Alcmeão de
Crotona – (510 a 450) a.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Foi um filósofo
pitagórico que viveu na Grécia antiga na região de Crotona. Historiadores o
apontam como tendo sido um dos discípulos de Pitágoras. Destacou-se na área da Medicina
e estudou os campos da Astrologia,
Astronomia, Filosofia e Meteorologia. Também era tido como o primeiro
grego da antiguidade a dissecar um cadáver humano. Desenvolveu teorias no campo
da Medicina e das ciências naturais, além disso, descreveu conceitos que
relacionavam o cérebro humano com as funções psíquicas. Por ter estudado as
vias sensoriais e suas relações com o cérebro, ele foi consagrado como sendo “o
pai da psicologia antiga” e chamado também
de “o avô da medicina”. Nesse sentido, sua filosofia lançou as bases primitivas
da medicina científica. Seu nome também é escrito por alguns estudiosos como
sendo “Alcméon”. Especula-se que ele nasceu aproximadamente em 510 a.C na
localidade da província de Crotona na Itália e veio a falecer por volta de 450
a.C. Essas datas não são precisas e servem apenas para contextualizar a época
aproximada em que ele viveu.
Filosofia
da Medicina
Sua
obra influenciou vários filósofos antigos como Anaxágoras, Sócrates, Platão,
Aristóteles e principalmente o filósofo-médico “Hipócrates de Cós” conhecido
como o pai da medicina. Alcmeão compreendeu a importância central que o cérebro
tinha no corpo humano, investigando como os órgãos que se relacionavam com os
sentidos do corpo manteriam relação com as funções psíquicas do cérebro.
Alegava que os órgãos dos sentidos estavam ligados ao cérebro, e que por isso,
a vida psíquica seria uma mera função cerebral. Aprofundou-se na análise
fisiológica, embriológica e anatômica do corpo humano, passando a ser visto
como um dos pioneiros nos estudos dessas áreas. O avô da medicina defendia que
o intelecto diferenciava o homem dos animais e que o núcleo da inteligência
estaria depositado no cérebro. Utilizou-se de animais dissecados para embasar
seus estudos, tendo descoberto, por exemplo: a trompa de Eustáquio e os nervos
ópticos. Além disso, realizou distinções entre as veias e as artérias do corpo.
Escreveu
um livro que recebeu o título de “sobre a natureza” em que descreve sobre
teorias a respeito da morte, sono, despertar, imaginação, memória e pensamento.
Nesse sentido, desenvolveu uma teoria sobre o sonho, chamada de “hipótese
vascular” em que proferia que o sonho era causado pelo resultado do aumento da
quantidade de sangue na cabeça. Descreveu em suas pesquisas que a cabeça do
feto era a primeira parte do corpo a ser desenvolvida e que as vias sensoriais
terminavam no encéfalo. Deduziu a diferença entre a compreensão racional e a
sensação da percepção realizada pelos sentidos. Dessa maneira, seus conhecimentos
foram importantes para a compreensão do processo de sensibilidade da dor no
corpo e da saúde mental.
Filosofia
da natureza
Ficou
conhecido como um filósofo dualista, pois acreditava em uma combinação dupla de
princípios geradores que permaneciam em constante harmonia. Para ele, a “arché”
do universo seria uma substância formada por um conjunto de “pares de opostos”.
Acreditava que as enfermidades eram causadas por uma desarmonia física do
corpo. Nesse sentido, o equilíbrio seria o motor de conservação da saúde que
era gerado pela “isonomia das qualidades”. Na sua
“teoria da desarmonia”, ele estabeleceu que à "arché" da
natureza estava relacionada com substâncias que formavam “pares de opostos”.
Daí, ele elaborou uma tabela com esses “pares de opostos” descritas da seguinte
forma:
Limitado-ilimitado, ímpar-par, unidade-pluralidade, direito-esquerdo,
masculino-feminino, repouso-movimento, reto-torto, luz-sombra, bom-mau,
quadrado-redondo, úmido-seco, frio-calor, amargo-doce, preto-branco,
grande-pequeno, igual-desigual. (Alcmeão).
Dessa
maneira, cada par possuía uma qualidade que deveria ser padronizada, caso
houvesse algum desequilíbrio entre eles, isso provocaria doenças no corpo ou
desarmonias na natureza. A partir disso, ele estabeleceu uma doutrina conhecida
como o binômio “saúde-doença”, em que afirmava que o corpo possuía vários
líquidos diferentes como a bílis negra, a bílis amarela, a bílis vermelha
(sangue) e a fleuma. Através dessa tabela elaborada, ele tentava investigar no
corpo qual desses pares estaria em desequilíbrio, com isso, traçava um possível
diagnóstico explicando a causa da doença. A descrita teoria foi influenciada de
maneira analógica pelas ideias pitagóricas sobre a complementariedade dos
opostos. Essa teoria também ficou conhecida como “teoria humoral das doenças”
que foi iniciada por Alcmeão, mas teria sido sistematizada por Hipócrates de Cós.
Nesse sentido, Alcmeão pontuava que:
A saúde é a igualdade dos direitos das funções entre os pares, e a causa
das doenças é o predomínio de um entre os pares sobre o outro, pois isso
provoca desequilíbrio, a saúde é a mescla harmoniosa das qualidades, é preciso
que nenhum se sobreponha ao outro, ou seja, que exista isonomia. (Alcmeão).
Para
Alcmeão, as enfermidades apareciam devido às disfunções de alguns desses “pares
de opostos”. A harmonia entre essa bipartição era o que levaria a uma vida
saudável. As formas de como as enfermidades poderiam ocorrer, eram descritas
por ele como sendo causadas por problemas internos e externos ao corpo, como
por exemplo: fatores climáticos, má alimentação, problemas com a poluição do
ar, águas contaminadas, respiração fraca, e excesso de peso ou de força. Nesse
sentido, ele utilizava esses exemplos ou fatos semelhantes, para compreender as
patologias e traçar seus diagnósticos.
Filosofia
Cosmológica
Alcmeão
acreditava que assim como os astros do universo estavam em constante movimento
a alma também estaria em eterna mutação, e por isso, ela seria imortal. Dizia
que tanto os homens como os astros possuíam alma, por esse motivo, a alma
estaria em um eterno movimento circular imitando o movimento dos astros.
Dissertava que alma se movia por si mesma, de forma semelhante aos corpos
celestes, sem ajuda de forças externas. Pensava que os astros eram semelhantes
a seres divinos, nesse sentido, existiria uma forte relação em comum, entre: a
alma, os astros, as divindades e a eternidade. Nesse contexto, essa teoria
ficou conhecida como “misticismo astral”, por descrever que os astros possuíam vida.
Explicava que os planetas se moveriam do oeste para o leste e que as estrelas
se direcionavam no sentido contrário aos planetas. Para ele, tanto o Sol como a
Lua, teriam um formato aplanado. Chegou a fazer alguns estudos relacionados aos
eclipses da Lua. Sua obra influenciou significativamente o filósofo Claudio
Galeno que viveu no período romano.
Obras:
"Sobre
a Natureza"
Filosofia
Sapiencial
-
“O cérebro é a sede da mente”.
- “A vida mental é uma função do cérebro”.
-
“A saúde é a mescla harmoniosa das qualidades”.
-
“A maior parte das coisas humanas ocorre aos pares”.
-
“É mais fácil se defender de um inimigo que de um mau amigo”.
-
“Os homens morrem porque não conseguem unir o princípio ao fim”.
-
“Das coisas invisíveis têm clara consciência os deuses, a nós enquanto humanos,
nos é permitido apenas conjecturar”.
-
“O homem distingue-se dos demais seres animais por ser o único que compreende,
pois todos os demais percebem, mas não compreendem”.
Fontes:
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