quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Gottfried Leibniz

Gottfried Leibniz – (1646 a 1716) d.C

Autor: Alysomax Soares

Introdução

Gottfried Wilhelm Von Leibniz foi um filósofo alemão pertencente à linha de pensamento do racionalismo. Direcionou seus estudos para o campo da filosofia científica. Desenvolveu teorias nas áreas da Matemática, Física, Teologia, Direito, História e Filosofia, relacionando esses saberes com as esferas do conhecimento científico, político e literário. Floresceu no período da filosofia denominada de idade moderna. Ficou conhecido como um grande polímata que sistematizou seus saberes através de ensaios filosóficos. Considerado um autodidata, aos 14 anos, ingressou na Universidade de Leipzig. Concluiu sua primeira graduação, em Filosofia, com a tese “Meditação sobre o princípio da individuação”. Tendo posteriormente terminado seu doutorado na área das ciências jurídicas. Laborou como diplomata exercendo importantes mediações em conflitos políticos e religiosos, utilizando a filosofia como instrumento de conciliação da paz. Participou da Sociedade Alquímica de Nuremberg, onde conheceu importantes intelectuais. Foi também membro da Academia de Paris, da sociedade Rosa-Cruz e da Real Sociedade de Ciências de Londres.

Seu pai era um professor de filosofia em Leipzig, chamado de Friedrich Leibniz, e sua mãe era a Sra. Catharina Schmuck. O pai faleceu muito cedo, quando ele ainda era criança, por isso foi criado apenas pela sua mãe que lhe transmitiu importantes ensinamentos religiosos. Era descrito como sendo um homem de hábitos moderados. Nasceu na cidade de Leipzig, na Alemanha, em 1646 e faleceu em Hannover, por volta de 1716, vítima de uma crise de gota. Segundo alguns biógrafos, Leibniz morreu solitário, e no seu funeral se encontrava apenas seu fiel secretário. Grande parte da nobreza aristocrática, do qual ele convivia, teria lhe deixado de lado, aos poucos ele foi sendo esquecido pelos membros da socialite local.  

Filosofia do Conhecimento

Juntou concepções da filosofia escolástica com pensamentos da filosofia moderna. Formulou importantes princípios como o da identidade, o da “não contradição” e o da razão suficiente, que serviram de base para o amadurecimento do método científico moderno. Leibniz contribuiu para a matemática, física e principalmente para as áreas da tecnologia, introduzindo conceitos e noções em diversos outros ramos como biologia, medicina, linguística e geologia. Chegou a afirmar que a Terra, inicialmente, já teria sido no passado, uma grande massa fundida. Acreditava que o mal teria surgido no mundo de maneira acidental, sendo apenas fruto do acaso. Especificava que o homem, de forma natural, busca a realização plena de suas potencialidades. Defendia uma ideia de Direito natural que era fundamentado na concepção de Deus. Ao explicar o “princípio da razão suficiente”, em que define que tudo possui uma razão de existir, e para existir da maneira como existe, Leibniz apontou que a ideia de universo, da forma que o conhecemos, seria a melhor forma de cosmos existente para o homem, e também a melhor forma de mundo que Deus poderia ter criado. O criador poderia ter construído infinitas formas, mas por ser Deus, teria feito a mais perfeita possível. Desse modo, ele aclarava o seguinte dizer: “Deus criou o melhor dos mundos possíveis”.

Filosofia da Monadologia

Construiu uma teoria em que descreveu um princípio para a criação do universo, essa teoria era baseada na ideia de “mônadas”, que eram pequenas unidades primárias, os quais estariam presentes em todos os corpos. As mônadas seriam substâncias simples que não possuíam extensão, era descrita por ele como sendo indivisíveis e eternas. Para ele, apenas Deus poderia criar ou destruir as mônadas. As mônadas possuíam diferenças entre si, sendo que algumas formavam a alma dos animais e outras as do espírito humano. As primeiras possuíam uma espécie de memória, enquanto que as segundas eram dotadas de razão lógica. Diferenciava as mônadas do corpo material das mônadas da alma, afirmando que as do corpo seguiam leis mecânicas, e as da alma leis reflexivas. Nessa perspectiva, as mônadas possuíam algumas semelhanças com os átomos, sendo que as mônadas se relacionavam com o plano metafísico, enquanto que os átomos estavam associados aos fenômenos físicos. Desse ponto de vista, em outros termos, as mônadas seriam uma espécie átomos espirituais. Assim sendo, ele exprimia: “encontro os verdadeiros princípios das coisas nas unidades de substância que este sistema introduz, e na sua harmonia preestabelecida pela substância primitiva”.

Filosofia da Matemática

Construiu uma sólida relação entre a filosofia e a matemática, sistematizando uma analogia entre essas duas áreas, formulando através do pensamento lógico um conceito de filosofia do infinito e filosofia universal. Buscou reduzir conceitos mais complexos a uma categoria de ideias mais simples, desenvolvendo combinações entre as classes uniformes até as agrupações mais estruturadas. Esse sistema ficou conhecido como a “álgebra do pensamento”, pois sistematizava a noção de matematização lógica dos princípios. A ideia de razão descrita pelo homem seria formada pela relação lógica desses princípios que eram organizadas, por meio da matemática. Após agrupar e classificar os vários signos conceituais seria possível determinar, por meio da lógica, uma “caracterização universal” do elemento estudado.

Desenvolveu algumas áreas da Matemática como o cálculo integral e o cálculo diferencial. Sistematizou partes da lógica moderna que serviu de base para a linguagem de programação. Juntamente a isso, contribuiu para o aperfeiçoamento da computação ao descrever princípios da análise combinatória e teorias a respeito da notação binária. Aperfeiçoou a noção de conhecimento relacionada às funções matemáticas. Criou um modelo de calculadora que ficou conhecida, na época, como “a máquina de calcular”. Atuando como engenheiro, Leibniz projetou e aprimorou diversos outros tipos de máquinas.

Filosofia da Física.

Foi também um enorme colaborador para as teorias da física moderna, sendo um dos desenvolvedores da estática e da dinâmica dos corpos, ramos que se preocupam com o movimento dos objetos e as forças que agem sobre eles. Contribuiu na definição da ideia do conceito de energia cinética e nas teorias ondulatórias da luz. Em um argumento, sobre as ideias de Isaac Newton, Leibniz propôs que o tempo e o espaço eram relativos, esse fato serviu como base para a teoria da relatividade geral e especial. Com isso, ele antecipou muitas ideias da física moderna, ao introduzir na dinâmica dos corpos, o conceito de espaço relativo, enquanto Newton defendia a ideia de que o espaço era absoluto, para Leibniz, não só o espaço, mas também o tempo e o movimento eram na verdade relativos. Enfatizava que nenhum corpo poderia entrar em movimento de forma natural, necessitando que um segundo corpo iniciasse uma força impulsionadora sobre o primeiro. Muitos anos mais tarde, na descoberta das partículas subatômicas e no desenvolvimento da mecânica quântica, as especulações e percepções de Leibniz antecederam muitos cientistas, como Einstein, mas suas ideias não faziam sentido até o momento e foram revistas após o surgimento do estudo desses ramos.

Filosofia Sapiencial

+ “Os fatos fazem os homens”

+ “A natureza não realiza saltos”.

+ “O mundo é o cálculo de Deus”.

+ “Não é tempo que perdemos, é vida”

+ “Porque existe algo em vez de nada?”

+ “Acaso é quando ignoramos as causas físicas”.

+ “A educação pode tudo: ela faz dançar os ursos”.

+ “Para o espírito a claridade, para a matéria a utilidade”.

+ “Amar é encontrar na felicidade do outro a própria felicidade”

+ “Mais importante que as invenções é como foram inventadas”.

+ “Temos melhor opinião sobre as coisas que não conhecemos”.

+ "Enquanto Deus calcula e exerce o seu pensamento, o mundo se faz."

+ “A harmonia universal é o invariável a que convergem todas as variações”.

+ “Cada substância singular exprime todo o universo à sua própria maneira”.

+ “É necessário abranger outras concepções filosóficas naquilo que se acha de melhor”.

+ "Nada acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e não de outro modo."

+ “É indigno do homem perder seu tempo com cálculos que as máquinas podem fazer”.

+ “Amar é ser levado a ter prazer na perfeição, no bem, ou na felicidade do objeto amado.”

+ “O princípio de razão suficiente significa que nada acontece sem que haja uma razão explicativa”.

+ “Deus criou um mundo que é ao mesmo tempo o mais simples em hipótese e o mais rico em fenômenos”.

+ “O valor existencial do indivíduo, que não deve ser explicado pela matéria simplesmente ou pela forma tão pouco, mas pelo seu completo ser”.

+ “Portanto, a felicidade consistirá no estado de espírito o mais harmônico possível. A natureza do espírito é pensar; a harmonia do espírito consistirá, pois, em pensar a harmonia; e a máxima harmonia ou felicidade do espírito consistirá na concentração da harmonia universal, quer dizer, de Deus, no espírito”.

Fatos e Curiosidades:

Leibniz ingressou na universidade de Leipzig para estudar direito, porém a universidade recusou seu pedido para cursar o doutorado, pois afirmava que ele ainda era muito jovem. Sendo assim, ele deixou a universidade de Leipzig e nunca mais voltou, ingressando, logo em seguida, na universidade de Nuremberg, onde obteve o seu doutorado.

Obras:

A Teodiceia; Discurso de metafísica; Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano; Princípios da Natureza Humana; Sobre a arte da combinação; Sobre casos perplexos; Comunicação das Substâncias; Princípios da Monadologia; Discurso sobre a Teologia Natural dos Chineses.

Fontes:

ANDRÉ, Fontes. Leibniz: introdução e lógica. Site: Justiça e Cidadania. Rio de Janeiro: Editora JC, 2006.

BONNEAU, Cristiano. A Monânda e o Mundo em Leibniz. Tese de Mestrado. João Pessoa: UFPB, 2006.   

BOYER, Carl. História da Matemática. São Paulo: Editora Blucher, 2012.

BRÉHIER, Émile. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

CARDOSO, Adelino. Leibniz segundo a expressão. Lisboa: Colibri,1992.

DELLAVOLPE, Galvano.  A Lógica como Ciência Histórica. Lisboa; Edições 70, 1984.

LEIBNIZ. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1980.

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

REALE, Giovani. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 2006.

ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Moderna.  São Paulo: Editora Loyola, 1999.

RUSSEL, Bertrand. História do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

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