domingo, 2 de julho de 2023

José de Alencar

José de Alencar - (1829 a 1877) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

José Martiniano de Alencar Júnior foi um filósofo cearense que fez parte do movimento literário chamado de romantismo brasileiro, tendo se destacado por uma linha denominada de indianismo. Utilizou-se da arte literária para comunicar suas ideias. Ficou conhecido como “o patriarca da literatura brasileira”, deixando registrado na literatura nacional uma simbiose de romances indianistas, históricos, regionalistas e urbanos, em que retrava temas relacionados a literatura, a política, a arte teatral e questões sociais. Laborou como escritor, professor, dramaturgo, advogado, filólogo e político. Concluiu seus primeiros estudos na cidade do Rio de Janeiro, posteriormente foi para São Paulo onde terminou o curso de Direito. Fundou uma revista literária chamada de “Ensaios Literários”. Chegou a lecionar a cadeira de Direito Mercantil. Teria sido eleito patrono da cadeira de número 23 na Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo renomado escritor Machado de Assis. Chegou a utilizar o pseudônimo “Ig” e “Sênio” para escrever algumas obras.   

O pai de Alencar trabalhou por um tempo como Padre, tendo posteriormente se tornado Senador do Império e Governador do Ceará, era conhecido como José Martiniano de Alencar e casou-se com a Sra. Ana Josefina. O escritor José de Alencar nasceu na localidade de Messejana, em Fortaleza, por volta de 1 de maio de 1829. Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos, vitimado por uma tuberculose. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Foi estabelecido, em sua homenagem, o dia de seu nascimento como sendo o dia nacional da literatura brasileira. Além disso, outras muitas homenagens foram prestigiadas a ele, em reverência a sua grande contribuição para arte literária.

Filosofia Literária

Problematizou em seus textos situações da vida cotidiana, pontuando questões ligadas ao comportamento humano e suas relações interpessoais. Sua vasta obra produzida tratava sobre diversos temas, tendo ganhado mais destaque os aspectos nacionais e a literatura indianista. Por isso, alguns pesquisadores apontam o idealismo e o nacionalismo como sendo marcas que qualificam sua obra. Sua literatura foi muito importante para caracterização da identidade brasileira, auxiliando no processo de nacionalização da literatura e a consolidação do romantismo no Brasil. Enalteceu a figura do índio como sendo um típico herói Brasílico. Relacionou em sua literatura, a história cultural e o folclore brasileiro com a vida urbana e rural que se construía no cenário nacional. Também descreveu personagens tipicamente brasileiros como a figura do sertanejo nordestino. Utilizou uma linguagem local com o objetivo de simplificar a comunicação que explicava a realidade brasileira. Nesse contexto, a obra de Alencar serviu como ferramenta de investigação de alguns acontecimentos históricos que permearam o Brasil. Seus escritos influenciaram não apenas o movimento literário, mas também foram fundamentais no processo emancipatório da nação brasileira.  

Escreveu uma obra autobiográfica intitulada de “Como e por que sou romancista”, em que descreveu de maneira clara seu vasto conhecimento profundo sobre os vários temas em que dissertou. Demonstrando que tinha consciência e entendimento do papel literário que sua obra possuía no contexto brasileiro, pontuando com intensa lucidez o desempenho que sua obra demonstrava no cenário literário. Esse livro foi muito importante para compreender não apenas a obra de Alencar, mas também algumas características da literatura brasileira.

Filosofia Política

Ingressou na vida política pelo Partido Conservador, assumindo o cargo de Deputado Federal e posteriormente de Ministro da Justiça. Mesmo defendendo a consolidação de um governo forte, ele dissertou a respeito de algumas questões democráticas. Alencar sofreu duras críticas de opositores, tanto na sua atuação como escritor, bem como também no seu desempenho como político. Ao contrário do que muitos especulavam sobre a ideia de que Alencar era a favor da escravidão, na verdade ele era a adepto do parecer de que a abolição da escravatura deveria se dar de forma gradativa, essa era a visão da maioria dos conservadores da época, pois defendiam o ponto de vista de que os escravos não deveriam ser jogados na sociedade, todos ao mesmo tempo, a própria sorte, sem terem políticas sociais adequadas, como moradia, alimentação, trabalho e outras condições básicas. A escrita romântica foi o instrumento que Alencar se apropriou para desempenhar sua atuação na política. Construindo teorias que ajudaram a criar a ideia de nação unificada. Até mesmo para os críticos, é difícil dissociar o Alencar escritor do Alencar político. Seu lado político teria sido influenciado não apenas pela literatura, mas também pela história de vida de sua vó (Barbará de Alencar), e de seu Pai José Martiniano de Alencar, bem como também de seu tio (Tristão Gonçalves de Alencar Araripe).

Filosofia Sapiencial

+ “A ocasião faz o homem”.

+ "Tudo passa sobre a Terra"

+ “Amar é comprazer-se na perfeição”.

+ “Tinha-a eu amado para ter o direito de odiá-la”.

+ “O ciúme não nasce do amor, e sim do orgulho”.

+ “Tenho fé no amor, com ele vencerei o impossível”

+ “O amor sem esperança não tem outro refúgio senão a morte”.

+ “É na idade da ambição que se prova a têmpera dos homens”.

+ “Só a ignorância aceita e a indiferença tolera, o reinado da mediocridade”.

+ “Toda arte é bela e sublime, logo que se eleva à altura do espírito e do coração”.

+ “O sábio ensina, por onde passa, os segredos da paz, e o herói, as façanhas da guerra”.

+ “O elogio é um meio muito usado, mas sempre novo, de render homenagem à vaidade alheia”.

+ “A vida não é como a página de um livro, que podemos voltar e reler aquilo que não entendemos”.

+ “O homem é que faz sua profissão; a sua inteligência é que a eleva; a sua honestidade é que a enobrece”.

+ “Todo discurso deve ser como o vestido das mulheres; não tão curto, que nos escandalizem, nem tão comprido, que nos entristeçam”.

+ “É o entusiasmo que faz o poeta e o artista, o sábio e o guerreiro; é o entusiasmo que faz o homem-ideia diferente do homem-máquina”.

+ “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.

+ “A imaginação é um prisma brilhante, que reflete todas as cores que decompõem os menores átomos de luz, que faz cintilar um raio de pensamento por cada uma de suas facetas diáfanas”.

+ “O amor, porém, é contagioso, com especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma, esperança; outra, saudade”.

Fatos e Curiosidades:

Acredita-se que a maioridade do D. Pedro II tenha sido articulada na casa de José de Alencar quando ele ainda era criança. Seu pai promovia, em sua residência, alguns encontros políticos, tendo acontecido, em um desses encontros, a realização dessa tramitação.

Obras:

Cinco Minutos; Mãe; Til; Os Contrabandistas; Cartas de Erasmo; Alma de Lázaro; As Minas de Prata; Os Filhos de Tupã; Iracema; O Guarani; Ubirajara; Senhora; A Guerra dos Mascates; O Ermitão da Glória; O Sertanejo e O Gaúcho; A Viuvinha; Lucíola; Encarnação; Verso e Reverso; O Demônio Familiar; As Asas de um Anjo; Diva; O Juízo de Deus; A Pata da Gazela; O Tronco do Ipê; Sonhos d'Ouro; Alfarrábios; Ao Correr da Pena; Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios; O jesuíta; O Crédito; A expiação; O sistema Representativo; Visão de Jó.

Fontes:

ABREU, Capistrano de. Ensaios e Estudos: crítica e história. Brasília: Editora INL, 1976.

ALENCAR, José. Como e porque sou romancista. Rio de Janeiro: Typografia de O. Leuzinger & Filhos, 1893.

AMORA, Antônio Soares. O Romantismo. São Paulo: Editora Cultrix, 1973.

BOSI, Alfredo. História do Brasil Nação. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012.

CÂMARA Cascudo. O folclore na obra de José de Alencar. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1953.

CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Itatiaia, 1997.

COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand, 1990.

FREIRE, Gilberto. Reinterpretando José de Alencar. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1955.

PELOGGIO, Marcelo. José de Alencar: um historiador a sua maneira. Revista Alea. Vol. 06. Rio de Janeiro: Scielo, 2004.

SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Dois escritos democráticos de José de Alencar: O sistema representativo e a Reforma eleitoral. Rio de Janeiro: UFRJ, 1991.

VIANA, Filho Luís. A vida de José de Alencar. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1979.

Nenhum comentário:

Postar um comentário