Stuart Mill – (1806 a 1873) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
John Stuart Mill - Foi um filósofo inglês do período contemporâneo ligado as correntes da filosofia “político-econômica”. Seguiu suas linhas de pensamento pelas correntes do liberalismo político, socialismo liberal, empirismo, humanismo e utilitarismo. Atuou como filósofo, economista, historiador, escritor e político. Possuía um espírito inquieto e eclético, o que o levou a ser um forte defensor da liberdade. Chegou a laborar na Companhia das Índias Orientais, ocupando vários cargos, durante boa parte de sua vida. Sua obra é considerada uma das que mais influenciaram o sistema político do século XIX. O romantismo inglês exerceu grande peso na consolidação de seus pensamentos. Mill teve uma formação rigorosa, nesse contexto, já demonstrava, desde pequeno, um grande talento para o mundo intelectual. Na juventude viajou para a França, onde aprimorou partes de seu conhecimento, tendo retornado logo depois para a Inglaterra, com a finalidade de concluir seus estudos. Seu pai foi um importante filósofo e economista escocês conhecido como James Mill. Além de seu pai, seu padrinho chamado Jeremy Bentham, inspirou suas ideias éticas sobre as correntes utilitaristas. Stuart nasceu na localidade de Pentonville, em Londres, no dia 20 de maio de 1806. Faleceu na cidade de Avignon, na França, no dia 8 de maio de 1873. Seu corpo se encontra sepultado, no cemitério de Saint-Véran, em Avignon.
Filosofia do Utilitarismo
Reformulou conceitos do pensamento ideológico
utilitarista, construindo uma concepção humanista do utilitarismo, a partir da
relação entre individualidade e autoridade. Definia a ideia de utilitarismo
como sendo “afirmações positivas que buscam a felicidade”. Pontuava que a
individualidade seria um dos elementos essenciais do bem-estar. Segundo Stuart,
o mundo seria regido por dois princípios básicos que seriam o “prazer e a dor”,
representadas também como sendo o bem e o mal. Com isso, ele dividiu os prazeres, em duas principais categorias,
sendo a primeira, considerada superior, pois estaria relacionada com as
emoções, os sentimentos e a cognição. A segunda seriam os prazeres, que eram
ditos inferiores, visto que estariam associados aos vícios carnais. Introduziu
na noção da quantificação da felicidade a percepção de qualidade, desse modo,
afirmava que a felicidade não seria simplesmente a quantidade de prazer atingido,
ela deveria ser analisada também, sobre a perspectiva da qualidade do prazer alcançado.
Nessa lógica, a noção de felicidade não estaria dissociada da ideia de
moralidade.
Sua doutrina tinha como finalidade construir uma ideia de bem-estar individual nos homens, a partir da organização pragmática da sociedade. De acordo com Mill seria necessário a elaboração de regras éticas e morais, para orientar os indivíduos na vida em sociedade. Essa formação moral seria construída através da educação, visando proporcionar uma transformação na sociedade. Para ele, o indivíduo teria o dever moral de proporcionar o maior bem-estar possível para o máximo número possível de pessoas. Dizendo de outra forma, toda política deveria buscar a máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas. Era contrário ao dirigismo absoluto do Estado, com relação a educação, pois segundo ele, o Estado poderia formar cidadãos que atendessem somente os interesses estatais. No campo do conhecimento, acreditava que o conhecimento só poderia ser adquirido através da experiência, por isso era visto como um empirista.
Filosofia Política
Escreveu algumas literaturas políticas em que dissertava sobre variadas
questões sociais. Suas ideias tinha um cunho progressista, dado o caráter
conservador de seu tempo e o ambiente em que ele vivia. Foi considerado um dos
primeiros parlamentares britânicos a defender o direito ao voto das mulheres,
apresentando propostas pelo voto feminino no Reino Unido, com a finalidade de
propor um sistema político igualitário de democracia representativa. Apoiava as
causas abolicionistas e advogava também em favor da liberdade de expressão para
os indivíduos. Como parlamentar adotou medidas para a proteção de pessoas em
estado de vulnerabilidade. Na esfera jurídica consolidou o chamado “princípio da
prevenção de dano”, em que descreve que a liberdade do indivíduo não pode ser
usada de forma negativa, ou seja, a liberdade de alguém não pode prejudicar a
vida de outros. Dessa forma, ele dizia: “a liberdade do indivíduo tem de ter
essa limitação; não pode prejudicar as outras pessoas.”
Pretendia com seu sistema de pensamento determinar as leis que regem o
sistema de produção. Chegou a definir que os fatores necessários para a
produção seriam três principais: o capital, o trabalho e a terra. Segundo Mill,
a ideia de capital definida por ele, não seria propriamente o dinheiro, porém o
dinheiro poderia se transformar em capital. Associou pontos do sistema político
liberal com ideias socialistas, propondo que, em relação ao sistema financeiro,
seria interessante adotar o conceito de livre mercado, isto é, o chamado
sistema liberal. No entanto, era a favor do Estado mínimo, no que diz respeito
as questões sociais básicas para o indivíduo, ou seja, concepções socialistas
ligadas as ideias assistencialistas. Sua filosofia social partia do ponto de
vista, de uma dependência mútua entre as relações políticas internas e
externas, que coexistiam nas instituições.
Filosofia Sapiencial
+ “As ideias têm consequências”
+ “O gênio apenas pode respirar numa
atmosfera de liberdade”
+ “Perguntai a vós mesmos se sois felizes e deixareis de sê-lo.”
+ “É o que os homens pensam que determina sua maneira de agir”.
+ “Todas as coisas boas que existem são os frutos da originalidade.”
+ “Para os males da liberdade só existe um remédio, é mais liberdade.”
+ “O amor ao poder e o amor à liberdade estão em eterno antagonismo”.
+ “Quem só conhece seu próprio lado do problema sabe pouco sobre ele.”
+ “O maior perigo de nossos tempos é que tão poucos ousam ser
excêntricos.”
+ “No final de contas, o valor de um Estado é o valor dos indivíduos que
o compõem”.
+ “Aprendi a procurar a felicidade limitando os desejos, em vez de
tentar satisfazê-los”.
+ “A liberdade do indivíduo tem de ter essa limitação; não pode
prejudicar as outras pessoas.”
+ “Cada qual é o guardião conveniente de sua própria saúde, quer corporal,
quer mental e espiritual”.
+ “Os homens agem mal não porque seus desejos são fortes, e sim porque
suas consciências são fracas”.
+ “A disciplina é mais forte do que o número; a disciplina, isto é, a
perfeita cooperação, é um atributo da civilização.”
+ “Ainda que as circunstâncias influam muito sobre o nosso caráter, a
vontade pode modificar as circunstâncias em nosso favor”.
+ “Nunca podemos ter certeza de que a opinião que tentamos sufocar é
falsa; e se tivéssemos, sufocá-la continuaria sendo um mal.”
+ “Em nossos tempos, da classe mais alta à mais baixa da sociedade,
todos vivem como que sob os olhos de uma censura hostil e temida”.
+ “As ações são corretas na medida em que tendem a promover a
felicidade, erradas na medida em que tendem a promover o reverso da
felicidade.”
+ “É na proporção do desenvolvimento de sua individualidade que cada
pessoa se torna mais valiosa para si mesma e, portanto, capaz de ser mais
valiosa para os outros.”
+ “É impossível que ocorram grandes transformações positivas no destino
da humanidade se não houver uma mudança de peso na estrutura básica de seu modo
de pensar”.
+ “Quem pode calcular o que se perde com a multidão de inteligências, a
coexistirem com caracteres tímidos, que não se aventuram a incorporar-se em
nenhuma corrente arrojada, vigorosa e independente de opinião, com o temor de
que ela os leve a alguma coisa que possa ser taxada de imoral?”
+ “Pessoas felizes são aquelas cujas mentes estão fixadas em algum outro
objeto que não seja a própria felicidade; na felicidade dos outros, no
aperfeiçoamento da humanidade, até mesmo em alguma arte ou busca empreendida
não como meio, mas como fim ideal. Ao visar assim o outro elas encontram a
felicidade casualmente”.
Obras:
Sistema de Lógica; Princípios de Economia Política; Sobre a liberdade; Utilitarismos; Sujeição das Mulheres; O Governo Representativo; A Lógica das Ciências Morais; Sobre a natureza; Análise dos Fenômenos da Mente Humana; Ensaios sobre Religião.
Fontes:
BUCHHOLZ, Todd. Novas ideias de economistas mortos. Rio de
Janeiro: Editora Record, 2000.
CARREIRO, Carlos Haroldo Porto. História do pensamento econômico.
Rio de Janeiro: Editora Rio, 1975.
CRISP, Roger. Mill e o utilitarismo. Londres: Routledge, 1997.
DAHL, Robert. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro:
Editora Jorge Zahar, 1989.
HOLLANDER, Samuel. A economia de John Stuart Mill. Toronto:
Universidade de Toronto, 1985.
HUGON, Philippe. História das doutrinas econômicas. São Paulo:
Editora Atlas, 1984.
LIMA, Rafael Lucas de. John Stuart Mill e o cultivo da
individualidade. Natal: EDUFRN, 2017.
MILL, John Stuart. Autobiografia. São Paulo: Editora Iluminuras,
2007.
ROSEN, Frederick. Utilitarismo Clássico de Hume a Mill: Estudos em
Ética e Teoria Moral. Milton Park: Routledge, 2003.
RUSSEL, Bertrand. História da Filosofia Moderna. São Paulo:
Editora Companhia Nacional, 1967.