José de Alencar - (1829 a 1877) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
José Martiniano de Alencar Júnior foi um filósofo cearense que fez parte do
movimento literário chamado de romantismo brasileiro, tendo se destacado por uma
linha denominada de indianismo. Utilizou-se da arte literária para comunicar
suas ideias. Ficou conhecido como “o patriarca da literatura brasileira”,
deixando registrado na literatura nacional uma simbiose de romances
indianistas, históricos, regionalistas e urbanos, em que retrava temas
relacionados a literatura, a política, a arte teatral e questões sociais.
Laborou como escritor, professor, dramaturgo, advogado, filólogo e político.
Concluiu seus primeiros estudos na cidade do Rio de Janeiro, posteriormente foi
para São Paulo onde terminou o curso de Direito. Fundou uma revista literária
chamada de “Ensaios Literários”. Chegou a lecionar a cadeira de Direito
Mercantil. Teria sido eleito patrono da cadeira de número 23 na Academia
Brasileira de Letras (ABL), pelo renomado escritor Machado de Assis. Chegou a
utilizar o pseudônimo “Ig” e “Sênio” para escrever algumas obras.
O pai de Alencar trabalhou por um tempo como Padre, tendo posteriormente
se tornado Senador do Império e Governador do Ceará, era conhecido como José
Martiniano de Alencar e casou-se com a Sra. Ana Josefina. O escritor José de
Alencar nasceu na localidade de Messejana, em Fortaleza, por volta de 1 de maio
de 1829. Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos, vitimado
por uma tuberculose. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no
Rio de Janeiro. Foi estabelecido, em sua homenagem, o dia de seu nascimento
como sendo o dia nacional da literatura brasileira. Além disso, outras muitas
homenagens foram prestigiadas a ele, em reverência a sua grande contribuição
para arte literária.
Filosofia Literária
Problematizou em seus textos situações da vida cotidiana, pontuando
questões ligadas ao comportamento humano e suas relações interpessoais. Sua
vasta obra produzida tratava sobre diversos temas, tendo ganhado mais destaque
os aspectos nacionais e a literatura indianista. Por isso, alguns pesquisadores
apontam o idealismo e o nacionalismo como sendo marcas que qualificam sua obra.
Sua literatura foi muito importante para caracterização da identidade
brasileira, auxiliando no processo de nacionalização da literatura e a
consolidação do romantismo no Brasil. Enalteceu a figura do índio como sendo um
típico herói Brasílico. Relacionou em sua literatura, a história cultural e o
folclore brasileiro com a vida urbana e rural que se construía no cenário
nacional. Também descreveu personagens tipicamente brasileiros como a figura do
sertanejo nordestino. Utilizou uma linguagem local com o objetivo de
simplificar a comunicação que explicava a realidade brasileira. Nesse contexto,
a obra de Alencar serviu como ferramenta de investigação de alguns
acontecimentos históricos que permearam o Brasil. Seus escritos influenciaram não
apenas o movimento literário, mas também foram fundamentais no processo
emancipatório da nação brasileira.
Escreveu uma obra autobiográfica intitulada de “Como e por que sou
romancista”, em que descreveu de maneira clara seu vasto conhecimento
profundo sobre os vários temas em que dissertou. Demonstrando que tinha
consciência e entendimento do papel literário que sua obra possuía no contexto
brasileiro, pontuando com intensa lucidez o desempenho que sua obra demonstrava
no cenário literário. Esse livro foi muito importante para compreender não
apenas a obra de Alencar, mas também algumas características da literatura
brasileira.
Filosofia Política
Ingressou na vida política pelo Partido Conservador, assumindo o cargo
de Deputado Federal e posteriormente de Ministro da Justiça. Mesmo defendendo a
consolidação de um governo forte, ele dissertou a respeito de algumas questões
democráticas. Alencar sofreu duras críticas de opositores, tanto na sua atuação
como escritor, bem como também no seu desempenho como político. Ao contrário do
que muitos especulavam sobre a ideia de que Alencar era a favor da escravidão,
na verdade ele era a adepto do parecer de que a abolição da escravatura deveria
se dar de forma gradativa, essa era a visão da maioria dos conservadores da
época, pois defendiam o ponto de vista de que os escravos não deveriam ser
jogados na sociedade, todos ao mesmo tempo, a própria sorte, sem terem
políticas sociais adequadas, como moradia, alimentação, trabalho e outras
condições básicas. A escrita romântica foi o instrumento que Alencar se
apropriou para desempenhar sua atuação na política. Construindo teorias que
ajudaram a criar a ideia de nação unificada. Até mesmo para os críticos, é
difícil dissociar o Alencar escritor do Alencar político. Seu lado político
teria sido influenciado não apenas pela literatura, mas também pela história de
vida de sua vó (Barbará de Alencar), e de seu Pai José Martiniano de Alencar,
bem como também de seu tio (Tristão Gonçalves de Alencar Araripe).
Filosofia Sapiencial
+ “A ocasião faz o homem”.
+ "Tudo passa sobre a Terra"
+ “Amar é comprazer-se na perfeição”.
+ “Tinha-a eu amado para ter o direito de
odiá-la”.
+ “O
ciúme não nasce do amor, e sim do orgulho”.
+ “Tenho fé no amor, com ele vencerei o
impossível”
+ “O amor sem esperança não tem outro refúgio
senão a morte”.
+ “É
na idade da ambição que se prova a têmpera dos homens”.
+ “Só a ignorância aceita e a indiferença
tolera, o reinado da mediocridade”.
+ “Toda arte é bela e sublime, logo que se
eleva à altura do espírito e do coração”.
+ “O sábio ensina, por onde passa, os
segredos da paz, e o herói, as façanhas da guerra”.
+ “O elogio é um meio muito usado, mas sempre
novo, de render homenagem à vaidade alheia”.
+ “A vida não é como a página de um livro,
que podemos voltar e reler aquilo que não entendemos”.
+ “O homem é que faz sua profissão; a sua
inteligência é que a eleva; a sua honestidade é que a enobrece”.
+ “Todo discurso deve ser como o vestido das
mulheres; não tão curto, que nos escandalizem, nem tão comprido, que nos
entristeçam”.
+ “É o entusiasmo que faz o poeta e o
artista, o sábio e o guerreiro; é o entusiasmo que faz o homem-ideia diferente
do homem-máquina”.
+ “O sucesso nasce do querer, da determinação
e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem
busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.
+ “A imaginação é um prisma brilhante, que
reflete todas as cores que decompõem os menores átomos de luz, que faz cintilar
um raio de pensamento por cada uma de suas facetas diáfanas”.
+ “O amor, porém, é contagioso, com
especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e
quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma,
esperança; outra, saudade”.
Fatos e Curiosidades:
Acredita-se que a maioridade do D. Pedro II tenha sido articulada na
casa de José de Alencar quando ele ainda era criança. Seu pai promovia, em sua
residência, alguns encontros políticos, tendo acontecido, em um desses
encontros, a realização dessa tramitação.
Obras:
Cinco Minutos; Mãe; Til; Os Contrabandistas; Cartas de Erasmo; Alma de Lázaro; As Minas de Prata; Os Filhos de Tupã; Iracema; O Guarani; Ubirajara; Senhora; A Guerra dos Mascates; O Ermitão da Glória; O Sertanejo e O Gaúcho; A Viuvinha; Lucíola; Encarnação; Verso e Reverso; O Demônio Familiar; As Asas de um Anjo; Diva; O Juízo de Deus; A Pata da Gazela; O Tronco do Ipê; Sonhos d'Ouro; Alfarrábios; Ao Correr da Pena; Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios; O jesuíta; O Crédito; A expiação; O sistema Representativo; Visão de Jó.
Fontes:
ABREU, Capistrano de. Ensaios e Estudos: crítica e história. Brasília:
Editora INL, 1976.
ALENCAR, José. Como e porque sou romancista. Rio de Janeiro: Typografia
de O. Leuzinger & Filhos, 1893.
AMORA, Antônio Soares. O Romantismo. São Paulo: Editora Cultrix,
1973.
BOSI, Alfredo. História do Brasil Nação. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2012.
CÂMARA Cascudo. O folclore na obra de José de Alencar. Rio de
Janeiro: Editora José Olympio, 1953.
CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. Rio de
Janeiro: Editora Itatiaia, 1997.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de
Janeiro: Bertrand, 1990.
FREIRE, Gilberto. Reinterpretando José de Alencar. Rio de
Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1955.
PELOGGIO, Marcelo. José de Alencar: um historiador a sua maneira. Revista
Alea. Vol. 06. Rio de Janeiro: Scielo, 2004.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Dois escritos democráticos de José
de Alencar: O sistema representativo e a Reforma eleitoral. Rio de Janeiro:
UFRJ, 1991.
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