quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Frei Caneca

Frei Caneca – (1779 a 1825) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Joaquim da Silva Rabelo foi um filósofo brasileiro pertencente às correntes de pensamento teopolíticas. Floresceu no período de transição do Brasil colônia para o Brasil Imperial. Destacou-se como professor, teólogo, político, escritor e principalmente como um líder revolucionário. Publicou vários textos sobre assuntos políticos, onde defendia as suas ideias através desses escritos. Estudou no conhecido seminário de Olinda. Após ser ordenado padre, recebeu o codinome de “Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo”. Atuou como professor, lecionando as disciplinas de Gramática, Matemática e Filosofia. Também exerceu o ofício de conselheiro do exército republicano. Quando criança teria recebido o apelido de “Caneca”, em homenagem a seu pai que fabricava vasilhas. Por isso, também era conhecido como o “Frei Caneca”. Era filho de um tanoeiro português chamado Domingos da Silva Rabelo com a senhora Francisca Maria Alexandrina de Siqueira. Teria Nascido no Recife, em 20 de agosto, de 1779 e falecido também em Recife, no dia 13 de janeiro, de 1825. Sua morte se deu por fuzilamento em praça pública. Foi sepultado no Convento do Carmo, no Recife. Seu nome se encontra escrito no “livro dos heróis da pátria”. Atualmente, existem pelas cidades do Brasil, em sua homenagem, diversas ruas e avenidas com seu nome.

Filosofia Política

Sua visão política teria sido inspirada nas ideias dos filósofos Iluministas, com ênfase nos seguintes pensadores: Montesquieu, Rousseau, John Locke e Adam Smith. Caneca foi um grande líder político que lutou em favor de mudanças revolucionárias para o Brasil. Abraçou as causas abolicionistas, aderindo aos ideais libertários. Visto como um profundo revolucionário, ele teria utilizado a arte da oratória e sua influência política, para lutar contra práticas autoritárias que ameaçavam os direitos do povo brasileiro. Suas reflexões eram semeadas em praça pública, bem como também, nos sermões da Igreja. Seus escritos assombraram o poder vigente que passou a chamá-lo de “o escritor de papéis incendiários”. Defendeu ideias liberais, especialmente na defesa de uma república federalista para o país. Buscando, com isso, lutar em prol da independência do Brasil. Seu liberalismo se fundamentava nas ideias clássicas com destaque para as teorias econômicas. Advogou de maneira contrária as cobranças vultosas de impostos que a coroa portuguesa infligia a colônia. Chegou a publicar os princípios constitucionais de formação do pacto social brasileiro. Para ele, era necessário que a ideia de nação brasileira fosse fundamentada por um pacto entre os membros de uma assembleia livre e soberana. Considerado como um dos mentores da chamada Revolução Pernambucana, também teria participado da famosa “confederação do Equador”. O líder revolucionário morreu como mártir e entrou para a história como um dos homens mais importantes para a formação do Estado brasileiro.

Filosofia da Educação

Era tido como um dos grandes pensadores eruditos da época. Teria sido nomeado pela junta do governo constitucional para lecionar Matemática na cidade de Recife. A Educação foi o meio que Caneca utilizou para se introduzir no nicho político o qual era permeado apenas por pessoas ligadas a elite. Sua escolarização serviu como ponte para o seu reconhecimento intelectual, inserindo-o entre os vários campos sociais. Seu pensamento foi caracterizado, por alguns pesquisadores, como sendo um reflexo da formação do sentimento nativista brasileiro. Mesmo preso, Frei Caneca organizava na prisão algumas atividades laborais de ensino, realizando oficinas educacionais, onde cada aluno ensinava suas competências aos demais.  Defendia que a Educação era o melhor caminho para que o poder público pudesse vencer seus desafios. Pontuando que a intelectualidade brasileira deveria promover uma articulação entre sociedade e governo, com o claro objetivo de enfrentarem juntos, os dilemas sociais. Praticava uma espécie de educação popular com a finalidade de esclarecer as massas a respeito dos seus direitos. Desse modo, ele dizia que: “a instrução elementar é necessária, a todos, e a sociedade deve prestar igualmente a todos os seus membros”.

Filosofia Sapiencial

+ “[...] do Rio nada, não queremos nada”

+ “Que liberdade é essa, se a língua é escrava?”

+ “Quem bebe da minha "caneca" tem sede de liberdade”

+ “Quando a Nau da Pátria está em perigo, todos somos marinheiros”

+ “Tem fim a vida daquele que não soube a pátria amar; A vida do patriota não pode o tempo acabar”.

+ “Nenhuma pessoa pode ser privada da menor porção da sua propriedade sem seu consentimento”.

+ “Entre Marília e a Pátria coloquei meu coração, a Pátria o roubou-lhe todo, Marília que chore em vão”.

+ “Se amor vive além da morte, Eterno o meu há de ser: Se amor dura só na vida, Hei de amar-te até morrer”.

+ “A instrução elementar é necessária, a todos, e a sociedade deve prestar igualmente a todos os seus membros”.

+ “Quem passa a vida que eu passo, não deve a morte temer; com a morte não se assusta, quem está sempre a morrer”.

+ “Não posso cantar meus males, nem a mim mesmo em segredo; É tão cruel o meu fado, que até de mim tenho medo”.

+ “Os direitos naturais, civis e políticos do homem são a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade e a resistência à opressão”.

+ “A liberdade da imprensa, ou outro qualquer meio de publicar estes sentimentos, não pode ser proibido, suspenso nem limitado”.

+ “Todos os cidadãos são admissíveis a todos os lugares, empregos e funções públicas. Os povos livres não conhecem outros motivos de preferência, senão os talentos e virtudes”.

+ “O princípio deste século tem sido empregado em política: constituições e seus projetos ocupam todos os espíritos. Não há quem não queira dar suas rajadas sobre formas de governo, suas vantagens e seus danos.”

+ “Sua Majestade pode dar títulos de barões, viscondes, condes, marqueses e duques; porém dar ciência a um tolo, valor a um covarde, virtude a um vicioso, honra a um patife, amor da pátria a um traidor, Sua Majestade não pode”

+ “Governe quem governar, seja nobre ou mecânico, rico ou pobre, sábio ou ignorante, da praça ou do mato, branco ou preto, caboclo ou pardo, só há um partido, que é o da liberdade civil e da felicidade do povo; e tudo o que não for isso há de ser repulsado a ferro e fogo”..

Fatos e Curiosidades:

Conta-se que após ser preso no interior do Ceará, Caneca teria sido levado para Recife e após ser julgado, foi condenado à forca. Porém na hora da execução, nenhum carrasco queria realizar o ato. As autoridades decidiram, então, que ele fosse fuzilado em praça pública. Segundo algumas fontes, o seu corpo foi colocado junto a uma das portas do templo carmelita.

Obras:

Compêndio de cronologia; Dissertação Político-Social; Orações Sacro-Apologéticas; Cartas de Pítias a Damão; Typhis Pernambucano; Itinerário; Poemas; Breve Compêndio de Gramática Portuguesa; Tratado de Eloquência; Tábuas Dinóticas do Sistema Retórico; O Caçador: Resposta às calúnias e falsidades da Arara Pernambucana; Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste para com a mesma pátria.  


Fontes:

BERNARDES, Denis Antônio de Mendonça. A Ideia do Pacto Social e o Constitucionalismo em Frei Caneca. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da USP, 1996.

CLAUDIO, Aguiar. O suplício de Frei Caneca. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001.

DOBBIN, Elizabeth. Frei Caneca. Site: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004. Acesso em 2022.

ERMAKOFF, George. Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: Casa Editorial, 2012.

MELLO, Evaldo Cabral de. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. São Paulo: Editora 34, 2001.

NEAMP. Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política. Joaquim da Silva Rabelo. Site: Lideranças Políticas. São Paulo: PUC, 2022.

NETO, João Cabral de Mello. Auto do Frade. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013.

SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das letras, 2015.

SÓDRE, Nelson Werneck. A História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: MAUAD, 2004.

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