Soares Bezerra –
(1810 a 1887) d.C
Autor: Alysomax
Soares
Introdução
Manuel Soares da
Silva Bezerra foi um filósofo cearense pertencente a
corrente de pensamento chamada de “catolicismo ultramontano”. Considerado um
profundo estudioso das línguas latinas, ele se especializou no estudo da
filologia, escrevendo importantes tratados sobre questões filosóficas e suas
relações com a linguagem. Filho do Militar Antônio Bezerra de Meneses (1780 a
1851) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra de Meneses. Era irmão do conhecido
filósofo espírita “Bezerra de Menezes”. Teve dezoito filhos, entre eles está,
outro grande filósofo cearense, o ilustre “Antônio Bezerra” (1841 a 1921).
Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Olinda, em 1836. Atuou como
filósofo, professor, ensaísta, político e magistrado, tendo exercido parte de
seu magistério no Liceu do Ceará. Foi também juiz municipal de Quixeramobim e
prefeito de Fortaleza. Chegou a assumir o cargo de presidente provincial do
Ceará por alguns dias pelo partido conservador. Assumiu várias outras funções
importantes na administração pública do Ceará. É o patrono da cadeira de número
26 da Academia Cearense de Letras. Recebeu vários títulos de ordenação
católica. Nasceu na cidade de Jaguaretama, em 1810 na localidade conhecida como
Riacho do Sangue e faleceu no município de Fortaleza, por volta de 1887.
Filosofia
Teológica
Era visto como um
conceituado intelectual e líder católico que tinha um espírito desapegado aos
vícios humanos, por isso não se envaidecia em seus trabalhos pela busca
desmedida do fausto social. Como um grande defensor das causas religiosas,
procurava sempre transparecer de maneira respeitosa suas crenças. Defendia os
valores cristãos da igreja e os conceitos de civilidade. Era visto por muitos
como um homem justo, humilde e modesto, praticava o bem sempre ancorado nos
sacrossantos princípios morais da igreja. Pregava que grande parte das máculas
políticas estava ligada a falta de religiosidade das pessoas. Advogava de
maneira contrária aos polemistas e cientificistas que atacavam os dogmas da fé
católica. Ensinava que toda lei que não se fundamentava nos valores morais
seriam leis injustas, dessa forma, advertia que quem praticasse essas leis
imorais estariam exercendo a tirania ao invés da justiça.
Discorria que Deus
teria se revelado ao homem por meio de um mundo físico que se relacionava com
um plano moral. Dessa maneira, Deus teria dotado o homem de sensibilidade,
imaginação e entendimento. Nesse contexto, ele relatava que primeiramente o
homem recebia a impressão dos objetos através dos sentidos corpóreos, logo
depois, essa sensibilidade apreendida era transmitida para a imaginação que
chegava ao cérebro em forma de imagem, visão ou espectro. Posteriormente, a
reflexão sobre as imagens ou fantasmas, que se traduziam como sendo uma “luz
intelectual”, construía uma faculdade de “universalizar o singular”, essa
virtude iria aos poucos se espiritualizando em ideias que originavam o
entendimento. Nesse sentido, o entendimento se gera de “si mesmo para si
mesmo”, logo, ele tende a se manifestar por sinais e realizar-se por ações, o
resultado disso é o “conhecimento” que também se chama de “verbo”.
Filosofia da
Linguagem
Utilizava-se de
rigor filosófico na confecção de suas obras sempre procurando se polir com
aspectos inovadores. Explicava que a linguagem precisava ser estudada, a partir
de uma análise lógica das proposições. Desse modo, ele ia delimitando os
conceitos e discriminando as definições linguísticas. Dissertava que a
gramática era a arte que ensinava as leis da expressão do pensamento por meio
das palavras. Distinguia os estudos da gramática universal e da gramática particular,
pontuando que a primeira teria uma essência mais geral fundamentada em todas as
línguas, enquanto que a segunda estaria ancorada em adaptações particulares de
cada região. Diferenciava o conceito de palavra e de vocábulo, argumentando que
palavra seria: “a expressão geral do pensamento por sons articulados”. Enquanto
que o vocábulo era: “a expressão particular da ideia por sons
articulados”.
Filosofia do
Ultramontanismo
Segundo algumas
fontes históricas, ele foi um grande defensor do chamado “catolicismo ultramontano”.
Protegeu de maneira sistemática as teorias do tradicionalismo católico, sendo
um forte idealista cearense dessa doutrina. Nessa feita, ele abraçou as causas
dessas vicissitudes do tradicionalismo no Ceará, relacionando as ideias do
moralismo francês com o transcendentalismo teológico. Essa corrente de
pensamento ganhou destaque inicialmente na idade média, com a ideia de que as
doutrinas católicas não poderiam se ancorar apenas em pensadores ligados a Roma
ou a Itália tradicional, ou seja, deveriam ir “além das montanhas”, daí
vem o termo "ultramontanismo". Entretanto, a doutrina passou a ganhar maior
destaque, após a revolução francesa, tendo na França seu maior polo de
firmação. Ela fazia oposição ao chamado “galicanismo”. Nesse contexto, a
ala mais radical dos ultramontanos defendia o poder Papal como única bússola
orientadora para as questões ligadas a fé e a disciplina da igreja. Dessa
forma, eles queriam que a Igreja tivesse mais autonomia em relação ao Estado,
isto é, uma maior independência da Igreja em relação ao governo.
Curiosidades:
Era seu avô
materno o revolucionário “Antônio Bezerra de Sousa e Meneses”, que
participou da Confederação do Equador. Atuou como chefe comandante das armas.
Seu avô teria sido condenado a pena de degredo perpétuo para o interior do
Maranhão, em 1825, por ter participado dessa revolta. Contudo, outras fontes
afirmam que ele teria sido na verdade condenado a morte, mas que faleceu antes
da pena ser executada.
Foi seu irmão
também o “Dr. Teófilo Rufino Bezerra de Menezes” que era um
renomado jurista e professor do Liceu do Ceará, esse seu irmão teria fundado
uma pequena capela católica no antigo “Bairro Vermelho” que é conhecido
atualmente como “Antônio Bezerra”, posteriormente essa capela cresceu e se
tornou uma igreja conhecida como “paróquia Jesus, Maria e José”.
Obras:
- Compêndio de
Gramática Filosófica;
- Os dogmas
políticos do Cristão;
- O Inferno;
- Compêndio de
Gramática da Língua Nacional;
- Questões de
Gramática Filosófica;
- O que é
Protestantismo;
- Os deveres do
Cristão
- Compêndio de
gramática portuguesa para uso do Ateneu Cearense, no Liceu e nas escolas
primárias;
Filosofia
Sapiencial
- “Não desejo ao
vincular ideias e lições, introduzir na circulação, moeda falsa por
verdadeira".
- “Não me limito
aos “tratadinhos” de palavras que estão em moda, com as novidades de algumas
subtilezas e argúcias”.
- "Sim: quem
reflete sobre nossa moralidade, comparando-a com a dos séculos passados, não
deixará de perceber que dela só conservamos o verniz e a aparência”.
-
"Suprimindo-se a repressão moral suprime-se igualmente a repressão legal
pela consequência de que a autoridade, que a exerce, é tal qual aquele a quem
reprime e que por isso seus atos são tirania e não justiça".
- “Como os
sentidos lhe transmitiram e imprimiram-lhe, a imaginação ou fantasia, faculdade
sensitiva, que não excede o particular, não representa senão as imagens ou
fantasmas nas condições individuais de tempo e lugar”.
- “O som simples
ou articulado que não é veículo de alguma ideia, não é palavra nem vocábulo;
porque o pensamento, querendo fazer-se conhecer, procura um veículo no som da
voz, une-se á voz, encarna de alguma sorte na voz, faz-se voz, são
inseparáveis”.
- “Não me
perdoaram os críticos, estou certo; mas a quem perdoaram eles? Não espero ser a
exceção: nem é possível; porque Deus deu ao homem a variedade no pensar para
convencer a cada um da falibilidade da razão individual, e com isso, sujeitá-lo
a razão social ou universal”.
- “Saído das mãos de Deus, não podia o homem sem nenhuma ideia, sem nenhum conhecimento dele, percebe-lo, Concebê-lo, e conhecê-lo, nem conhecer-se a si, a lei, o dever, o bem e o mal moral, senão pelo ensino de seu Criador, pela palavra divina, que devia receber e transmitir a sua descendência, sob pena, de perpétua ignorância do que mais lhe importava saber”.
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Parabéns! Eu não conhecia esse grande filósofo cearense. Eu gostaria muito de ter acesso as obras de Manuel Soares da Silva Bezerra pra mim ficar estudando. Acho que ele foi um dos primeiros cearenses a se dedicar a filosofia no Ceará. Acho que o irmão dele que se chamava Teófilo Rufino Bezerra de Menezes também foi um filósofo.
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