domingo, 24 de agosto de 2025

Bárbara de Alencar

Bárbara de Alencar – (1760 a 1832) d.C

Autor: Alysomax Soares

Bárbara Pereira de Alencar – Foi uma filósofa política ligada as correntes de pensamento do progressismo. Recebeu o título de cidadã cearense em memória pela sua grande influência na história do estado. Herdou o seu primeiro nome em homenagem a santa Bárbara. Ficou conhecida como “Dona Bárbara do Crato” e figura na lista dos chamados heróis da pátria. Destacou-se como uma mulher letrada em uma época que as mulheres tinham poucos direitos a educação. Possuidora de uma personalidade forte e uma cultura admirável, desde jovem já lia os grandes clássicos da literatura universal. Estimada como uma das primeiras revolucionárias do Brasil, ela desempenhou a função de fazendeira, comerciante e ativista. Estudou botânica com o padre naturalista Manuel de Arruda Câmara, tendo sido influenciada espiritualmente e politicamente pelos pensamentos do clérigo. Detentora de um vasto saber político, também foi inspirada pelas doutrinas iluministas dos filósofos Voltaire, Montesquieu e Rousseau. Era filha do senhor Joaquim Pereira de Alencar com a dona Teodósia Rodrigues da Conceição. Nasceu no sertão de Pernambuco, na cidade de Exu, em 11 de fevereiro de 1760. Faleceu na localidade de Fronteiras, município do Piauí, por volta de 18 de agosto de 1832. Seu corpo foi sepultado na cidade de Campos Sales, no Ceará. Teve, a seu pedido, um enterro simples, enrolada numa rede. Seu túmulo encontra-se em processo de tombamento. Recebeu, ao logo do tempo, várias homenagens e reconhecimentos por todo o país.  

Filosofia Política

Considerada uma protomártir da independência do Brasil, ela contribuiu, substancialmente, na construção dos ideais republicanos, participando das discussões e reuniões relacionadas com os movimentos políticos da época. Desafiou os poderes sociais e políticos vigentes em seu tempo. Ficou consagrada historicamente como uma heroína que defendia as concepções libertárias, tendo participado da revolução pernambucana e da confederação do Equador. Desempenhou forte papel de articulação entre políticos, clérigos e intelectuais, lutando por um nacionalismo liberal que tornasse o estado brasileiro livre e forte. Tinha um posicionamento contrário as idealizações absolutistas, advogando em prol do separatismo e da identidade brasileira. Mulheres como Bárbara, quando se tornavam viúvas, tinham que se virar para criar os filhos e administrar grandes fazendas. Nesse cenário, elas eram muitas vezes chamadas de “Mulher-Macho” ou “Matriarcas do Sertão”. Títulos herdados pela influência local que representavam, exercendo grande liderança e poder nos chamados feudos regionais do sertão. A revolucionária do Crato, rompeu com o papel tradicional de mulher do lar, atuando como guerreira, intelectual e articuladora. Vista por muitos como uma mulher de fibra e coragem, ela é, atualmente, referência da luta feminina pelos direitos da mulher. Parafraseando o poeta: “Bárbara...essa mulher foi Bárbara”!

Filosofia Progressista

Segundo descrevem os historiadores, em uma bela manhã de domingo, na igreja local da vila do Crato, estavam reunidos a plebe e os poderosos, quando um dos filhos de Bárbara, José Martiniano se dirigiu ao púlpito, e leu um dos textos simbólicos da revolução, chamado de “o preciso”. Conclamando por liberdade, ele declarou ali a república de Jasmim. Acredita-se que, boa parte da inter-relação política, nas sedições, tenha sido arquitetado e planejado pela mãe. Porém, por ser mulher, e dada a sua condição de senhora matriarca, ela preferiu atuar mais discretamente, assumindo o papel de conselheira, não se manifestando, em certas ocasiões, visivelmente, evitando ficar em evidência, pois era o cérebro pensante do movimento. Mesmo assim, sofreu grande perseguição política, sendo presa em calabouços por quase quatro anos. Foi acorrentada e conduzida para os fortes de Fortaleza, Recife e Salvador. Teve todos os seus bens confiscados pela coroa portuguesa. Foi vítima de várias difamações e boatos contra sua honra, os quais teriam sido perpetuadas por inimigos políticos. Segundo algumas correntes feministas, sua atuação pública, na condição de mulher, contribuiu para que ela sofresse certas humilhações caracterizadas como violência de gênero. Para elas, as falsas acusações tinham como objetivo, difamar as mulheres, para macular sua imagem e apagar sua memória, frente aos grandes acontecimentos históricos. Admirada como uma mulher à frente de seu tempo, ela é tida como uma das pioneiras da liberdade, que lutaram por justiça e igualdade. 

Fatos e Curiosidades:

Relata-se que, na Fortaleza de Assunção, local em que Dona Bárbara ficou aprisionada, ainda existe o calabouço, onde as pessoas visitam. Narra-se entre a tradição popular, uma lenda de que, até esse tempo, é possível ouvir pelas madrugadas, sons de gritos e gemidos ecoando pelo porão. Nesse espaço, foi anexada uma placa com a seguinte frase: “aqui gemeu Bárbara Pereira de Alencar”. Bárbara era avó do escritor cearense José de Alencar. Também foi mãe de José Martiniano Pereira de Alencar e de Tristão Gonçalves de Alencar Araripe.  

Filosofia Sapiencial

+ “Os escravos foram meus amigos mais leais"

Fontes:

ARAÚJO, Ariadne. Bárbara de Alencar. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.

ARAGÃO, Caetano Ximenes de. Romanceiro de Bárbara. Série Luz do Ceará. Fortaleza, Secretaria de Cultura do Ceará, 2010.

CARVALHO, José. Heroína Nacional: Bárbara de Alencar. Fortaleza: Revista do Instituto do Ceará. 1920.

GASPAR, Roberto. Bárbara de Alencar: a guerreira do Brasil. Fortaleza: Gráfica Tiprogresso, 2001.

MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa. Bárbara de Alencar. Fortaleza: Revista do Instituto do Ceará, 1995.

NOBRE, Luciana Barbosa. O romance de Bárbara. Rio de Janeiro: Editora Revista da Academia de Letras, 1982.

PELLEGRINO, Antônia. Bárbara de Alencar e as Raízes Brasileiras da Violência Política de Gênero. Revista do Centro de Pesquisa e Formação. N: 15. São Paulo: SESC/RCPF, 2022.

QUEIROZ, Rachel de; HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Matriarcas do Ceará: Dona Federalina de Lavras. Rio de Janeiro: Papéis avulsos, 1990.

SOUZA, Duda. Porto; CARARO, Aryane. Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil. São Paulo: Editora Seguinte, 2017.

SOUSA, Kelyane Silva de. Bárbara de Alencar: relações de gênero e poder no Cariri Cearense. Dissertação de Mestrado. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2015.

 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Antipas de Pérgamo

Antipas de Pérgamo - (28 a 93) d.C. Aprox.

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo teológico pertencente ao período de transição entre a filosofia helenística e a filosofia medieval, por volta da fase de ouro em que viveram os descritos padres apostólicos. Figura na lista dos chamados “hieromártires Cristãos”. Teria sido discípulo direto do apóstolo São João Evangelista. Seu nome é citado algumas vezes no livro bíblico do Apocalipse, e significa no grego “contra todos”, sendo apresentado como “Antipas, a fiel testemunha”. Atuou como bispo da Igreja de Pérgamo, durante o reinado do imperador Nero. Foi martirizado por combater as heresias e idolatrias, durante o governo de Domiciano. Ficou afamado como o santo protetor que alivia a dor de dentes. Poucas informações foram preservadas a seu respeito. Tendo inclusive, já sido confundido com outra figura histórica conhecida pelo nome de “Herodes Antipas”. Contudo, é consenso entre os historiadores, que se trata de duas personalidades distintas. Não se sabe com precisão a data exata de seu florescimento, tendo falecido com certa idade avançada, teria sido assassinado no templo de Ártemis, e seu corpo foi sepultado na cidade de Pérgamo. O túmulo passou a exalar um agradável aroma de bálsamo por muitos anos, tornando-se fonte de milagres e de curas para diversas doenças. Existe uma tradição católica antiga, que acredita que um tipo de óleo conhecido como "maná dos santos", seria retirado das relíquias de Santo Antipas.

Filosofia Eclesiástica

Iniciou sua defesa aos princípios cristãos, após ter sido preso por negar adoração aos ídolos das religiões greco-romanas. Passou então a convencer os romanos a não oferecerem mais sacrifícios pagãos aos falsos ídolos. Isso teria gerado a desafeição de alguns heréticos que passaram a persegui-lo. Foi amarrado, torturado e jogado, ainda com vida, em uma fornalha ardente que tinha o formato de um touro. Relata-se que, no momento de sua morte, Antipas teria bravejado em voz alta, uma forte oração, agradecendo a Deus por ter sido escolhido para sofrer por amor a cristo, testemunhando que o amor de Deus é mais forte que a própria morte. Pediu a Deus para que guardasse sua alma e fortalecesse a fé dos cristãos. Algumas fontes descrevem que seu corpo se reduziu a cinzas, outras que foi literalmente cozinhado, porém a tese mais aceita, seria o relato de que a noite, os cristãos levaram seu corpo intocado pelas chamas, para o local onde foi enterrado. Ainda segundo certos pesquisadores assim descrevem, enquanto os pagãos assistiam ao sinistro de sua morte, esperando o espetáculo que era comum nesse tipo de tortura, em que ecoava gritos das vítimas, por um canal acústico, simbolizando rugidos de touro, quando estes eram lançados no animal de bronze ardente, de forma surpreendente, Antipas não gritava de dor, ao contrário, orava por seus algozes, recitando salmos e canções ao senhor.

Filosofia Teológica

A tradução etimológica da palavra “Pérgamo” não é muito clara. Algumas traduções explicam que vêm de purgos, que significa torre alta, castelo fortificado, podendo ter sua tradução estendida em diferentes línguas. Outras traduções apontam para a ideia de casamento ou abundância. Pérgamo era considerada, entre os cristãos, uma cidade pecaminosa, tendo estátuas que simbolizavam culto aos ídolos. Havia inclusive um templo de adoração ao imperador romano. Antipas demostrou sua repugnância aos pecados e vícios humanos, refutando o vazio e a maldade que existia na adoração da cultura do paganismo. Existia uma forte oposição ao cristianismo, praticada por uma forma de estatismo humanista, gerenciada principalmente, pelo judaísmo e pelos romanos. A tradição cristã acredita que o “santo Antipas” pode ser caracterizado como sendo o mesmo personagem citado no livro do Apocalipse na Bíblia: Nela é citada, em uma passagem, tanto o nome de Antipas, bem como a cidade de Pérgamo, observe o que diz o trecho bíblico:

"E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: Eu sei onde moras, onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias em que Antipas, minha testemunha fiel, foi morto entre vós, onde Satanás habita" (Apocalipse 2:12-13).

Nesse contexto, muitos cristãos desse tempo, participavam de alguns eventos pagãos, devido a cultura social da época, que normalizava certos vícios morais, em nome da boa convivência política e econômica. A cidade de Pérgamo chegou a ser descrita como sendo o trono de Satanás pela própria doutrina bíblica. A influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a congregação com as falsas idolatrias. Havia uma mistura de pluralismo e sincretismo religioso, que se igualava aos antigos cultos pagãos. Desse modo, a prática da idolatria teria sido combatida por Antipas, pois ele acreditava ser necessário resistir fielmente as tentações, visto que esses valores pagãos não eram compatíveis com o Evangelho. Defensor da fé cristã, ele suportou a perseguição até o fim de sua vida, destacando-se no mundo como sendo a fiel testemunha e dando prova disso. Ficou conhecido por expulsar demônios, curando possessos e enfermos. Parte de sua vida estar envolto em mistérios, tendo vivenciado as tensões políticas e religiosas de seu tempo. Relata-se que, em um dado momento, alguém teria advertido a Antipas dizendo: "Antipas, o mundo inteiro está contra você!", e ele teria alegadamente respondido: "Então eu sou contra o mundo inteiro!".

Fatos e Curiosidades

Conta-se que, antes de sofrer seu martírio, Antipas foi levado perante o governador, para que este pudesse persuadi-lo a negar sua fé. O governador teria lhe dito que a adoração aos ídolos era uma prática mais antiga, e que por isso, essa tradição deveria ser mais respeitada do que aquela nova religião pregada por pescadores e gente humilde. Antipas, então, teria respondido ao governador, relembrando a história de Caim, que embora também tivesse sido uma história tradicional da humanidade, esse fato era intolerável, pois descrevia um assassinato contra um irmão. Assim também, seriam as crenças e práticas dos antigos helênicos, que apesar de muito antigas, continham heresias, e que por isso, também mereciam desprezo por parte daqueles que cultivavam a verdade de Deus, pois os deuses pagãos eram obras de mãos humanas e que tudo o que se dizia sobre eles, estaria repleto de vícios e iniquidades.

O termo "pergaminho" deriva do grego "pergamene" e do latim "pergamena", ambos relacionados à cidade de Pérgamo. Segundo fontes, foi a população da cidade de Pérgamo que começou a usar peles de animais para fazer o pergaminho, substituindo o antigo papiro. A princípio, o pergaminho era feito de pele de animais, como ovelhas ou cabras, sendo utilizada como suporte para a escrita e a pintura.

Filosofia Sapiencial

+ “Não irei servir aos demônios, estes fogem de mim”.

+ “Eu continuarei adorando ao criador de todos, o Senhor Todo-Poderoso, juntamente com seu filho unigênito e o Espírito Santo”.

+ “Como posso eu oferecer sacrifícios aos demônios, quando diariamente ofereço sacrifício ao Deus verdadeiro, por meio de Cristo?”

Fontes:

ANDRÉ DE CESÁREIA. Comentário sobre o Apocalipse. Col. Os Padres da Igreja. Trad. Eugenia Scarvelis. Washington: Catholic University of America Press, 2011.

BASS, Ralph E., Jr. De Volta para o futuro: um estudo do livro Apocalipse. Greenville, South Carolina: Living Hope Press, 2004.

BEALE, Gregory Kimball. O Livro do Apocalipse: Novo Comentário Internacional do Testamento Grego. Michigan: Editora ‎ Eerdmans, 1999.

BRUCE, Frederick Fyvie. O Novo Testamento Documentado: Sua Origem e Testemunho Histórico. São Paulo: Editora Vida Nova, 1990.

DEMAR, Gary. O Martírio de São Antipas e a composição do Apocalipse. Londrina: Revista cristã Última chamada, 2017.

EUSÉBIO DE CESARÉIA. História Eclesiástica. São Paulo: Editora Novo Século, 2002.

HENDRIKSEN, William. Mais que Vencedores: Uma Interpretação do Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.

HITCHCOCK, Mark. O Livro Completo da Profecia Bíblica. Illinois: Tyndale House Publishers, 1999.

RAYMUNDO, César Franscisco. Equívocos e Contradições do Preterismo. Londrina: Revista cristã Última chamada, 2019.  

SUMMERS, Ray. A Mensagem do Apocalipse. Florianópolis, Editora Juerp,1986.

TERTULIANO. Apologéticos e o Pálio. Col. Patrística. São Paulo: Paulus, 1995.

 

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Padre Ibiapina

Padre Ibiapina - (1806 a 1883) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

José Antônio de Maria Ibiapina Foi um filósofo cearense pertencente as correntes de pensamentos teopolíticas. Antecipou as concepções filosóficas que mais tarde influenciaram o surgimento da chamada “teologia da libertação”. Atuou como professor, político, jurista, sacerdote, missionário e filósofo. Começou seus primeiros estudos na cidade de Icó, posteriormente migrou para o Crato e depois para a localidade de Jardim, onde estudou latim com o mestre Joaquim Teotônio Sobreira de Melo. Ingressou inicialmente no seminário de Olinda, mas logo teve que abandonar o curso, pois sua mãe teria falecido prematuramente e seu pai foi executado, após participar de um movimento político. Diante das dificuldades, resolveu ingressar na faculdade de Direito de Olinda, onde deu início as suas carreiras jurídicas. Exerceu diversas profissões antes de se firmar sacerdote, abandonando as carreiras jurídicas e políticas para se tornar um missionário. Recusou diversos títulos e cargos para se dedicar ao sacerdócio.

Considerado o “Apóstolo do Nordeste”, ele ficou conhecido como o “Padre Mestre Ibiapina”. Recebeu esse cognome Ibiapina de seu pai, em homenagem ao local de casamento do seu genitor. Chegou também a mudar um de seus sobrenomes, que antes era Pereira, trocando para o sobrenome de Maria. Contudo, algumas fontes históricas preferem transcrever seu nome anexando os dois adnomes, ficando, então, “José Antônio Maria de Pereira Ibiapina”. Era filho do senhor Francisco Miguel Pereira com a senhora Teresa Maria. O Padre Ibiapina nasceu em 5 de agosto de 1806, em Sobral e faleceu em 19 de fevereiro de 1883, na cidade de Solânea, na Paraíba. Vitimado por um derrame, fruto de uma paralisia progressiva dos membros inferiores. Recebeu o título de venerável pela igreja católica, bem como também, foi homenageado com o nome de várias ruas, bairros, escolas e fundações, por várias regiões do Brasil.

Filosofia Teopolítica

Utilizou sua veia política e sacerdotal para atuar como missionário. A Igreja Católica o nomeou para o cargo de Visitador Diocesano, com a missão de supervisionar algumas atividades da Igreja. Foi eleito Deputado Geral e após abandonar a carreira política, passou a peregrinar pelos estados do Nordeste com a missão de realizar a caridade. Dedicou-se a rezar, meditar, estudar teologia e filosofia. Realizou inúmeras atividade sociais em prol das comunidades rurais, fundando diversas casas de caridade que eram utilizadas por pessoas em situação de vulnerabilidade. Organizou missões, construiu capelas, igrejas, açudes, cacimbas, poços, reservatórios, cemitérios e hospitais pelos sertões do Nordeste. Percorria o sertão inóspito de forma itinerante, pregando seus sermões e aconselhando o público sofrido, tendo ficado afamado pelo povo com o título de o “peregrino da caridade”. As obras de caridade não visavam apenas levar a fé para as pessoas, mas também, criar através do espírito da caridade, ações políticas de cooperação, que transformasse significativamente a vida dessas pessoas, como por exemplo, os mutirões para construções, que formavam os núcleos habitacionais. Buscava levar aos desvalidos, o conforto espiritual e material, promovendo a dignidade humana e a transformação social, através da fé e da caridade. Detentor de uma eloquente oratória, ele conseguia seduzir as massas e mobilizar o povo para a realização dos trabalhos. Além das obras sociais, também lhe é creditado ter realizado curas e milagres.

Filosofia da Educação

Diante da violência impulsionada por uma cultura selvagem que assombrava o agreste nordestino, o padre-mestre ambicionou mudar o sertão, não por fora, mas por dentro. Instituiu uma forma de educação social, em que organizava junto com a população local, meios de resolução dos problemas, com isso, educava o povo, através da disciplina ética do trabalho. Absorveu como lema: pacificar, educar e profissionalizar, desenvolvendo um estilo de educação cívica e humanizante, que fomentava através da fé, da caridade e do trabalho, uma formação de capital humano, econômico, moral e social.  

Exerceu o trabalho de professor, chegando a lecionar para várias personalidades políticas e jurídicas. Também foi nomeado professor de eloquência sacra no seminário de Olinda. Alguns espaços de acolhimento construídos pelo chamado “Padre-Mestre” promoviam atividades escolares, onde se aprendia a ler e escrever, bem como a prática de algum ofício. Fundou orfanatos para atender crianças humildes e mulheres em condição de desamparo. Nesses locais eram fornecidos educação moral e religiosa. As mulheres, por exemplo, além da assistência à saúde, realizavam atividades profissionalizantes e laborativas. Realizou oficinas onde ensinava atividades de artesanato, tecelagem e costura. Promoveu o ensino de técnicas agrícolas e canais de irrigação, com a finalidade de ajudar os sertanejos a sobreviverem.

Filosofia Jurídica

Figurou entre os primeiros alunos matriculados na Faculdade de Direito de Olinda, formando-se na primeira turma de Bacharéis em Ciências Jurídicas. Lecionou as disciplinas de Direito Natural e Direito Criminal, tendo inclusive assumido a presidência da Comissão de Justiça Criminal. Foi nomeado juiz de direito da Vila de Campo Maio e Delegado de Polícia da Prefeitura de Quixeramobim. Criou um projeto de lei para impedir o desembarque de escravos vindos da África em território brasileiro. Exerceu a advocacia em defesa dos mais pobres e agiu como conselheiro resolvendo conflitos. Deu início aos processos de demarcações de terras por várias regiões, defendendo os direitos dos trabalhadores rurais, colaborando com a formação e fundação de alguns municípios. Lutou pelas causas nacionalistas com ênfase nas questões sociais, tornando-se uma figura mítica na cultura popular nordestina.

Filosofia Sapiencial

+ "É preciso edificar uma casa"

+ "A oração é o alimento da alma."

+ "A caridade é o maior dos dons."

+  “Caminhar é o nome da felicidade”

+ "A paciência é a virtude dos fortes."

+ "A esperança é a âncora do espírito."

+ "A perseverança é a mãe do sucesso."

+ "A virtude é o caminho para a felicidade."

+ "A humildade é a chave para a salvação."

+ "A nossa caridade deve ser ativa, operosa e constante."

+ “O presente e os sucessos ordinários da vida não me impressionam”.

+ "O homem sem Deus é como o choco sem o pinto; sem ele, o homem é um ovo podre".

+ "Muita humildade. Falar pouco e só o necessário, para que pela língua não escape a vida espiritual."

+ “Confie em Deus, que a soberba fugirá de nossa casa e triunfará sobre as maquinações do inimigo.”

+ "Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários".

+ “Enquanto tivermos água, haverá para todos. Quando não houver mais, morreremos de sede com eles todos”.

+ "Um coração angélico, puro, simples, casto, humilde, desinteressado, benfazejo e tão dedicado ao amor de Deus e do próximo..."

+ “A evangelização não se faz somente pela administração dos sacramentos, mas também pelo exercício concreto e prático do amor ao próximo”.

+ "Depois do temor a Deus, o meio mais poderoso que tem o pai e a mãe de família para conservar a família em boa moral, na obediência e ordem regular, é o trabalho constante e forte".

Fatos e Curiosidades

Segundo constatam alguns biógrafos, o Padre-Mestre teria, a princípio, abandonado a carreira jurídica, após um incidente, em que presidia um júri, tendo possivelmente se sentido traído e perseguido, em seu ideal de justiça. Ele pediu exoneração do cargo e passou a atuar na esfera política, exercendo o cargo de Deputado Geral, porém, ainda de maneira polida, tentou combater os casos de corrupção, momento que novamente se frustrou, resolveu, diante disso, deixar a arena política. Decidiu se retirar e viver mais recluso e reflexivo, experenciando a solitude, meditando seu apogeu espiritual, estudando filosofia e teologia. Logo depois, recupera-se, torna-se, então, o “Apóstolo do Sertão”, cruzando o Nordeste árido na promoção da paz e da justiça social. 

 

Fontes:

ALVES, Guarino. Claras figuras do passado. Fortaleza, Revista do Instituto do Ceará, 1980.

ARAÚJO, Francisco Sadoc de. Padre Ibiapina: peregrino da caridade. Fortaleza: Editora Paulinas, 1996.

BEVILAQUA, Clovis. História da Faculdade de Direito do Recife. Brasília: INL, Conselho Federal de Cultura, 1977.

CARVALHO, Cláudio Sousa de. Padre Ibiapina e o Imaginário Popular. ANPUH – XXII Simpósio Nacional de História. João Pessoa: UFCG, 2003.

COMBLIN, José. Instruções espirituais do Padre Ibiapina. São Paulo: Paulus, 1984.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos. Rio de Janeiro: Record, 2000.

HOORNAERT, Eduardo. Crônica das casas de caridade: fundadas pelo Padre Ibiapina. Fortaleza: Museu do Ceará, Secretaria da Cultura do Estado do Ceará,2006.

LEAL, Vinícios Barros. Ibiapina: um profeta em sua terra. Fortaleza: Revista do Instituto do Ceará, 1983.

MACIEL, Célia Magalhães. Padre Ibiapina: máximas, casas de caridade e o seu pensamento evangelizador. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2015.

MARIZ, Celso. Ibiapina: Um Apóstolo do Nordeste. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 1997.

SILVA, Benedito. Padre Ibiapina. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.

VICTOR, Plínio Araújo. Ibiapina e os Donos da Memória. Dissertação de Mestrado. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, 1995.

 

domingo, 15 de junho de 2025

Ecfanto de Siracusa

Ecfanto de Siracusa – (500 a 400) a.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo pré-socrático da Grécia antiga pertencente à escola pitagórica. Era considerado um filósofo enigmático e ficou conhecido como “o pitagórico”. Provavelmente seria natural de Siracusa, uma cidade localizada na região da Sicília, na Itália. Porém, outras correntes apontam que ele possa ter nascido ou vivido na localidade de Crotona. Escreveu uma obra intitulada “Sobre o Reino”, que dado o contexto da época, supõe-se que tratava de temas que associavam e comparavam, conhecimentos das áreas de Filosofia e Astronomia, com questões Políticas. Sofreu grande influência dos filósofos Pitágoras, Demócrito e Anaxágoras, relacionando os conhecimentos pitagóricos com as teorias atomistas. Acredita-se que ele possa ter florescido na mesma época dos filósofos Arquitas de Tarento e Hicetas de Siracusa, tendo possivelmente estudado com eles. Não é possível precisar a data exata de seu nascimento, sendo presumido que seu florescimento tenha se dado entre os séculos (V e IV) a.C. Especula-se, entre algumas correntes históricas, que Ecfanto tenha sido apenas um personagem das obras de Heráclides de Ponto, contudo, seu nome aparece transcrito em épocas diferentes, apontando para a tese da corrente majoritária, que acredita na sua existência real.

Filosofia da Natureza

Desenvolveu um sistema de pensamento segundo a qual os constituintes da matéria eram volumes de corpos invisíveis, separados pelo vazio. Nesse sentido, o mundo seria apenas uma representação da realidade, pois os sentidos captavam os objetos e reproduziam isso na mente humana. A alma teria uma força motriz que causava mudanças nas “mônadas”. Diógenes de Laércio cita, em sua obra, que Ecfanto dizia ser impossível alcançarmos um conhecimento verdadeiro da realidade e que a verdade não poderia ser definida da forma como julgamos.  Desse modo, não era possível se obter um saber concreto do universo ou da existência, mas apenas uma opinião. A impossibilidade do homem de poder chegar a uma verdade dogmática estava ancorada na tese de que cada indivíduo só seria capaz de idealizar os conceitos que lhe são oportunos. Na obra “sobre o reino” explicava que a organização harmoniosa do universo era ordenada por uma força divina, por isso a realeza seria naturalmente superior, servindo de mediadora entre os deuses e o homem.

Filosofia cosmológica

Defendia partes da teoria geocêntrica com conceitos da teoria heliocêntrica, buscando conciliar ideias da astrofísica de seu tempo. Ele foi um dos primeiros pensadores a afirmar que a Terra era dotada de um movimento de rotação em torno do seu próprio eixo. Para ele, esse movimento se dava do oeste para o leste. Achava que a Terra era o centro do universo e defendia o formato dela como sendo esférico. Acreditava que todos os corpos celestes estariam parados e estáticos no espaço, sendo apenas a Terra o único corpo celeste do universo que se movia pelo espaço. Segundo sua visão, a Terra, ao girar em torno do seu próprio eixo, gerava uma sensação ilusória de que os astros estariam se movendo. Para Ecfanto, essa ideia de rotação, gerava um movimento parecido com o giro de um pião. Partes de seu conhecimento anteciparam conceitos que foram abordados séculos depois.

Construiu uma teoria sobre o atomismo que se relacionava com algumas ideias pitagóricas. De acordo com ele, os átomos eram espécies de mônadas corporais que eram controladas por uma força divina chamada de “providência”, que seria uma força formada por uma espécie de “alma-mente”. Esses supostos corpos primários, eram definidos, por ele, como sendo indivisíveis. Eles possuíam três variações, sendo elas de tamanho, formato e capacidade. Acreditava que as teorias de Pitágoras, a respeito dos números, seriam muito abstratas. Nesse ponto, Ecfanto estabeleceu um conceito material para explicação da realidade. Por isso, ele é descrito como o primeiro pensador pitagórico a atribuir uma substância física aos fenômenos da natureza. Suas concepções buscavam associar a estrutura material do cosmos com um princípio de ordenação superior. Nesse contexto, sua cosmovisão da realidade, considerava que corpos celestes possuiam uma ideia de alma em movimento, essa concepção estaria alinhada com o que mais tarde, pareceu ser algo próximo, ao conceito de inércia.

Filosofia Sapiencial

+ “O cosmos é único”

+ “Existe definidas existências infinitas”

+ “Tudo no Universo é imóvel, exceto a Terra"

+ “Há uma multidão de existências definitivamente infinitas”

+ “Todas as coisas são formadas de corpos indivisíveis e o vazio.”

+ “O cosmos é composto de átomos e governado por uma inteligência."

+ “Assim, a cidade reunida de muitas coisas diferentes imita a ordem e a harmonia do cosmos”.

Fontes:

ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. Edson Bini. São Paulo: Editora Edipro, 2012.

BURNET, John. A Aurora da Filosofia Grega. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2007.

CORNELLI, Gabriele. O Pitagorismo como Categoria Historiográfica. São Paulo: Editora Annablume, 2011.

DIELS, Hermann. Ecfanto: O pitagórico. Fragmente der Vorsohratiker, textos inéditos, 1954.

GUTHRIE, William. Ecfantus Em Uma História da Filosofia Grega: Os Pré-Socráticos Antigos e os Pitagóricos. Cambridge: Cambridge University Press, 1962.

HIPÓLITO DE ROMA. Tradição Apostólica: Liturgia e Catequese em Roma – séc.III. São Paulo: Editora Vozes, 2019.

HUFMANN, Carl. A história do pitagorismo. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. 2ª ed. Brasília: UnB, 2008.

MATTÉI, Jean François. Pitágoras e os pitagóricos. São Paulo: Editora Paulus, 2000.

SQUILLONI, Antonella. O conceito de “reino” no pensamento do filósofo Ecfanto. Fontes e tratados. Itália: Editora Olschki, 1991.

VERNANT, Jean. Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Editora Difel, 2002.


sábado, 10 de maio de 2025

Franklyn Távora

Franklyn Távora – (1842 a 1888) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

João Franklin da Silveira Távora - Foi um filósofo cearense ligado as escolas de pensamento da “Literosofia”. Inclinou-se inicialmente pela linha do romantismo brasileiro, subintitulado como regionalismo-nacionalista, migrando posteriormente na direção do naturalismo-realista. Sofreu grande influência do positivismo de Haeckel. Atuou como escritor, político e magistrado, também exerceu a função de diretor-geral da Instrução Pública e curador-geral dos órfãos. Iniciou seus primeiros estudos na cidade de Fortaleza, depois mudou-se para o município de Goiana, onde terminou o curso de humanidades, logo em seguida, transmigrou para a cidade de Recife, local em que concluiu o curso de Direito.

Foi um dos fundadores da Associação dos Homens de Letras do Brasil. Participou como membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. É patrono da cadeira número 14 da Academia Brasileira de Letras e Patrono da cadeira 16 da Academia Cearense de Letras. Pertenceu a outras agremiações literárias, filosóficas e filantrópicas. Era filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana da Silveira. Nasceu em 13 de janeiro de 1842, em Baturité, no estado do Ceará. Faleceu em 18 de agosto de 1888, na cidade do Rio de Janeiro, vitimado por um aneurisma.  

Filosofia Literária

Utilizava-se de uma oratória eloquente para comunicar suas ideias, valendo-se dos pseudônimos de Semprônio e Farisvest, dialogando entre investigações históricas e reconstituições do passado. Na sua fase romântica, transmitiu uma aura sentimentalista, juntamente com uma idealização amorosa. Visto como um dos precursores do realismo brasileiro, nessa etapa, evidenciou as contradições sociais que permeavam o ambiente regional, retratando a influência que o meio exercia no comportamento humano e no destino dos indivíduos. Registrava um espaço rural que revelava as paisagens geográficas, expressando traços do nativismo basílico. Construiu uma visão que colocava o homem do campo como uma espécie de herói nacional. Seu regionalismo típico influenciou o surgimento do “romance de sertão”.

Sua obra ancorava-se na ideia de uma chamada “Literatura do Norte”, trabalhando, em seus textos, elementos relacionados aos costumes regionais do povo norte-nordestino, enaltecendo a cultura local e valorizando personagens tipicamente nacionais. Defendia a tese de que a literatura brasileira estava dividida em literatura do norte e do sul. Nesse sentido, sua literatura nortista visava engradecer a cultura dessa região, que era muitas vezes ignorada, mostrando uma cultura brasileira mais autêntica e original, que se diferenciava da literatura sulista, que estaria, na sua visão, eivada de vícios e estrangeirismos. Desse modo, combatia o chamado “provincianismo”, destacando o sertanismo, como elemento de valorização e idealização do sertanejo. Transmitiu através da literatura, elementos importantes da história e da cultura, pretendendo com isso, explicar em partes, o contexto nacional pelo viés regional.

Filosofia Juspolítica

A obra de Franklyn tratou de importantes questões ligadas ao Direito, servindo como fontes documentais históricas, bem como também, manifestando contradições sociais que conflitavam com a esfera jurídica. Trabalhou temas criminológicos, em sua obra, como a questão da pena de morte e o banditismo social. A questão da violência era retratada de forma crua, denunciando a corrupção moral e como o preconceito motivava os crimes cruéis. Comunicava uma visão sociológica do fenômeno delitivo que se transfigurava no caráter transgressor e no comportamento desviante, ambos resultados, de disputas pela sobrevivência e pelo poder. Alguns personagens eram retratados como pessoas excluídas da sociedade, que transitavam na fronteira entre o humano e o selvagem.     

No campo político, era visto como um progressista simpático as causas liberais, tendo desempenhado as funções de Deputado Provincial e funcionário da Secretaria do Império. Lutou em prol de mais liberdade religiosa, pontuando importantes dilemas do Direito constitucional e eclesiástico. Envolveu-se na chamada questão religiosa. Advogou em defesa do ensino livre, debatendo publicamente, a favor de mais autonomia e liberdade, para a educação. Combateu a escravidão defendendo a soltura dos cativos e atacando as injustiças contra os menos favorecidos. Escreveu para importantes periódicos de cunho sociopolítico, tendo inclusive dirigido, por um tempo, a Revista Brasileira.

Filosofia Sapiencial

+ “O fundo subsiste sempre”.

+ “O Engenho é o solar do Norte”

+ “A vida não passa de uma quimera”

+ “A honestidade deve ser a base do caráter da mulher”

+ “Lá se foi o tempo em que eu podia castigar tão grandes ousadias”

+ “Um indivíduo propenso ao crime, pode ser salvo pelo amor, pela educação e pelo trabalho”.

+ “Que vida temos nós, que felicidade!...Ornada dos festões da poesia; isenta da moral...a hipocrisia livre como no mar a tempestade!”

+ “O meu fim único é dar ideia dos costumes e paixões dominantes daquele tempo; é autorizar a narrativa com a tradição, junto da História”.

+ “A história de Pernambuco nos oferece exemplos de heroísmo e grandeza moral que podem figurar nos fastos dos maiores povos da antiguidade sem desdourá-los.”

+ “A filosofia da vida, dava pela primeira vez a ler ao bisonho almocreve uma das páginas tristes, que o homem versado em letras encontra aos milhares no imenso livro da história.”

+ “Proclamo uma verdade irrecusável. Norte e Sul são irmãos, mas são dois. Cada um há de ter uma literatura sua, porque o gênio de um não se confunde com o do outro. Cada um tem suas aspirações, seus interesses, e há de ter, se já não tem, sua política”.  

+ "Ah! meu amigo, a pena de morte; que as idades e as luzes têm demonstrado não ser mais que um crime jurídico, de feito não corrige nem moraliza. O que ela faz [...] é abater o poder que a aplica; é escandalizar, consternar e envilecer as populações em cujo seio se efetua. A justiça executou o Cabeleira por crimes que tiveram sua principal origem na ignorância e na pobreza."

Fatos e Curiosidades

Relata-se, segundo alguns biógrafos, que antes de falecer, Távora teria ficado desesperançado com algumas questões pessoais, tendo destruído vários manuscritos e crônicas. Entre as obras perdidas, estariam dois manuscritos inéditos que tratavam sobre a revolução pernambucana. Ainda assim, outras obras originais e dispersas, foram atribuídas a sua autoria, após sua morte.

Conta-se que Franklyn chegou a defender a ideia de que alguns escritores cearenses e brasileiros, não deveriam construir uma literatura de gabinete, sem conhecimento da realidade social. Segundo ele, seria necessário que os escritores, para transmitir a cultura que era revelada nas obras, caíssem em campo, para conhecer, verdadeiramente, as tradições populares e regionais.

Obras:

Trindade Maldita; Os Índios do Jaguaribe; Um mistério de família; A Casa de Palha; Um Casamento no Arrabalde; Três Lágrimas;       O Cabeleira; O Matuto; Lendas e Tradições do Norte; Lourenço; Sacrifício; Cartas a Cincinato; A Verdade; A Consciência Livre.

Fontes:

ABRÃO, Bernadette Siqueira. História da filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 2004.

AGUIAR, Cláudio. Franklin Távora e o seu tempo. Rio de Janeiro: ABL, 2005.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Editora Cultrix, 1970.

CÂNDIDO, Antônio. A Nova Narrativa. São Paulo: Editora Ática, 2003.

GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.

LEAL, Vinícios Barros. Franklyn Távora: A Dimensão Nacional de um Regionalista. Fortaleza: Revista Instituto do Ceará, 2003.

PIMENTEL, Samarkandra Pereira dos Santos. Literatura, História e Sociedade Em Estilo de Casa: Um Casamento do Arrabalde de Franklyn Távora. Revista Fênix de História e Estudos Culturais. Fortaleza: UFC, 2009.

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1953.

SACRAMENTO, Blake. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902.

STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia, 1910.

TÁVORA, Franklyn. O Cabeleira. São Paulo: Editora Martins Claret, 2014.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Fuxi da China

Fuxi da China – (2900 a 2000) a.C    

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Foi um filósofo da China antiga considerado o fundador da escrita na cultura chinesa. Pode ser enquadrado na chamada filosofia mítica dos primeiros pensadores primitivos. Escreveu uma obra clássica conhecida como “I Ching”, que é apontada como um dos livros mais antigos da humanidade. Conhecido como o “livro das mutações”, a obra também descreve profecias, provérbios e predições oraculares, sobre a cultura chinesa. Ficou afamado como o fundador da nação chinesa, sendo descrito como o primeiro imperador chinês, assim como quem formulou o primeiro sistema de leis desse povo. Seu nome também é especificado como Fushi, Paoxi, Pao-hsi, ou Taihao, podendo ter vários significados, sendo o mais utilizado, traduzido por o “grande brilho”.

Fuxi nasceu na localidade de Chengji, situada na província de Gansu, no curso médio-baixo do Rio Amarelo. Faleceu em uma localidade chamada de Henan, e acredita-se que ele tenha vivido aproximadamente 197 anos, tendo sua existência se dado, provavelmente, entre os anos de (2900 a 2000) a.C. Um monumento foi construído, em sua homenagem, na cidade onde ele foi sepultado, servindo atualmente como atração turística. No templo descrito, em uma das colunas, encontra-se grafada a seguinte mensagem: "Entre os três primogênitos da civilização, Fuxi ocupa o primeiro lugar". Segundo os mitólogos, sua genitora era um ser mitológico conhecido como Huaxu que tinha surgido através da criação de Pangu, e este, por sua vez, adveio de um ovo primordial.

Filosofia Mítica

Na mitologia chinesa a história do povo teria se iniciado por três seres lendários chamados de “os três Augustos” ou “os três Soberanos”, que era uma classe de governantes. A lenda da criação chinesa compreende elementos que estruturam a organização social e cultural daquele tempo. Fuxi e Nüwa foram considerados, pelos chineses, como dois dos “Três Soberanos” na primeira sociedade patriarcal da China. Acredita-se na filosofia chinesa que Fuxi, juntamente com sua irmã Nüwa, teria criado a humanidade. Nasceu de um milagre, sendo uma espécie de semideus que possuía um corpo híbrido, tendo cabeça humana e corpo de serpente. Ele surgiu em um tempo que o mundo vivia mergulhado no caos e na desordem, sendo incumbido de trazer ordem ao mundo. Teria inventado a escrita chinesa, a música, a caça, a pesca, a culinária e a domesticação de animais. Algumas esculturas antigas retratam Fuxi segurando um esquadro nas mãos, sendo descrito como o primeiro "arquiteto" da história chinesa por ter inventado a casa meia-caverna. Também criou um modelo de calendário antigo, concebeu mapas e estabeleceu as fronteiras de várias regiões da China antiga. Enquanto Nüwa é apresentada segurando uma bússola nas mãos, indicando orientação.

Filosofia Chinesa

Ele criou o “Baguá”, também conhecido como os “oitos trigramas”. Estruturando esses diagramas em 64 formatos de hexagramas e sistematizando as mutações dos elementos que representavam os princípios elementares da realidade, bem como também, os padrões de regulação da natureza. Os trigramas são os símbolos básicos do I Ching, que significam a harmonia entre os opostos, eles são os elementos fundamentais do livro chinês, que descrevem os desenhos, dentre os quais, representam as combinações entre as energias “Yin e Yang”, sendo divididas em três linhas. Esses traços podem ser cortados ou contínuos, sendo as contínuas denominadas de “Yang” e simbolizam o universo masculino (ativo), já as cortadas são chamadas de “Yin” e representam o mundo feminino (passivo).

Na simbologia chinesa o princípio do “Yin e Yang” é um símbolo que caracteriza a dualidade e o equilíbrio entre forças antagônicas, podendo assumir diversas analogias e simetrias, sendo algumas delas descritas como a Vida e a Morte, o Espírito e o Corpo, o Céu e a Terra, o Sol e a Lua, a Luz e a Escuridão, o Calor e o Frio, Energia e Matéria, Movimento e Calmaria. Os trigramas espelham o espaço-tempo que é simulado em um holograma universal, como uma bússola cósmica. O universo macrocósmico e microcósmico, representados pelo cosmos e pelo organismo humano, respectivamente, são explicados pelo chamado sistema “Yin e Yang”.

Filosofia Sapiencial

+ “É muito importante manter sua integridade no silêncio”.

+ “Cultive paciência, tolerância, adaptabilidade e desapego”.

+ “Depois de um período de escuridão e obscuridade, a luz sempre volta”.

+ “Aceite o fato de que a única coisa que pode fazer é mudar a si próprio.”

+ “Semeie as sementes corretas agora para ter uma boa colheita no futuro”.

+ “Se os resultados estão dando errado, troque o caminho, não os objetivos”

+ “Não é aconselhável revelar todos os seus pensamentos a quem o rodeia”.

+ “Nas trevas, esteja sempre ciente de que a luz, mesmo que escondida, existe”.

+ "É preciso sabedoria para se desfrutar do momento presente sem inquietar-se quanto ao futuro"

+ “Prosseguir sempre com justa discrição, evita muitas dificuldades e abre a estrada para o sucesso”

+ "Aquele que conhece a sua alma está imune ao temor e ao medo causado pelas coisas exteriores".

+ “Assim como o caos tumultuado de uma tempestade traz uma chuva nutritiva que permite à vida florir, assim também nas coisas humanas tempos de progresso são precedidos por tempos de desordem. O sucesso vem para aqueles que conseguem sobreviver à crise.”

Fatos e Curiosidades

A filosofia mítica de “Fuxi da China” exerceu muita influência não apenas na cultura oriental, mas também em grandes pensadores do ocidente. Ao longo dos anos da História da Filosofia, filósofos como Leibniz e Francis Bacon, dentre outros, escreveram ideias e teorias, sobre sistemas de pensamentos ligados a filosofia chinesa da antiguidade.

Fontes:

ABREU, Antônio Dantas. Mitologia Chinesa Primitiva: Quatro mil anos de história através das lendas e dos mitos chineses. São Paulo: Landy Editora, 2000.

BIRRELL, Anne. Uma Introdução a Mitologia Chinesa. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1993.

BODDE, Derk. Mitologia da China Antiga. Garden City: Anchor Books, 1960.

CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Editora Palas Athena, 1990.

CHRISTIE, Anthony. Mitologia Chinesa. Londres: Hamlyn, 1950.

COSTA, Matheus Oliva da. Filosofia Chinesa I: Textos Selecionados. Série Investigação filosófica. Pelotas: Editora UFPle / Dissertation, 2022.

FISHER, Leonard Everett. Deuses e Deusas da China Antiga. Nova York: Holiday House, 2003.

LIU, Tao Tao. Os Mitos Chineses: Um guia para os deuses e lendas. São Paulo: Editora Vozes, 2024.

SEGANFREDO, Carmen. As melhores histórias da Mitologia Chinesa. Porto Alegre: Editora L&PM, 2013.

VULIBRUN, Jorge. Uma leitura filosófica de termos chineses utilizados no I Ching. Revista de Ciências Humanas. Florianópolis: EDUFSC, 2006.

WILHELM, Richard. I Ching. O livro das mutações. São Paulo: Editora Pensamento; 1984.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Juvenal Galeno

Juvenal Galeno – (1836 a 1931) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Juvenal Galeno da Costa e Silva - Foi um filósofo cearense ligado as correntes de pensamento da Filosofia Folclorista. Utilizou-se da literatura para comunicar sua obra, tendo seguido por uma veia artística e poética. Iniciou seus primeiros estudos na cidade de Pacatuba, deslocando-se de maneira nômade, por várias regiões alencarinas, peregrinando entre as cidades de Aracati, Fortaleza e a Serra da Aratanha, adquirindo, durante essas andanças, saberes linguísticos, agrícolas e filosóficos. Nesse decurso, estudou no Liceu do Ceará, apresentando-se no curso de humanidades. Migrou para o Rio de Janeiro com a finalidade de aprimorar seus conhecimentos sobre agronomia e a cultura do café, mas acabou conhecendo grandes pensadores, como Gonçalves Dias e Machado de Assis, momento que lançou seus primeiros trabalhos literários. Retornou ao Ceará e assumiu o cargo de alferes da Guarda Nacional, passando, então, a dedicar-se ainda mais, ao universo cultural. Laborou como Inspetor Escolar, Deputado Estadual, Teatrólogo e Diretor da Biblioteca Pública do Ceará. É considerado patrono da cadeira 23 da Academia Cearense de Letras. Participou como um dos membros-fundadores do Instituto Histórico do Ceará.

Sofreu de um severo glaucoma que dificultou suas atividades laborativas, mesmo assim, contornou esses impasses, seguindo firme em seus trabalhos. Seu pai era o senhor José Antônio da Costa e Silva e sua mãe a senhora Maria do Carmo Teófilo e Silva. Também era primo pelo lado paterno de Capistrano de Abreu e Clóvis Beviláqua e pelo lado materno de Rodolfo Teófilo. Nasceu em Fortaleza, em 27 de setembro de 1836, tendo falecido no dia 7 de março de 1931, na sua cidade natal, vitimado por uma Uremia. Atualmente, a casa de Juvenal Galeno é uma instituição cultural mantida pelo governo local. Recebeu, em sua homenagem, o nome de ruas, praças, escolas e centros culturais.

Filosofia Popular

Sua primeira obra, “Prelúdios Poéticos”, é tida, por alguns estudiosos, como o marco inicial do romantismo no Ceará. Visto como um dos primeiros poetas cearenses, ele também foi considerado um dos iniciadores do uso do folclore no Nordeste. Principiou-se por uma veia do romantismo, tendo também sofrido influência do parnasianismo, contudo desprendeu-se dessas ascendências, transmutando-se de forma mais autêntica, por uma linha popular. Cantou o regionalismo de sua gente, trovando sentimentos puros das pessoas simples, expressando a inocência e o heroísmo, transitando entre uma veia sensitiva e outra realista. Comunicou, em seus textos, boa parte da cultura nordestina, descrevendo lendas, costumes, crendices, folguedos, vivências, bem como também, a bravura do povo. Sistematizou um sincretismo cultural entre os habitantes das serras, do sertão e do litoral, enaltecendo, em sua poesia, as alegrias e tristezas, da população humilde que vivia em situações sociais desfavoráveis, como o sertanejo da área rural e o pescador do litoral, ambos trabalhadores que labutavam seu sustento, lutando contra as intempéries da natureza. Nesse contexto, ele reverberou certa vez:

“Escrevi minha obra acompanhando o povo no trabalho, no lar, na política, na vida particular e pública, na praia, na montanha e no sertão, onde ouvi os seus cantos e os reproduzi, ampliei sem desprezar a frase singela, a palavra de seu dialeto, a sua metrificação e até o seu próprio verso”. (JUVENAL GALENO).

 

Filosofia Política

Fez da literatura uma árdua missão educadora, sendo um dos promotores do projeto civilizatório brasileiro que ambicionava elevar o país, ao posto de nação, buscando formar um capital humano e intelectual que pudesse impulsionar a independência do Brasil. Apropriou-se da literatura, da cultura e da educação como ferramentas de apoio para a formação desse ideário. Utilizou o universo da palavra como arma de combate contra as injustiças sociais, denunciando os abusos autoritários que eram praticados. Alguns de seus versos possuem um tom irônico, que objetivava desvelar as contradições sociais, econômicas e morais, de seu tempo. Criticava a desigualdade que existia na sociedade, pontuando que, ao mesmo tempo, em que os vaqueiros sertanejos, os pescadores jangadeiros e os escravos cativos eram explorados na sua força de trabalho, grande parte da elite urbana e rural, deleitava-se no luxo, esbanjando seu capital, não pelo trabalho, mas sim através de vícios morais, como a corrupção e as injustiças.

Participou do movimento abolicionista, empregando sua poesia como instrumento político e social. Colaborando ativamente, em vários periódicos da época, como na revista a “Quinzena” e o “Libertador”, ambos periódicos ligados ao movimento abolicionista do Ceará. Como Deputado, tomou posse pelo partido Liberal, chegando a defender um projeto que tratava sobre a criação de uma “Escola Prática de Agricultura”.

Filosofia Sapiencial

+ “Homens das leis...brasileiros, salvai do opróbrio a nação!”

+ “Quereis a felicidade? pois não custa consegui-la: Sede bom e caridoso, que tereis vida tranquila”.

+ “Seja a vida má ou boa, cada qual cumpre seu fado, os ares para quem voa, o sertão pra criar gado”.

+ “Jangadeiro, jangadeiro, que fazes cantando assim, embalado pelas vagas no seio do mar sem fim?”

+ ‘‘Ai amor, por ti eu parto, por ti, amor, voltarei...Quanto amor levo pros mares, nas praias quanto deixei!’’

+ “Eia, as lidas! Que o estudo nos ilustra e dá vigor! Eia, avante, a luz divina, que nas trevas geme a dor”.

+ “O lar é sempre mansão, que o Céu garante e ilumina, dentro da qual toda mãe, é um anjo da Luz Divina”.

+ “Quando a paixão toma vulto, em qualquer causa do mundo, o juízo das pessoas, sai pela porta do fundo”.

+ “Poeta nasci, foi sorte cantando a vida passar, como a cigarra da serra, que canta até rebentar, por isso até na velhice, nunca deixei de trovar”.

+ “Após as dores me vias, brincando ledo e feliz o ‘tempo será’, e outros, brinquedos que eu tanto quis. Depois, cismando a teu lado, em muito verso que fiz, cajueiro pequenino, me vias brincar feliz”.

Fatos e Curiosidades:

Relata-se que, em certa ocasião, teria chegado a Fortaleza, uma comissão científica de exploração, tendo como membro o poeta Gonçalves Dias. Após manter contato com Juvenal, todos decidem sair para uma confraternização. Porém Galeno deixou de se apresentar ao batalhão do exército, ao qual pertencia, para uma revista que ele teria sido convocado. Então, um comandante da Guarda Nacional de sobrenome “Machado”, teria ficado insatisfeito, solicitando o recolhimento de Juvenal a prisão, pelo descrito incidente. Posteriormente, Galeno publicou um poema, satirizando seu superior e narrando ironicamente o fato apresentado, dando o título de “A Machadada”, ao episódio, fazendo referência e contestação, ao drama sofrido.

Conta-se que, após ficar com sua visão comprometida, Galeno continuou a produzir sua obra, recitando suas poesias, que eram anotadas pela sua filha e por sua esposa. Ainda em vida, Juvenal teria recebido, em sua residência, a visita de vários intelectuais, que realizavam eventos literários e culturais, utilizando os salões, de sua casa, como palco para as apresentações.

Obras:

Prelúdios Poéticos; A Machadada; Quem com ferro fere, com ferro será ferido; Porangaba; Lendas e Canções Populares; Canções de Escola; Lira Cearense; Folhetins de Silvanus; Cenas populares; Medicina Caseira; Senhor das Caças; O cearense.

Fontes:

AMORA, Manoel Albano. Academia Cearense de Letras: Síntese Histórica. Revista da academia Cearense de Letras. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,1957.

ANDRADE FILHO, João Batista. Juvenal Galeno e suas canções populares: reflexo do propósito educacional romântico sob os auspícios do espiritualismo eclético (1836 – 1889). Tese de Doutorado. Fortaleza: UFC, 2016.

BOSI, Alfredo. A História Concisa da Literatura brasileira. 2ª ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1976.

CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Editora Martins, 1969.

COELHO, Milena Marques. Ao modo de paris: percepção do Folhetins de Silvanus sobre as modificações urbanas e sociais da cidade de Fortaleza. (1860-1890). XXVII Simpósio Nacional de História. Natal: ANPUH, 2013.

GALENO, Juvenal. Cenas Populares. Fortaleza: Secretaria da Cultura, 2010.

GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.

MONTENEGRO, Braga. Evolução e Natureza do Conto Cearense: Uma Antologia do conto cearense. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1965.

NETTO, Raymundo. Cronologia comentada de Juvenal Galeno. Col. Nossa Cultura. Fortaleza: Comercial, 2010.

STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia, 1910.