Leucipo de Mileto – (500 a 420) a.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi um filósofo pré-socrático da Grécia antiga que era considerado um
dos idealizadores do “atomismo”. Muitos pesquisadores acreditam que foi
Leucipo o primeiro filósofo a afirmar que todo o universo era feito de átomos.
A partir daí, ele lançou as primeiras bases sobre a teoria do atomismo. Foi
mestre do filósofo Demócrito de Abdera que também o ajudou a desenvolver e
concluir a teoria atomista. Escreveu uma obra intitulada de “a grande
cosmologia”, esta obra parece ter sido também a mesma de nome “Grande ordem
do mundo”. A sua escola de pensamento ficou afamada como escola atomista ou
escola de Abdera. Historiadores afirmam que Leucipo seria reconhecido como
sendo de Abdera devido o nome da escola de sua fundação, mas que provavelmente
ele tenha nascido em Mileto. Os pesquisadores da filosofia acreditam na
possibilidade de Leucipo ter sido aluno de Parmênides e do Zenão de Eléia,
dessa forma, provavelmente ele teria sofrido grande influência da escola
eleática, bem como também da escola pluralista. Não se sabe ao certo o ano
exato de seu florescimento, mas se cogita que tenha sido entre os anos de (500 a
420) a.C.
Filosofia Atomista
Na sua teoria filosófica,
Leucipo abriu mão dos conceitos tradicionais da época que explicavam os
fenômenos pela dicotomia entre “ser” e “não-ser”, desse modo, ele atribuiu um
valor material para essas compreensões, passando a desenvolver a noção de
“cheio” e “vazio”, pois, isso definiria melhor a explicação do surgimento e
existência das coisas. Para ele, existiam infinitas partículas mínimas da
matéria que eram o princípio de todas as coisas, ou seja, essas partículas
seriam a menor quantidade da matéria existente na natureza. Sua visão do átomo
era descrita como sendo uma partícula mínima da matéria que não poderia mais
ser dividida. Eram partículas invisíveis, indivisíveis, compactas e imutáveis
que representavam a “arché” do universo. Esses átomos se diferenciavam
pela noção de tamanho, forma e disposição.
Ele afirmava que o mundo
seria formado por átomos e pelo vazio existente entre eles. Assim sendo, os
átomos formavam a matéria e a matéria se tornava essencialmente infinita, em
número e forma, dessa maneira, o átomo seria, então, o princípio de todas as
coisas. Seu conceito de “arché” seria um princípio absoluto entre o
átomo e o vazio, pois ele explicava que o átomo precisaria de espaços vazios ao
seu redor para se movimentar, caso contrário, se não houvesse o vácuo, não
seria possível haver movimento. Nesse sentido, ele definia o “ser” como
sendo o “átomo” e o “não-ser” como sendo o “vácuo”. O átomo e o vazio
formavam uma unidade, ou seja, o átomo isoladamente não representava nada, ele
precisaria do espaço vazio para compor a ideia de unidade principiológica da
matéria.
Filosofia Cosmológica
De acordo com alguns
pesquisadores, a teoria de Leucipo pregava a ideia do mundo como sendo um
grande sistema cósmico. Para Leucipo, o “todo” seria composto de dois elementos
básicos: o “cheio” e o “vazio”, daí os mundos seriam formados quando os átomos
se aglomeravam e do movimento desses átomos iriam surgindo as estrelas e os
demais astros. Leucipo dizia que em uma região hipotética do universo, alguns
átomos de diversos formatos saiam do ilimitado para um imenso espaço vazio,
esse movimento aleatório fazia com que os átomos se colidissem e se afastassem,
gerando ainda mais movimento entre eles. Então, como uma espécie de redemoinho
no espaço, esses átomos giravam e se desequilibravam formando coisas, como um
sistema esférico primário. Essa aglomeração de átomos seguia seu fluxo em
direção ao centro, formando assim os mundos. Todavia, se ao girar, alguns
desses átomos se desprendessem do centro, eles entrariam em combustão e se
transformariam em estrelas. Ele explicava que o átomo era imutável, porém
vários átomos se combinados de maneira diferente poderiam formar outras
partículas da matéria. Dessa forma, os átomos se aglutinavam por afinidade, ou
seja, quanto mais parecidos e idênticos, mais eles se juntavam. Na gênese do
atomismo, ele descrevia como a matéria poderia ser dividida até chegar a uma parte
mínima e indivisível. Não acreditava na morte e nem no nascimento dos átomos,
pois sua essência estaria na ideia de aglomeração e separação dessas
partículas.
Filosofia da Mente
Além da teoria atomista,
Leucipo também formulou uma teoria de explicação da percepção humana em que
teorizava que o pensamento era criado na mente humana a partir de estímulos
experimentados pelo corpo, essas assimilações seriam proporcionadas por partes
de átomos que eram absorvidos pelo corpo através de imagens. Nesse sentido, ele
entendia que os objetos emitiam pequenos fragmentos que atingiam os órgãos
sensoriais do corpo humano, como, por exemplo, a visão. Os sentidos não seriam
capazes de perceber nitidamente a existência dos átomos, ou seja, por isso não
poderiam ser vistos claramente, mas eles poderiam ser pensados e percebidos,
isto é, o pensamento e a intuição eram capazes de percebê-los. Nesse contexto,
os sentidos eram capazes de perceberem uma realidade transitória, que se modificava
constantemente, por essa razão, criava-se a ideia de ilusão perceptiva, ou
seja, as transformações seriam percebidas, mas os átomos que constituem a
realidade das coisas eram inalteráveis. Leucipo tinha uma visão muito
materialista da realidade e dizia que o ser humano só poderia conhecer aquilo
que estaria ligado ao mundo material, dessa forma, ele dizia não acreditar em
divindades. Compreendia que alma seria formada por átomos com formatos mais
arredondados que os demais. Alguns pensadores atribuem às ideias dos primeiros
atomistas como sendo o início da Química.
Obras:
- A grande Cosmologia
- Sobre o Espírito
Filosofia Sapiencial
- “Os átomos estão sempre em
movimento no espaço”.
- “A alma é idêntica ao que
produz movimento nos animais”
- “Não se pode
verdadeiramente saber o que cada coisa realmente é”.
- “Eu me recuso a acreditar
que o Sol, a Lua e as estrelas são seres vivos”.
- “Nada acontece ao acaso,
mas tudo a partir da razão, e por necessidade”.
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