Diogo Feijó -
(1784 a 1843) d.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Diogo Antônio
Feijó foi um filósofo teopolítico brasileiro que
viveu entre o fim do período colonial e o início do período imperial. Escreveu
sua obra em formato de cartas, artigos e discursos. Defendeu os preceitos
“regalistas liberais” na sua atuação como estadista. Era filho de pais
incógnitos, isto é, desconhecidos, pois quando nasceu teria sido abandonado na
porta de uma igreja, devido a esse fato, foi acolhido e criado pelo padre
Fernando Lopes. Estudou Gramática Latina e Retórica com a finalidade de seguir
a carreira eclesiástica. Lecionou as disciplinas de Latim, Retórica, Teologia,
História e Filosofia. Ingressou na carreira eclesiástica em 1804 e formou-se
padre, em 1808. Atuou politicamente como Vereador, Deputado, Senador, Ministro
da Justiça e Regente do Império. Considerado o primeiro regente do Brasil, ou
seja, o primeiro chefe do executivo nacional, ele ficou conhecido como “O
Regente Feijó”. Paralelamente a essas atividades, ele administrava uma
fazenda e cultivava a cana de açúcar. Foi um dos precursores da Guarda
Nacional. Nasceu na cidade de Itu, no
Estado de São Paulo, em 1784 e faleceu no mesmo Estado, em 1843. Foi sepultado
na Catedral Metropolitana de São Paulo.
Filosofia Moral
Abordou em seus
estudos uma forte relação do Estado com a igreja, apontando elementos
filosóficos com questões teológicas que se encaminhavam para reformas nos
currículos educacionais. Sua filosofia seguiu uma vinculação entre as funções
“morais do indivíduo” e a materialização dessa ética nas “ações públicas”.
Segundo alguns pensadores, sua veia iluminista teria sofrido influência das
filosofias neoplatônica, agostiniana e kantiana. Feijó direcionava seus
pensamentos a respeito da moral do homem para os horizontes da razão e da
volição. Nesse sentido, ele acreditava que a razão poderia juntar a noção de
liberdade com a ideia de vontade. Em relação à volição, ele pontuava que ela se
inclinava para a noção de natureza das decisões conscientes e inconscientes do
indivíduo.
A sua moral
volitiva poderia ser dividida em dois pontos básicos: “o amor de si” e “a
estima de si”. O primeiro era definido como uma espécie de amor próprio onde se
originaria os males, pois o homem usaria seus instintos biológicos para
sobreviver e gerar seus prazeres animais. Desse modo, para se preservar, o
homem acabaria invadindo o direito do outro em nome do seu amor próprio, pois
ele buscaria de maneira imprópria: os prazeres egoísticos, a satisfação pessoal
e a preservação do seu “eu”. O segundo, apontado como sendo “a estima de si”,
seria uma contraposição ao primeiro, pois teria como características: o
instinto inato de responsabilidade, o respeito e a abnegação para com o outro.
No que diz respeito à liberdade, ela seria um ponto regulador dessas funções
descritas, pois, poderia tanto suspender a ideia de vontade, como também, agir
de forma a limitar as paixões. Dessa maneira, ele esclarecia que a liberdade
seria o elo de harmonia entre a razão e a volição. De forma otimista, Feijó
acreditava que o homem poderia através da experiência e da reflexão, utilizar a
razão e a volição, como instrumentos constitutivos da liberdade e da autonomia
de si. Ele definia a consciência como sendo o fundamento da moralidade.
Filosofia Política
Munido de uma
forte moralidade patriótica, ele lutou a favor de grandes reformas no Estado
brasileiro, como o fim do celibato clerical e a descentralização do poder
monárquico absolutista. Escrevia pontualmente para um periódico intitulado “O
Justiceiro”, onde debatia sobre a questão religiosa. Atuante na política
brasileira, ele buscou mudanças radicais em defesa da justiça social. Feijó
despertou a desafeição da aristocracia agrária ao manifestar-se publicamente em
apoio ao fim da escravidão. Chegou a dizer que era uma contradição vergonhosa manter
os homens como escravos, pois os princípios liberais condenavam essa prática.
Decretou uma lei que proibia o tráfico de escravos no solo brasileiro, essa lei
chamada de “Lei Feijó” acabou ficando conhecida como “Lei para Inglês ver”,
pois não era completamente respeitada, mas dava uma resposta à pressão que a
Inglaterra exercia contra a escravidão. Investiu solidamente na construção de
estradas, estimulando o transporte e a economia. Isso teria proporcionado uma
maior urbanização de algumas cidades e incentivado setores bancários.
Fez parte do
movimento emancipatório do Brasil, por isso é visto como um dos idealizadores
da pátria brasileira. Nessa época, sofreu perseguição de Portugal e se exilou
na Inglaterra, retornando ao Brasil após a independência. Considerado um dos
fundadores do Partido Liberal, ele combinou ideias liberais com práticas das
políticas conservadoras. Adotou os ideais de “liberdade, igualdade e
fraternidade”. Participou da Revolução Liberal em São Paulo, onde acabou preso.
Foi responsabilizado pelas revoltas sociais e separatistas que se espalhavam
por todo o país, esse fato teria gerado sua renuncia ao cargo de regente em
1837.
Alguns críticos
acusaram o Padre Feijó de ter colocado a soberania do Brasil sobre ameaça de
invasões estrangeiras. Ele chegou a afirmar que abominava a “democracia pura”
que era formada a partir da aristocracia luso-brasileira, pois nessa época, a
democracia era restrita a determinados grupos, participando dos pleitos apenas
um grupo minoritário ligado à elite. Grande parte da população pobre e rural
não tinha ideia dos acontecimentos políticos que se tramitavam. Nesse tempo, os
movimentos políticos se inclinaram para dois grandes grupos políticos: os
liberais chamados também de progressistas e os conservadores denominados de
regressistas. Os progressistas eram grupos formados por: membros ligados à
classe média urbana, alguns clérigos e os proprietários rurais que eram afetos
as medidas descentralizadoras. Os regressistas eram grupos formados por:
grandes fazendeiros da elite, comerciantes, magistrados e funcionários públicos
que defendiam a centralização do poder político.
Filosofia
Sapiencial
+ “Sê virtuoso e
serás feliz!”
+ “O vulcão da
desordem ameaça devorar o Império”.
+ “Cada um é livre
para decidir como e quando pode fazer o bem”.
+ “O coração nunca
envelhece. Basta um serviço, um nada, um abraço e tudo nele se ilumina e
aquece”.
+ "É vergonhosa
contradição com os princípios liberais que professamos, conservar homens
escravos".
+ "Ou nada
digo, ou somente digo o que sinto. Não tenho duas caras. Venço pela força moral
e, sendo preciso, pelo emprego das armas".
+ “Analisando a
insuficiência do Dogmatismo e a prudência ou imprudência do ceticismo,
descobre-se que a verdadeira origem dos conhecimentos, é a crítica.”
+ “A razão, pois, observando a marcha das propensões, conhece que o desejo da felicidade estimula o homem a providenciar sua conservação e bem ser, e que a sensibilidade física é seu guia natural nessa indagação”.
Obras:
- Gramática Latina
- Cadernos de
Filosofia
- Periódicos - O Justiceiro
- Discursos
Políticos
- Manifesto aos
brasileiros
- O retrato do homem de honra e verdadeiro sábio
Fontes:
AZEVEDO, Vitor. Feijó:
Vida, Paixão e Morte de um Chimango. São Paulo: Editora Anchieta, 1942.
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Rafael. Diogo Antônio Feijó: Dicionário Biográfico
Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G.
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Viotti. Da monarquia a república: momentos decisivos. São Paulo: Editora
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Diogo. Cadernos de Filosofia. São Paulo: Editora Grijalbo, 1967.
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OLIVEIRA, Gabriel
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Tarquínio de. Diogo Antonio Feijó, História dos Fundadores do Brasil.
Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1988.
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