Rocha Lima – (1855 a 1878) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Raimundo Antônio da Rocha Lima foi um filósofo cearense ligado a corrente de pensamento da filosofia
positivista. Teria sido bastante influenciado pela filosofia de Augusto Comte. Realizou
seus estudos secundários no Liceu do Ceará e no Ateneu Cearense. Escreveu sua
Magna Opus intitulada de “Crítica e Literatura”, em que refletia sobre a
literatura no Brasil. Era considerado um dos fundadores da Academia Francesa do
Ceará. Trabalhou como poeta, filósofo e escritor cearense. Considerado patrono
da cadeira de número 30 da Academia Cearense de Letras e patrono da cadeira
número 22 da Academia Maçônica de Letras do Estado do Ceará (AMLEC).
Residiu na sua infância na antiga rua da misericórdia que é atualmente
conhecida como “Rua Castro e Silva” próximo a praça do passeio público. Foi
criado pela sua mãe e pela sua vó, tendo também uma tia que foi sua professora.
Era filho de Miguel Antônio da Rocha Lima com a Senhora Maria Bezerra da Rocha
Lima. Foi neto de Miguel Antônio da Rocha Lima que governou o Ceará como
vice-presidente da província em 1831. Tinha um grau de parentesco com a família
dos “Bezerras de Menezes” por parte de sua mãe. Nasceu em Fortaleza, no ano de 1855
e veio a falecer, em Maranguape, por volta de 1878.
Filosofia Positivista
Segundo Capistrano de Abreu, Rocha Lima sofreu inicialmente grande
influência do pensador Étienne Vacherot, principalmente nas questões ligadas a
filosofia da religião. Ele teria estudado com afinco as ideias que determinado
tempo exerceriam em um indivíduo, caracterizando como a raça e o meio poderiam
influenciar no momento de vida desse sujeito. Posteriormente se afeiçoou com as
concepções da filosofia positivista, migrando seus pensamentos para as linhas
cunhadas por Comte e Spencer. Foi batizado com o codinome de “gladiador do
pensamento”, por conta de sua vasta atuação em várias agremiações literárias,
culturais e filosóficas. Nessas associações, eram defendidas questões
relacionadas à liberdade de pensamento com a finalidade de transformação da
realidade sensível. Desenvolveu uma teoria sobre a criação de uma civilização
ideal. Essa sociedade seria fruto de uma evolução da humanidade que
transformaria sua realidade através da liberdade de pensamento. Desse modo, ele
explicava que os cidadãos deveriam utilizar à escrita e a oratória como
instrumentos de combate as imposições sociais. As ferramentas da escrita e do
discurso seriam os principais meios de transformação social para a emancipação
da sociedade. Através do conceito de “palavra-ação” o homem teria o dever de
analisar, compreender e propor alternativas para lapidar as mudanças geradas na
sociedade.
Filosofia da Educação
Defendia o altruísmo como sendo uma base sólida de sustentação da educação,
pois segundo ele, o altruísmo predispõe o espírito humano a cultivar a
inteligência e conhecer a racionalidade humana. Fundou juntamente com os
membros da Padaria Espiritual um típico centro educacional chamado de “Escola
Popular” que era direcionada ao ensino gratuito de operários e pessoas em
situações de vulnerabilidade social. As aulas eram priorizadas no horário
noturno com o objetivo de favorecer os desvalidos. A escola influenciou o
cenário político da época, tanto recebendo críticas de jornais, bem como também,
ajudando pessoas. Nesse contexto, grandes nomes da intelectualidade cearense fecundavam
as sementes do saber no coração de Fortaleza. A Grécia alencarina nascia conquistando
mentes e corações, sistematizando debates e reflexões sobre os mais variados
temas filosóficos. Idealizou a criação de um partido político chamado de
“partido provincial” com o objetivo de ajudar na estruturação dos projetos solidários.
Filosofia do Conhecimento
Inspirado em teóricos que fundamentaram seu saber filosófico, Rocha Lima
ensaiou alguns entendimentos sobre a relativização do conhecimento. Ele explicava,
em seus estudos, que todo conhecimento possui por axioma uma duplicidade, isto
é, um par de opostos. Exemplificava essa tese pontuando os opostos como o frio
e o calor, o alto e o baixo, o bom e o mau. Nesse contexto, ele aduzia
explanações afirmando que: “quanto mais uma ideia se contrasta ou se
distingue de outra, mais ela se torna clara”, desse conceito ele extraia a
diferença existente entre o que era o discernimento e o que seria a
similaridade. O primeiro era definido pelo entendimento que o homem teria da
diferença existente entre uma coisa e os outros objetos. O segundo seria a
compreensão gerada pela generalização provocada no processo de assimilação do
objeto conhecido.
Filosofia Sapiencial
+ “A arte é para a sociedade o que a planta é para o solo e para o clima”
+ “Quanto mais uma ideia se contrasta ou se distingue de outra, mais ela
se torna clara”
+ “Nós havemos de aportar na ilha feliz da perfeição moral, tendo como
bússola a inteligência”.
+ “Se a natureza determina a vontade, a inteligência também pode
determinar os motivos de suas ações”.
+ “O mal reside em nossa própria natureza, nos restos de sombra e de
animalidade que nos coube por destino”.
+ “Assim como não é bom colher o fruto antes de amadurecer, não é
conveniente interromper o artista na produção de sua obra”
+ “A inteligência é o legislador, o intérprete e o juiz do código moral,
sem sua sanção qualquer mandamento é letra morta perante a consciência”.
+ “A vida não passa de um estado efêmero da matéria, sujeita a desagregação,
e o homem tem por matéria prolongar este estado, e transformá-lo pela
inteligência”.
+ “O que dizemos das formas artísticas se aplica com igual evidência nas
formas literárias, pois os meios históricos fazem brotar certas formas
literárias, assim como o meio ambiente faz expandir a vegetação”.
+ “A ciência é uma concepção do universo, representado por fórmulas. A
arte também é uma concepção do universo, porém sob formas sensíveis. A
religião, ainda sim, também é uma concepção do universo, no entanto debaixo de símbolos
que inspiram fé”.
+ “Quando a Terra for semeada de almas luminosas, como o firmamento é de
estrelas, quando a lei da atração, que governa os astros no espaço, governar os
homens em sociedade, no livro de luz e de lágrimas em que estiver escrita a
história de nossa redenção, o vosso nome estará gravado pela gratidão popular”.
+ “Desejo, em minha solidão, como plano de vida, atravessar a vida com
os olhos fixos na honra e no dever, evitar não só as fraquezas, mas também as
aparências de fraquezas. Impor-me pelo caráter puro e pelos sentimentos
elevados à estima dos adversários e dos amigos. Obrigá-los a reconhecerem que a
minha alma não é da mesma tempera que a deles”.
Obras:
- Crítica e Literatura;
- O Direito de Punir;
- Discursos.
Fontes:
ACL. Pesquisa Histórica. Rocha
Lima. Site: Academia Cearense de Letras. Fortaleza: Copyright, acesso em
2023.
ARAÚJO, Ariane Bastos
Gonçalves. Territórios Sensíveis: a escrita do Gladiador do Pensamento Rocha
Lima 1874-1878. Tese de Mestrado Acadêmico em História e Culturas da
Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza: UECE, 2013.
CASTELO, Plácido. A
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JAIME. Jorge. História da
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LIMA, Rocha. Crítica e
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LINS, Ivan. História do
Positivismo no Brasil. Rio Branco: Companhia Nacional, 1926.
MONTENEGRO, João Alfredo de.
Rocha Lima: a obra e a época. São Paulo: Instituto Brasileiro de
Filosofia, 1978.
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Lima: Desfazendo Equívocos. Revista Instituto do Ceará. Fortaleza:
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SÁ, Adísia. O lugar da
Filosofia na Escola Média Cearense Contemporânea. Fortaleza: Imprensa/UFC, 1972.
STUDART, Guilherme. Dicionário
Bio-Bibliográfico Cearense. Fortaleza: Typografia, 1910.
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