
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