Escola de Éfesos
Autor: Alysomax Soares
Introdução
A escola de Éfesos ficou
conhecida também como “Escola Heraclitiana” ou Escola Efésica, por conta de seu
principal representante que era o filósofo Heráclito de Éfesos, tendo como seu
principal discípulo o filósofo Crátilo de Atenas. Os filósofos dessa escola de
pensamento compartilhavam a ideia de que o movimento era a causa primeira de
todas as coisas, nesse contexto eles também eram denominados de filósofos “mobilistas”.
Inicialmente a escola não possuiu muitos discípulos, sendo citada devido sua
grande influência na filosofia e em outras correntes de pensamento. Embora não
existam muitas informações sobre os discípulos de Heráclito, alguns filósofos e
pensadores, de sua época, trocaram conhecimentos mútuos. Mesmo assim, alguns
outros filósofos são considerados simpatizantes dessa corrente, por seguirem
uma tendência similar de ideias. Um certo número de historiadores classifica a
escola de Éfesos, juntamente com a de Mileto, como se elas fossem partes da escola
jônica, reunindo pontos diferentes e comuns, entre elas.
Filosofia da Natureza
O principal foco dessa escola buscava
compreender a origem e a natureza fundamental da realidade através da
observação e da reflexão. Para Heráclito, o fundador dessa corrente, o fogo
seria a “arché” primordial, isto é, o principal combustível responsável
por essa mudança contínua no universo, pois era a substância mais ativa na
natureza e que estaria em constante transformação. Essa mudança era definida
como o eterno devir, ou seja, o “ir-e-vir” constantes, caracterizado
pela fluidez das coisas. Também era definida como "panta rei",
quer dizer, "a vida é fluxo", que era a ideia de que a realidade estaria
em constante mudança, pois nada permaneceria o mesmo. Ele utilizava a metáfora
do rio para explicar partes de sua teoria, dizendo que: “ninguém pode se
banhar duas vezes em um mesmo rio”, querendo dizer, que o homem, ao entrar
uma segunda vez no rio, não seria mais o mesmo, nem o rio também seria
igualmente o mesmo. Sua ideia de movimento influenciou e ainda influência, até
hoje, muitos pensadores e sistemas de pensamentos.
Filosofia da Linguagem
Heráclito também foi
considerado um dos percussores da dialética, tendo utilizado a linguagem para
compreender os fenômenos da natureza. Criou uma teoria chamada de doutrina dos
contrários, ao qual ele pronunciava que existiria uma luta constante e eterna
entre os contrários, explicando que um oposto não poderia existir sozinho sem o
outro oposto, pois um dependeria do outro para existir. A contradição seria
responsável pelo surgimento de uma unidade dialética. Argumentava que se um
observador percebe uma subida em uma grande escada, outro observador, que esteja
na parte de cima, poderia entender, essa mesma escada, como sendo uma descida.
Seguindo esse mesmo raciocínio para a ideia de temperatura, pois não existiria
permanentemente o frio ou o quente, mas sim o calor, descrito mais propriamente
como temperatura. Em outras palavras, é como se o princípio fosse o mesmo que o
fim, como em um círculo. O que estaria em baixo seria igual ao que estaria em
cima, pois o caminho para ir para cima e depois para baixo seria o mesmo. Desse
modo, ele estabeleceu uma síntese contraditória e permanente da realidade. Formulando
um conceito de unidade permanente do ser, diante da pluralidade e mutabilidade
das coisas.
Considerações Finais
Segundo essa escola de
pensamento, o logos seria a lei fundamental da própria natureza. Esse logos,
que seria uma força ordenadora da natureza, se revelava exatamente no universo através
de contradições, que estariam em constantes transformações. A realidade seria
dinâmica, tendo sua origem nas oposições, isto é, na força dos contrários, ela
aconteceria na mudança, na eterna luta entre os opostos. A realidade possuiria
uma unidade básica, ou seja, uma unidade na pluralidade, que poderia ser
traduzida, como sendo, o logos. Dessa forma, as contradições são complementares
e necessárias. O logos age como um regulador ou harmonizador natural do
constante movimento que é gerado. O logos era representado pela ideia de razão,
o mesmo que, um princípio universal, sendo vista como uma força cósmica que
permeia tudo, trazendo ordem ao caos.
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