Fausto Barreto – (1852 a 1915) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Fausto Carlos Barreto foi um filósofo cearense ligado as correntes de pensamento da filologia.
Ficou consagrado como um dos mais ilustres gramáticos brasileiros. Laborou como professor de línguas,
especializando-se nas línguas do Francês, Português, Latim e Inglês. Iniciou
seus primeiros estudos no Ateneu cearense, migrando posteriormente para o
seminário da prainha em Fortaleza. Chegou a cursar Medicina na cidade do Rio de
Janeiro, porém desistiu do curso e seguiu carreira como professor de língua
portuguesa do colégio Dom Pedro II, além disso, lecionou no Colégio
Militar e na Escola Normal. Foi prestigiado com a cadeira de número 9 da
Academia Cearense de Letras. Participou como membro correspondente do Instituto
do Ceará. Na esfera política teria atuado como presidente da província do Rio
Grande do Norte e como deputado geral no Ceará, pelo partido liberal. Era filho
do senhor Antônio Carlos Barreto com a senhora Maria José de Oliveira Barreto. Nasceu
no dia 19 de dezembro de 1852, na localidade dos Inhamuns, região de Tauá, no
Ceará. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1915. Teve um filho
que também se tornou outro importante filólogo, conhecido pelo nome de Mário
Barreto.
Filosofia da Linguagem
Foi conceituado como um dos maiores especialistas em Gramática do seu
tempo, tendo organizado de maneira criteriosa e sistemática, juntamente com
Carlos Laet, uma obra clássica chamada de “Antologia Nacional”, em que dissertava
sobre os principais escritores da língua portuguesa. Seus textos possuíam
grande intelecção, refletindo de maneira lógica, a clareza necessária para a
compreensão expressiva do pensamento. Enaltecia o vocabulário nacional,
buscando valorizar a linguagem contemporânea. De acordo com pesquisadores,
Barreto considerava as línguas, como sendo, organismos naturais que eram
independentes da vontade do homem. Nesse contexto, ele pontuava alguns vícios
de linguagem, explicando que esses vícios faziam parte da linguagem popular,
colocando os fenômenos do idiomatismos, provincialismos, brasileirismo e
dialetação, que antes eram vistos como anomalias gramaticais, em uma outra
realidade da língua, passando-as a integrá-las. Seu trabalho buscou se
desvencilhar da influência colonizadora, rompendo com o tradicionalismo da
filosofia gramatical portuguesa, visando um novo prognóstico cultural e propondo
uma modernização da língua, que se aproximasse do regionalismo brasílico. A
natureza dos textos continha critérios objetivos e elucidativos que norteavam o
ensino da língua portuguesa. Esclarecia que a gramática geral poderia ser
separada em gramática histórico-comparativa e gramática descritiva-expositiva.
Filosofia da Educação
Sua obra serviu de bússola orientadora para a educação brasileira por
várias gerações, tendo sido estudada, de forma didática, nas principais escolas
do país. Colégios como Dom Pedro II, o Colégio Militar e a Escola Normal,
utilizaram seu trabalho na formação de seus alunados. A riqueza de sua obra
atingiu um público variado, estando presente em instituições que possuíam pensamentos
divergentes, como instituições republicanas, monarquistas, conservadoras,
liberais e progressistas. Seus livros atendiam ao público do chamado ensino
secundário, dando autonomia para que o professor pudesse conduzir suas aulas
com uma maior flexibilidade. A “Antologia Nacional” foi considerada o primeiro
manual didático de português escrito por brasileiros. Fausto lançou em 1887 um
programa de Português para os Exames Gerais de Preparatórios, com a finalidade
de padronizar o estudo da língua em todo o Brasil. Esse programa trouxe uma
inovação para época, pois determinava a realização dos exames de português
antes dos demais. Dividiu o programa avaliativo em duas partes, sendo a
primeira voltada para a compreensão oral e de leitura, os quais eram sugeridos
pela comissão julgadora. A segunda tinha critério escrito, em que seriam
avaliados os aspectos etimológicos, fonéticos e sintáticos da gramática
textual. Nesse contexto, as obras de Barreto deram origem a um fenômeno que
ficou conhecido como “gramatização brasileira do português”.
Filosofia Sapiencial
+ “O rubor da modéstia, é o sangue da virtude”.
Obras:
Antologia nacional; Arcaísmos e neologismos da língua; Temas e raízes;
Discurso; Seleção literária.
Fontes:
AMORA, Manoel Albano. Academia Cearense de Letras: Síntese Histórica.
Revista da academia Cearense de Letras. Fortaleza: Imprensa Universitária do
Ceará,1957.
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Campinas: Editora da Unicamp, 1992.
BARRETO, Fausto; LAET, Carlos de. Antologia Nacional. Rio de Janeiro:
Livraria Francisco Alves, 1963.
GIRÃO, Raimundo. A Academia de 1894. Fortaleza: ACL, 1975.
GUIMARÃES, Eduardo. Sinopse dos Estudos do Português no Brasil: a
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MALVEIRA, Antônio Nunes. Memória: Dr. Fausto Carlos Barreto.
Revista Academia Brasileira de Filologia. N. XI Rio de Janeiro: Nova Fase,
2012.
NOBRE, F. Silva. 1001 cearenses notáveis. Fortaleza: Editora casa do Ceará, 1996.
PASSERINI, Thiago Zilio. O Programa de Fausto Barreto e a
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PUC, 2021.
RAZZINI, Marcia. Antologia Nacional (1895-1969) Museu Literário ou
Doutrina? Dissertação de Mestrado em Letras. São Paulo: Instituto de
Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1992.
SOARES, Magda. O livro didático como fonte para a história da leitura
e da formação do professor-leitor. Campinas: Mercado de Letras: Associação
de Leitura do Brasil – ALB, 2001.
STUDART, Guilherme. Dicionário Biobibliográfico Cearense.
Fortaleza: Tipografia, 1910.
TERRA, Ernani. A Antologia Nacional. Site Blog do Ernani: Um
espaço para falar de língua e literatura. Internet, acesso em 2025.
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