domingo, 12 de janeiro de 2020

Timeu de Lócrida

Timeu de Lócrida – (Séc V a.C)

Autor: Alysomax Soares 

Introdução

Foi um filósofo pitagórico da Grécia antiga que estudou as áreas da Filosofia, Matemática, Física, Música e Astronomia. Além do destaque na área científica, também atuou de maneira louvável na política. Pouco se sabe sobre este filósofo, alguns historiadores afirmam que ele era amigo de Platão, outros que seria apenas um personagem de suas obras. Ele é citado em algumas obras de Platão, como no diálogo de "Timeu" e em "Crítias". Foi também orador, escritor, advogado e político. Pesquisadores relatam que Timeu exerceu algumas influências no pensamento platônico, como exemplo, o próprio filósofo Platão ao apresentar sua teoria rudimentar sobre a química dos corpos orgânicos e inorgânicos acabou por descrever pela primeira vez o conceito de “elemento”, esse conceito foi desenvolvido em um dos diálogos com Timeu, sendo essas ideias consideradas pontos basilares sobre algumas teorias da química antiga. A misteriosa ilha de Atlântida é citada na obra platônica denominada “Timeu” como um local que de fato existiu, e não apenas como sendo um mito.  

Filosofia Cosmológica

Entre os principais conhecimentos de Timeu, Platão aponta para a erudição que ele tinha sobre a natureza do universo. Na obra de Platão, o personagem Timeu descreve sua visão cosmológica do universo e faz explicações sobre o espaço e sobre o tempo. Ele afirmava que o tempo seria uma característica do universo, e que o movimento dos astros era o que fazia o tempo surgir. Nesse sentido, ele apontava uma fundamentação das ações realizadas por uma deidade e suas possíveis relações entre o campo material e a natureza humana. Platão traçou nesse diálogo um paralelo entre a existência de duas possíveis almas em um mesmo corpo humano com a visão dual entre a natureza do cosmos e a natureza humana. Nesse contexto, a primeira alma seria eterna, divinal e similar ao espírito cósmico, isto é, a alma teria sido gerada por uma entidade superior que utilizava uma espécie de essência para fundir essa alma no espírito cósmico. Já a segunda alma seria mortal e teria sido criada por entidades inferiores que misturavam disfunções necessárias. Essas disfunções poderiam ser emoções e sentimentos ligados ao estado de necessidade do corpo como os prazeres, desejos, medos, dores, paixões, esperança e outros sentimentos. Segundo sua visão, o mundo teria surgido da fusão entre os elementos terra e fogo. A Terra e os outros astros possuíam alma, essa alma poderia ser compreendida entre algo que permanece no tempo e algo que seria eterno. Estaria entre o ser das coisas e o devir, isto é, entre aquilo que “sempre é” e aquilo que “vem a ser”.

Filosofia Pitagórica

Segundo Platão, sobre a influência medicinal dos saberes pitagóricos, Timeu descreveu suas observações referentes às funções fisiológicas e psíquicas do corpo humano. Timeu também discursou sobre a metempsicose que significaria o conceito de transmigração da alma para outros corpos ou até mesmo outros animais. Em um de seus ensinamentos falava que as almas que praticavam algum vício acabavam retornando, em algum corpo frágil ou animal, para pagarem certa pena ou penitência. Timeu de Lócrida declarou certa vez  que: "as penas da outra vida eram castigos infindos aplicados às sombras dos réprobos, e que a tradição lhes perpetuara a ideia a fim de purificar o espírito de vícios".

Filosofia Sapiencial

- “A música, harmonia e ritmo, foi dada ao homem inteligente pelas musas para harmonizar o hino da discórdia na revolução de suas almas”.

"As penas da outra vida são castigos infindos aplicados às sombras dos réprobos, e que a tradição lhes perpetuara a ideia a fim de purificar o espírito de vícios".

- “Elogio muito o poeta jônico Homero de ter tornado os homens religiosos pelas fábulas antigas e úteis; porque, do mesmo modo que curamos os corpos por remédios insalubres, se não cedem aos mais salutares, do mesmo modo reprimimos as almas pelos falsos discursos, se elas não se deixam seduzir pelos verdadeiros”.

Fontes:

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RUSSELL, Bertrand. História da filosofia ocidental. São PauloCompanhia editora nacional. 1957.

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