Gottfried Leibniz – (1646 a 1716) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Gottfried Wilhelm Von Leibniz foi um filósofo alemão pertencente à linha de pensamento do
racionalismo. Direcionou seus estudos para o campo da filosofia científica.
Desenvolveu teorias nas áreas da Matemática, Física, Teologia, Direito,
História e Filosofia, relacionando esses saberes com as esferas do conhecimento
científico, político e literário. Floresceu no período da filosofia denominada
de idade moderna. Ficou conhecido como um grande polímata que sistematizou seus
saberes através de ensaios filosóficos. Considerado um autodidata, aos 14 anos,
ingressou na Universidade de Leipzig. Concluiu sua primeira graduação, em
Filosofia, com a tese “Meditação sobre o princípio da individuação”. Tendo
posteriormente terminado seu doutorado na área das ciências jurídicas. Laborou
como diplomata exercendo importantes mediações em conflitos políticos e
religiosos, utilizando a filosofia como instrumento de conciliação da paz. Participou
da Sociedade Alquímica de Nuremberg, onde conheceu importantes intelectuais. Foi
também membro da Academia de Paris, da sociedade Rosa-Cruz e da Real Sociedade
de Ciências de Londres.
Seu pai era um professor de filosofia em Leipzig, chamado de Friedrich
Leibniz, e sua mãe era a Sra. Catharina Schmuck. O pai faleceu muito cedo,
quando ele ainda era criança, por isso foi criado apenas pela sua mãe que lhe
transmitiu importantes ensinamentos religiosos. Era descrito como sendo um
homem de hábitos moderados. Nasceu na cidade de Leipzig, na Alemanha, em 1646 e
faleceu em Hannover, por volta de 1716, vítima de uma crise de gota. Segundo
alguns biógrafos, Leibniz morreu solitário, e no seu funeral se encontrava
apenas seu fiel secretário. Grande parte da nobreza aristocrática, do qual ele
convivia, teria lhe deixado de lado, aos poucos ele foi sendo esquecido pelos
membros da socialite local.
Filosofia do Conhecimento
Juntou concepções da filosofia escolástica com pensamentos da filosofia
moderna. Formulou importantes princípios como o da identidade, o da “não contradição”
e o da razão suficiente, que serviram de base para o amadurecimento do método
científico moderno. Leibniz contribuiu para a matemática, física e principalmente
para as áreas da tecnologia, introduzindo conceitos e noções em diversos outros
ramos como biologia, medicina, linguística e geologia. Chegou a afirmar que a
Terra, inicialmente, já teria sido no passado, uma grande massa fundida.
Acreditava que o mal teria surgido no mundo de maneira acidental, sendo apenas
fruto do acaso. Especificava que o homem, de forma natural, busca a realização
plena de suas potencialidades. Defendia uma ideia de Direito natural que era
fundamentado na concepção de Deus. Ao explicar o “princípio da razão
suficiente”, em que define que tudo possui uma razão de existir, e para existir
da maneira como existe, Leibniz apontou que a ideia de universo, da forma que o
conhecemos, seria a melhor forma de cosmos existente para o homem, e também a
melhor forma de mundo que Deus poderia ter criado. O criador poderia ter
construído infinitas formas, mas por ser Deus, teria feito a mais perfeita
possível. Desse modo, ele aclarava o seguinte dizer: “Deus criou o melhor
dos mundos possíveis”.
Filosofia da Monadologia
Construiu uma teoria em que descreveu um princípio para a criação do
universo, essa teoria era baseada na ideia de “mônadas”, que eram pequenas
unidades primárias, os quais estariam presentes em todos os corpos. As mônadas
seriam substâncias simples que não possuíam extensão, era descrita por ele como
sendo indivisíveis e eternas. Para ele, apenas Deus poderia criar ou destruir
as mônadas. As mônadas possuíam diferenças entre si, sendo que algumas formavam
a alma dos animais e outras as do espírito humano. As primeiras possuíam uma
espécie de memória, enquanto que as segundas eram dotadas de razão lógica. Diferenciava
as mônadas do corpo material das mônadas da alma, afirmando que as do corpo
seguiam leis mecânicas, e as da alma leis reflexivas. Nessa perspectiva, as
mônadas possuíam algumas semelhanças com os átomos, sendo que as mônadas se
relacionavam com o plano metafísico, enquanto que os átomos estavam associados
aos fenômenos físicos. Desse ponto de vista, em outros termos, as mônadas
seriam uma espécie átomos espirituais. Assim sendo, ele exprimia: “encontro
os verdadeiros princípios das coisas nas unidades de substância que este
sistema introduz, e na sua harmonia preestabelecida pela substância primitiva”.
Filosofia da Matemática
Construiu uma sólida relação entre a filosofia e a matemática,
sistematizando uma analogia entre essas duas áreas, formulando através do
pensamento lógico um conceito de filosofia do infinito e filosofia universal. Buscou
reduzir conceitos mais complexos a uma categoria de ideias mais simples,
desenvolvendo combinações entre as classes uniformes até as agrupações mais estruturadas.
Esse sistema ficou conhecido como a “álgebra do pensamento”, pois sistematizava
a noção de matematização lógica dos princípios. A ideia de razão descrita pelo
homem seria formada pela relação lógica desses princípios que eram organizadas,
por meio da matemática. Após agrupar e classificar os vários signos conceituais
seria possível determinar, por meio da lógica, uma “caracterização universal”
do elemento estudado.
Desenvolveu algumas áreas da Matemática como o cálculo integral e o
cálculo diferencial. Sistematizou partes da lógica moderna que serviu de base
para a linguagem de programação. Juntamente a isso, contribuiu para o
aperfeiçoamento da computação ao descrever princípios da análise combinatória e
teorias a respeito da notação binária. Aperfeiçoou a noção de conhecimento relacionada
às funções matemáticas. Criou um modelo de calculadora que ficou conhecida, na
época, como “a máquina de calcular”. Atuando como engenheiro, Leibniz projetou
e aprimorou diversos outros tipos de máquinas.
Filosofia da Física.
Foi também um enorme colaborador para as teorias da física moderna,
sendo um dos desenvolvedores da estática e da dinâmica dos corpos, ramos que se
preocupam com o movimento dos objetos e as forças que agem sobre eles. Contribuiu
na definição da ideia do conceito de energia cinética e nas teorias
ondulatórias da luz. Em um argumento, sobre as ideias de Isaac Newton, Leibniz
propôs que o tempo e o espaço eram relativos, esse fato serviu como base para a
teoria da relatividade geral e especial. Com isso, ele antecipou muitas ideias
da física moderna, ao introduzir na dinâmica dos corpos, o conceito de espaço
relativo, enquanto Newton defendia a ideia de que o espaço era absoluto, para
Leibniz, não só o espaço, mas também o tempo e o movimento eram na verdade
relativos. Enfatizava que nenhum corpo poderia entrar em movimento de forma
natural, necessitando que um segundo corpo iniciasse uma força impulsionadora
sobre o primeiro. Muitos anos mais tarde, na descoberta das partículas
subatômicas e no desenvolvimento da mecânica quântica, as especulações e
percepções de Leibniz antecederam muitos cientistas, como Einstein, mas suas
ideias não faziam sentido até o momento e foram revistas após o surgimento do
estudo desses ramos.
Filosofia Sapiencial
+ “Os fatos fazem os homens”
+ “A natureza não realiza saltos”.
+ “O mundo é o cálculo de Deus”.
+ “Não é tempo que perdemos, é vida”
+ “Porque existe algo em vez de nada?”
+ “Acaso é quando ignoramos as causas físicas”.
+ “A educação pode tudo: ela faz dançar os ursos”.
+ “Para o espírito a claridade, para a matéria a utilidade”.
+ “Amar é encontrar na felicidade do outro a própria felicidade”
+ “Mais importante que as invenções é como foram inventadas”.
+ “Temos melhor opinião sobre as coisas que não conhecemos”.
+ "Enquanto Deus calcula e exerce o seu pensamento, o mundo se
faz."
+ “A harmonia universal é o invariável a que convergem todas as
variações”.
+ “Cada substância singular exprime todo o universo à sua própria
maneira”.
+ “É necessário abranger outras concepções filosóficas naquilo que se
acha de melhor”.
+ "Nada acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e
não de outro modo."
+ “É indigno do homem perder seu tempo com cálculos que as máquinas
podem fazer”.
+ “Amar é ser levado a ter prazer na perfeição, no bem, ou na felicidade
do objeto amado.”
+ “O princípio de razão suficiente significa que nada acontece sem que
haja uma razão explicativa”.
+ “Deus criou um mundo que é ao mesmo tempo o mais simples em hipótese e
o mais rico em fenômenos”.
+ “O valor existencial do indivíduo, que não deve ser explicado pela
matéria simplesmente ou pela forma tão pouco, mas pelo seu completo ser”.
+ “Portanto, a felicidade consistirá no estado de espírito o mais
harmônico possível. A natureza do espírito é pensar; a harmonia do espírito
consistirá, pois, em pensar a harmonia; e a máxima harmonia ou felicidade do
espírito consistirá na concentração da harmonia universal, quer dizer, de Deus,
no espírito”.
Fatos e Curiosidades:
Leibniz ingressou na universidade de Leipzig para estudar direito, porém
a universidade recusou seu pedido para cursar o doutorado, pois afirmava que
ele ainda era muito jovem. Sendo assim, ele deixou a universidade de Leipzig e
nunca mais voltou, ingressando, logo em seguida, na universidade de Nuremberg,
onde obteve o seu doutorado.
Obras:
A Teodiceia; Discurso de metafísica; Novos Ensaios sobre o Entendimento
Humano; Princípios da Natureza Humana; Sobre a arte da combinação; Sobre casos
perplexos; Comunicação das Substâncias; Princípios da Monadologia; Discurso
sobre a Teologia Natural dos Chineses.
Fontes:
ANDRÉ, Fontes. Leibniz: introdução e lógica. Site: Justiça e
Cidadania. Rio de Janeiro: Editora JC, 2006.
BONNEAU, Cristiano. A Monânda e o Mundo em Leibniz. Tese de
Mestrado. João Pessoa: UFPB, 2006.
BOYER, Carl. História da Matemática. São Paulo: Editora Blucher,
2012.
BRÉHIER, Émile. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou,
1977.
CARDOSO, Adelino. Leibniz segundo a expressão. Lisboa: Colibri,1992.
DELLAVOLPE, Galvano. A Lógica
como Ciência Histórica. Lisboa; Edições 70, 1984.
LEIBNIZ. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril
Cultural, 1980.
LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber
sobre Filosofia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
REALE, Giovani. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 2006.
ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Moderna. São Paulo: Editora Loyola, 1999.
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