sábado, 4 de janeiro de 2025

Fausto Barreto

Fausto Barreto – (1852 a 1915) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Fausto Carlos Barreto foi um filósofo cearense ligado as correntes de pensamento da filologia. Ficou consagrado como um dos mais ilustres gramáticos brasileiros. Laborou como professor de línguas, especializando-se nas línguas do Francês, Português, Latim e Inglês. Iniciou seus primeiros estudos no Ateneu cearense, migrando posteriormente para o seminário da prainha em Fortaleza. Chegou a cursar Medicina na cidade do Rio de Janeiro, porém desistiu do curso e seguiu carreira como professor de língua portuguesa do colégio Dom Pedro II, além disso, lecionou no Colégio Militar e na Escola Normal. Foi prestigiado com a cadeira de número 9 da Academia Cearense de Letras. Participou como membro correspondente do Instituto do Ceará. Na esfera política teria atuado como presidente da província do Rio Grande do Norte e como deputado geral no Ceará, pelo partido liberal. Era filho do senhor Antônio Carlos Barreto com a senhora Maria José de Oliveira Barreto. Nasceu no dia 19 de dezembro de 1852, na localidade dos Inhamuns, região de Tauá, no Ceará. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1915. Teve um filho que também se tornou outro importante filólogo, conhecido pelo nome de Mário Barreto.

Filosofia da Linguagem

Foi conceituado como um dos maiores especialistas em Gramática do seu tempo, tendo organizado de maneira criteriosa e sistemática, juntamente com Carlos Laet, uma obra clássica chamada de “Antologia Nacional”, em que dissertava sobre os principais escritores da língua portuguesa. Seus textos possuíam grande intelecção, refletindo de maneira lógica, a clareza necessária para a compreensão expressiva do pensamento. Enaltecia o vocabulário nacional, buscando valorizar a linguagem contemporânea. De acordo com pesquisadores, Barreto considerava as línguas, como sendo, organismos naturais que eram independentes da vontade do homem. Nesse contexto, ele pontuava alguns vícios de linguagem, explicando que esses vícios faziam parte da linguagem popular, colocando os fenômenos do idiomatismos, provincialismos, brasileirismo e dialetação, que antes eram vistos como anomalias gramaticais, em uma outra realidade da língua, passando-as a integrá-las. Seu trabalho buscou se desvencilhar da influência colonizadora, rompendo com o tradicionalismo da filosofia gramatical portuguesa, visando um novo prognóstico cultural e propondo uma modernização da língua, que se aproximasse do regionalismo brasílico. A natureza dos textos continha critérios objetivos e elucidativos que norteavam o ensino da língua portuguesa. Esclarecia que a gramática geral poderia ser separada em gramática histórico-comparativa e gramática descritiva-expositiva.

Filosofia da Educação

Sua obra serviu de bússola orientadora para a educação brasileira por várias gerações, tendo sido estudada, de forma didática, nas principais escolas do país. Colégios como Dom Pedro II, o Colégio Militar e a Escola Normal, utilizaram seu trabalho na formação de seus alunados. A riqueza de sua obra atingiu um público variado, estando presente em instituições que possuíam pensamentos divergentes, como instituições republicanas, monarquistas, conservadoras, liberais e progressistas. Seus livros atendiam ao público do chamado ensino secundário, dando autonomia para que o professor pudesse conduzir suas aulas com uma maior flexibilidade. A “Antologia Nacional” foi considerada o primeiro manual didático de português escrito por brasileiros. Fausto lançou em 1887 um programa de Português para os Exames Gerais de Preparatórios, com a finalidade de padronizar o estudo da língua em todo o Brasil. Esse programa trouxe uma inovação para época, pois determinava a realização dos exames de português antes dos demais. Dividiu o programa avaliativo em duas partes, sendo a primeira voltada para a compreensão oral e de leitura, os quais eram sugeridos pela comissão julgadora. A segunda tinha critério escrito, em que seriam avaliados os aspectos etimológicos, fonéticos e sintáticos da gramática textual. Nesse contexto, as obras de Barreto deram origem a um fenômeno que ficou conhecido como “gramatização brasileira do português”.

Filosofia Sapiencial

+ “O rubor da modéstia, é o sangue da virtude”.

Obras:

Antologia nacional; Arcaísmos e neologismos da língua; Temas e raízes; Discurso; Seleção literária.             

Fontes:

AMORA, Manoel Albano. Academia Cearense de Letras: Síntese Histórica. Revista da academia Cearense de Letras. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,1957.

AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Editora da Unicamp, 1992.

BARRETO, Fausto; LAET, Carlos de. Antologia Nacional. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1963.

GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.

GUIMARÃES, Eduardo. Sinopse dos Estudos do Português no Brasil: a Gramatização Brasileira. Campinas: Língua e Cidadania,1996.

MALVEIRA, Antônio Nunes. Memória: Dr. Fausto Carlos Barreto. Revista Academia Brasileira de Filologia. N. XI Rio de Janeiro: Nova Fase, 2012.

NOBRE, F. Silva. 1001 cearenses notáveis.  Fortaleza: Editora casa do Ceará, 1996.

PASSERINI, Thiago Zilio. O Programa de Fausto Barreto e a Gramaticografia Brasileira Oitocentista. Revista VERBUM. São Paulo: PUC, 2021.

RAZZINI, Marcia. Antologia Nacional (1895-1969) Museu Literário ou Doutrina? Dissertação de Mestrado em Letras. São Paulo: Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1992.

SOARES, Magda. O livro didático como fonte para a história da leitura e da formação do professor-leitor. Campinas: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB, 2001.

STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia, 1910.

TERRA, Ernani. A Antologia Nacional. Site Blog do Ernani: Um espaço para falar de língua e literatura. Internet, acesso em 2025.

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