Teodoro de Cirene – (465 a 398) a.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi um filósofo do período clássico da Grécia antiga pertencente à chamada
escola cirenaica. Essa escola ficou conhecida também como Escola Moral de
Cirene ou “Escola Hedonista”. Ele teria vivido em Cirene, na região da Líbia, e
era tido como um dos principais representantes dessa escola. Inicialmente teria
sofrido grande influência dos pitagóricos, tendo posteriormente desenvolvido
conceitos relacionados à ética, por isso sua filosofia está relacionada com os
estudos da moral. Dedicou-se principalmente as áreas da Matemática, Astronomia,
Música, Filosofia e Educação. Chegou a lecionar na cidade de Atenas e conviveu
com grandes filósofos da antiguidade como, por exemplo, o famoso Sócrates. Foi discípulo do filósofo Protágoras de Abdera e
considerado também um dos mestres de Platão, que inclusive escreveu sobre ele,
em sua obra chamada Teaetetos. Muito do que se sabe a respeito de sua vida foi
escrito pelo filósofo conhecido como Teaetetos, que também teria sido seu
discípulo.
Destacou-se com grande relevância nos
estudos sobre os números irracionais. Escreveu uma obra chamada de: “sobre os
deuses”, por isso foi apelidado de “o ateu”, tendo sido acusado de ateísmo. Sua
obra foi mal compreendida na cidade de Cirene, em vista disso, ele teve que se
refugiar na cidade de Atenas, mas foi reconhecido, e assim como Sócrates,
condenado a beber cicuta. Retornou para a sua terra natal, e faleceu na cidade
de Cirene, por volta de 398 a.C. Algumas correntes da história da
filosofia tentam desvincular o Teodoro de Cirene do Teodoro Matemático,
acreditando que eles sejam duas pessoas distintas e que viveram em épocas
diferentes. Contudo, a maior parte da historiografia filosófica reconhece que
se trata da mesma pessoa.
Filosofia Moral
Fazia uma relação da felicidade com o conhecimento e
também das dores com a ignorância, em outras palavras, a alegria seria
resultado da sabedoria, e o sofrimento era decorrente da ignorância. Dizia que
nenhum dos prazeres ou dores era bons e nem maus. Nesse sentido, ele explicava
que o objetivo da vida era a busca pelo “bem-estar” e em contrapartida o homem
deveria evitar a dor. Sua teoria se aproximava um pouco dos conceitos hedonistas,
em relação à ideia de que o sentimento interior de alegria e serenidade poderia
despertar no homem sábio, o senso de justiça e o espírito de alegria. Pensava
que para ser feliz bastava conseguir ser um "sábio" e que a alegria, a
sabedoria e o senso de justiça eram suficientes para se alcançar a felicidade. Chegou
a defender ideias no campo do cosmopolitismo, que era o conceito de que o homem
deveria viver de acordo com as leis da natureza, sem estabelecer fronteiras
geográficas entre as cidades-estados. Por conta disso, alguns teóricos afirmaram
que Teodoro tinha uma veia da filosofia Cínica. Também dissertou a respeito de
questões ligadas a velhice, a desvalorização da amizade e sobre o impulso das
relações sexuais.
Filosofia da Matemática
Ele postulou um teorema matemático conhecido como “Espiral de Teodoro”, em que descreve um método para construir geometricamente os segmentos de comprimento, em um formato de espiral proporcional. Ficou lembrado na Matemática por sua contribuição para o desenvolvimento dos números irracionais, exercendo importantes contribuições, especialmente para a seara dos números irracionais e no que diz respeito às raízes quadradas. Segundo alguns historiadores, Teodoro teria sido um dos pioneiros nos estudos da irracionalidade das raízes dos números inteiros não-quadrados (2, 3, 5.....17). A partir do teorema de Pitágoras, ele teria desenvolvido um método novo, para provar que a raiz quadrada de dois era irracional. A existência desses números já havia sido descoberta, por outros pitagóricos, contudo, acredita-se que o método de Teodoro ajudou a consolidar novos fundamentos sobre os números incomensuráveis.
Filosofia sapiencial
+ “A felicidade pode ser alcançada com a alegria e o
juízo”.
+ "São princípios da ação o prazer e a dor, que
aquele dimana da sabedoria e esta da ignorância.”
+ “Ofereça os seus discursos com a maior boa vontade,
“com a mão direita”, mas quanto aos ouvintes, os recebam com a mão esquerda”.
+ “Os ignorantes não aproveitam uma boa oportunidade
quando ela se apresenta. Mas as pessoas sensatas agem como as abelhas, que
extraem mel, do tomilho, planta que é seca e azeda, assim do mesmo modo, de
forma similar, as pessoas sensatas muitas vezes obtêm para si algo de útil e
aprazível das mais situações adversas”.
Fatos e Curiosidades:
Diógenes Laercio relata, que certa vez, o filósofo
Estilpo teria questionado Teodoro lhe indagando: -- Teodoro! No seu nome “Teo”, significa Deus, correto.
Logo em seguida, Teodoro teria respondido: -- Sim! Estilpo, está correto. Então,
em seguida, o filósofo Estilpo adverte a seguinte conclusão.... Se teu nome é
Teodoro, e teu nome quer dizer deus, logo, tu és deus? Nessa hora, Teodoro refuta
com um riso irônico: “Meu querido, tu demonstrarias por este raciocínio, que
tu és uma gralha ou um outro animal do gênero”.
Fontes:
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Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2012.
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São Paulo: Editora Martins Fontes. 1997.
CÍCERO, Marcus Tullios. A academia do Cícero. Trad.
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EVES, Howard. Introdução a História da Matemática.
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JÂMBLICO. Suma Pitagórica. Milão: Bompiani, 2006.
LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos
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PLATÃO. Diálogo:
Crátilo e Teeteto. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 1988.
PLUTARCO. Vidas
Paralelas. Trad. Carlos Alcade Martín e Marta González González. Madrid:
Gregos, 2010.
SIMPLICÍO. Física. Trad. Alexandre Costa. Col. Anais de
filosofia clássica. Vol. 3. N; 06. UFRJ. 2009.
ZINGANO, Marco. Estudos de Ética Antiga. São
Paulo: Editora Discurso Editorial, 2007.
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