terça-feira, 18 de julho de 2023

Teixeira de Azevedo

Teixeira de Azevedo – (1715 a 1800) d.C

Autor: Alysomax soares

Introdução

Gaspar Teixeira de Azevedo foi um filósofo brasileiro ligado a corrente de pensamento da Filosofia da História. Fundamentou-se por um sistema de ideias entre o campo da Historiografia Regional e da Filosofia Racional. Estudou as áreas da Filosofia, Teologia e História. Buscou conciliar algumas teorias científicas entre a fé e a razão, ancorando-se entre os pensamentos filosóficos do espiritualismo, materialismo, positivismo, sensualismo, ecletismo e da escolástica. Iniciou seus estudos no chamado Colégio da Companhia de Deus, na região de Santos. Fez parte da chamada Academia dos Renascidos na Bahia e da Academia Real de Ciências de Lisboa. Ganhou destaque como sendo um grande orador sacro. Laborou como escritor e monge beneditino. Após se formar padre, ficou conhecido pelo codinome de “O Frei Gaspar da Madre de Deus”. Era avesso a honrarias, tendo recusado várias homenagens e também alguns dos cargos que lhe foram oferecidos. Chegou a atuar como professor substituto das disciplinas de Filosofia e Teologia, tendo, logo depois, concluído o curso de Mestrado e de Doutorado. Com isso, assumiu os ministérios de mestre do mosteiro de São Bento, e Abade Provincial, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou escrito, em torno de vinte obras, porém apenas algumas dessas obras ainda se encontram conservadas. Era filho do Militar Domingos Teixeira de Azevedo, ficou órfão de seu pai, ainda cedo, tendo sido criado por sua mãe, a Senhora Ana de Siqueira e Mendonça. Nasceu na localidade de São Vicente, em São Paulo, por volta de 1715 e veio a falecer também nessa região de São Paulo, em 1800, com 85 anos. 

Filosofia da História

Escreveu uma obra sobre a História da Capitania de São Vicente, que posteriormente passou a se chamar o Estado de São Paulo. Nos seus escritos, procurou desconstruir o mito negativista que existia em torno dos paulistas, que eram vistos como preguiçosos e covardes. Fomentou uma concepção teórica chamada de “lenda dourada” que mostrava um paulistano guerreiro e valente, o qual possuía coragem e força, e que buscava desbravar novas terras, em busca de riquezas e metais preciosos. Sua principal obra, embora retrate a história da antiga capitania de São Vicente, ela tem um viés autobiográfico, pois a família de Gaspar foi uma das primeiras famílias que povoaram a região de Santos, em São Paulo. Desse modo, a vida do Frei Gaspar se contextualiza com a formação dessa capitania.

Fez notáveis pesquisas históricas, investigando arquivos e documentos com a finalidade de contribuir com formação do pensamento historiográfico brasileiro. Desenvolveu dois métodos inovadores de pesquisa para a época, a chamada “verificação documental” e a “regionalização perquisitória”. Suas pesquisas corroboraram para esclarecer pontos difusos e lacunas que havia em partes da história escrita. Sua obra foi muito importante no processo de formação e preparação das elites dirigentes do país. Seu posicionamento histórico evidenciava a política de ocupação do território pelos portugueses, retratando fatos da vida diária, dos quais eram experienciados na colônia.

Filosofia da Educação

O Frei ficou muito conhecido nos centros intelectuais da época, por conta de ter desenvolvido importantes mudanças nos métodos de ensino da Filosofia. A concepção pedagógica da época se estruturava em torno dos estatutos pombalinos e da Universidade de Coimbra. As alterações que foram por ele implementadas tinham como finalidade fomentar a produção de conhecimento científico. A disseminação desses novos saberes pedagógicos visava renovar o conhecimento educacional, para efetivar um saber mais utilitário. Desse modo, ele investiu na formação técnica e fundou duas principais oficinas de trabalho: a de pintor e a de encadernador.

Seus estudos ajudaram na compreensão da doutrinação indígena e como isso afetou o processo de formação da educação brasileira. Retratou as características pedagógicas que se fundamentavam na ordem beneditina. Pontuando as orientações e as regulamentações que eram implantadas nos currículos educacionais. Na época colonial, não existia uma clara separação entre política e religião, e nem entre a igreja e a coroa portuguesa. Nesse contexto, Gaspar explicava como a coroa portuguesa tinha utilizado a catequese como instrumento político de administração do território e como um meio de controle social. Ele evidenciou, de maneira crítica, importantes fatos que mostravam como o pensamento intelectual brasileiro estava se formando, a partir do sincretismo entre os homens religiosos e os homens públicos.

Filosofia Sapiencial

+ “A boa fé com que escrevo obriga-me a não ocultar outra notícia que pareça destruir tudo quanto fica dito”.

Obras:

Notícias dos anos em que se descobriu o Brasil; Dissertação e Explicações; Extrato Genealógico; Memórias da História da Capitania de São Vicente; Fundação da Capitania de São Vicente; Memórias para a História da Capitania de São Vicente; Curso de Filosofia; Filosofia Platônica; Catálogo dos capitães-mores e generais do Rio de Janeiro; Entradas das religiões e suas fundações; Oração fúnebre, exéquias e Sermões.

Fontes:

AZEVEDO, Gaspar Teixeira. Memorias para a História da Capitania de São Vicente. Biblioteca Histórica Paulista. São Paulo: Editora Livraria Martins, 1976.

BEZERRA, Alcides. A filosofia na fase colonial. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1935.

BRASIL. Catálogo do Patrimônio Bibliográfico Nacional: Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras. Site do CPBN. Brasília: Fundação da Biblioteca Nacional, Acesso em 2023.

BUARQUE, Sergio. História geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2012.

FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Livraria de Frei Gaspar da Madre de Deus. Col. Memória Atlântica. Marília: Editora Cultura Acadêmica, 2019.

LEME, Pedro Taques de Almeida Paes. História da capitania de S. Vicente desde a sua fundação por Martim Affonso de Souza em 1531. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: IHGB, 1847.

PITA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1976.

RODRIGUES, José Honório. A historiografia paulista: História da História do Brasil - Historiografia colonial. São Paulo: Editora Nacional, 1979.

TAUNAY, Afonso de. Frei Gaspar da Madre de Deus. São Paulo: Revista do IHGSP, 1915.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Historia geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Laemmert, 1854. 

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