sábado, 15 de abril de 2023

Rocha Lima

Rocha Lima – (1855 a 1878) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Raimundo Antônio da Rocha Lima foi um filósofo cearense ligado a corrente de pensamento da filosofia positivista. Teria sido bastante influenciado pela filosofia de Augusto Comte. Realizou seus estudos secundários no Liceu do Ceará e no Ateneu Cearense. Escreveu sua Magna Opus intitulada de “Crítica e Literatura”, em que refletia sobre a literatura no Brasil. Era considerado um dos fundadores da Academia Francesa do Ceará. Trabalhou como poeta, filósofo e escritor cearense. Considerado patrono da cadeira de número 30 da Academia Cearense de Letras e patrono da cadeira número 22 da Academia Maçônica de Letras do Estado do Ceará (AMLEC).

Residiu na sua infância na antiga rua da misericórdia que é atualmente conhecida como “Rua Castro e Silva” próximo a praça do passeio público. Foi criado pela sua mãe e pela sua vó, tendo também uma tia que foi sua professora. Era filho de Miguel Antônio da Rocha Lima com a Senhora Maria Bezerra da Rocha Lima. Foi neto de Miguel Antônio da Rocha Lima que governou o Ceará como vice-presidente da província em 1831. Tinha um grau de parentesco com a família dos “Bezerras de Menezes” por parte de sua mãe. Nasceu em Fortaleza, no ano de 1855 e veio a falecer, em Maranguape, por volta de 1878.

Filosofia Positivista

Segundo Capistrano de Abreu, Rocha Lima sofreu inicialmente grande influência do pensador Étienne Vacherot, principalmente nas questões ligadas a filosofia da religião. Ele teria estudado com afinco as ideias que determinado tempo exerceriam em um indivíduo, caracterizando como a raça e o meio poderiam influenciar no momento de vida desse sujeito. Posteriormente se afeiçoou com as concepções da filosofia positivista, migrando seus pensamentos para as linhas cunhadas por Comte e Spencer. Foi batizado com o codinome de “gladiador do pensamento”, por conta de sua vasta atuação em várias agremiações literárias, culturais e filosóficas. Nessas associações, eram defendidas questões relacionadas à liberdade de pensamento com a finalidade de transformação da realidade sensível. Desenvolveu uma teoria sobre a criação de uma civilização ideal. Essa sociedade seria fruto de uma evolução da humanidade que transformaria sua realidade através da liberdade de pensamento. Desse modo, ele explicava que os cidadãos deveriam utilizar à escrita e a oratória como instrumentos de combate as imposições sociais. As ferramentas da escrita e do discurso seriam os principais meios de transformação social para a emancipação da sociedade. Através do conceito de “palavra-ação” o homem teria o dever de analisar, compreender e propor alternativas para lapidar as mudanças geradas na sociedade.

Filosofia da Educação

Defendia o altruísmo como sendo uma base sólida de sustentação da educação, pois segundo ele, o altruísmo predispõe o espírito humano a cultivar a inteligência e conhecer a racionalidade humana. Fundou juntamente com os membros da Padaria Espiritual um típico centro educacional chamado de “Escola Popular” que era direcionada ao ensino gratuito de operários e pessoas em situações de vulnerabilidade social. As aulas eram priorizadas no horário noturno com o objetivo de favorecer os desvalidos. A escola influenciou o cenário político da época, tanto recebendo críticas de jornais, bem como também, ajudando pessoas. Nesse contexto, grandes nomes da intelectualidade cearense fecundavam as sementes do saber no coração de Fortaleza. A Grécia alencarina nascia conquistando mentes e corações, sistematizando debates e reflexões sobre os mais variados temas filosóficos. Idealizou a criação de um partido político chamado de “partido provincial” com o objetivo de ajudar na estruturação dos projetos solidários.

Filosofia do Conhecimento

Inspirado em teóricos que fundamentaram seu saber filosófico, Rocha Lima ensaiou alguns entendimentos sobre a relativização do conhecimento. Ele explicava, em seus estudos, que todo conhecimento possui por axioma uma duplicidade, isto é, um par de opostos. Exemplificava essa tese pontuando os opostos como o frio e o calor, o alto e o baixo, o bom e o mau. Nesse contexto, ele aduzia explanações afirmando que: “quanto mais uma ideia se contrasta ou se distingue de outra, mais ela se torna clara”, desse conceito ele extraia a diferença existente entre o que era o discernimento e o que seria a similaridade. O primeiro era definido pelo entendimento que o homem teria da diferença existente entre uma coisa e os outros objetos. O segundo seria a compreensão gerada pela generalização provocada no processo de assimilação do objeto conhecido.

Filosofia Sapiencial

+ “A arte é para a sociedade o que a planta é para o solo e para o clima”

+ “Quanto mais uma ideia se contrasta ou se distingue de outra, mais ela se torna clara”

+ “Nós havemos de aportar na ilha feliz da perfeição moral, tendo como bússola a inteligência”.

+ “Se a natureza determina a vontade, a inteligência também pode determinar os motivos de suas ações”.

+ “O mal reside em nossa própria natureza, nos restos de sombra e de animalidade que nos coube por destino”.

+ “Assim como não é bom colher o fruto antes de amadurecer, não é conveniente interromper o artista na produção de sua obra”

+ “A inteligência é o legislador, o intérprete e o juiz do código moral, sem sua sanção qualquer mandamento é letra morta perante a consciência”.

+ “A vida não passa de um estado efêmero da matéria, sujeita a desagregação, e o homem tem por matéria prolongar este estado, e transformá-lo pela inteligência”.

+ “O que dizemos das formas artísticas se aplica com igual evidência nas formas literárias, pois os meios históricos fazem brotar certas formas literárias, assim como o meio ambiente faz expandir a vegetação”.

+ “A ciência é uma concepção do universo, representado por fórmulas. A arte também é uma concepção do universo, porém sob formas sensíveis. A religião, ainda sim, também é uma concepção do universo, no entanto debaixo de símbolos que inspiram fé”.

+ “Quando a Terra for semeada de almas luminosas, como o firmamento é de estrelas, quando a lei da atração, que governa os astros no espaço, governar os homens em sociedade, no livro de luz e de lágrimas em que estiver escrita a história de nossa redenção, o vosso nome estará gravado pela gratidão popular”.

+ “Desejo, em minha solidão, como plano de vida, atravessar a vida com os olhos fixos na honra e no dever, evitar não só as fraquezas, mas também as aparências de fraquezas. Impor-me pelo caráter puro e pelos sentimentos elevados à estima dos adversários e dos amigos. Obrigá-los a reconhecerem que a minha alma não é da mesma tempera que a deles”. 

Obras:

- Crítica e Literatura;

- O Direito de Punir;

- Discursos.

Fontes:

ACL. Pesquisa Histórica. Rocha Lima. Site: Academia Cearense de Letras. Fortaleza: Copyright, acesso em 2023.

ARAÚJO, Ariane Bastos Gonçalves. Territórios Sensíveis: a escrita do Gladiador do Pensamento Rocha Lima 1874-1878. Tese de Mestrado Acadêmico em História e Culturas da Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza: UECE, 2013.

CASTELO, Plácido. A História do ensino no Ceará. Fortaleza: IOCE, 1970.

JAIME. Jorge. História da Filosofia no Brasil. Vol. 1. Petrópolis: Vozes, 1997.

LIMA, Rocha. Crítica e Literatura. Maranhão: TYP. do País Imp. Christino V. de Campos, 1878.

LINS, Ivan. História do Positivismo no Brasil. Rio Branco: Companhia Nacional, 1926.

MONTENEGRO, João Alfredo de. Rocha Lima: a obra e a época. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1978.

NOBRE, Geraldo. Rocha Lima: Desfazendo Equívocos. Revista Instituto do Ceará. Fortaleza: Instituto do Ceará, 1992.

SÁ, Adísia. O lugar da Filosofia na Escola Média Cearense Contemporânea. Fortaleza: Imprensa/UFC, 1972.

STUDART, Guilherme. Dicionário Bio-Bibliográfico Cearense. Fortaleza: Typografia, 1910.


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