Augusto Comte - (1798 a 1857) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Isidore Áuguste Marie François Xavier Comte - Foi um filosofo francês pertencente ao
período contemporâneo. Ficou consagrado como sendo o pai do positivismo. Contribuiu
significativamente para as teorias da filosofia sociológica, influenciando
principalmente as áreas da filosofia, ciências e política. Estudou inicialmente
no Liceu de Montpellier, posteriormente ingressou na escola politécnica de
Paris. Trabalhou como secretário do filósofo Saint-Simon e como professor de
Matemática. Chegou a sofrer de um mal-estar, visto na época, como sendo
colapsos nervosos que evoluíram para um quadro de transtornos psicológicos. Após
se recuperar, iniciou seus estudos teóricos sobre a “filosofia positiva”. Partes
de suas teorias foram frutos de experiências vividas, tanto em sua vida
conjugal com sua esposa chamada Clotilde de Vaux, bem como também, em
influências teológicas, principalmente do catolicismo. Elaborou um formato de
calendário sócio-histórico contendo 13 meses de 28 dias, em que todos os períodos
correspondiam a uma personalidade da história que representava a evolução
humana. Era filho de um senhor conhecido
como Louis Comte com a senhora Rosalie Boyer. Nasceu na cidade de Montpellier,
localizada na França, em 1798, e faleceu em Paris, capital da França, por volta
de 1857, vitimado por um câncer no estômago.
Filosofia do Conhecimento
Defendia a ideia de que o conhecimento científico era o
conhecimento mais válido, sendo os outros tipos de saberes, como o teológico e
o metafísico, apenas concepções supersticiosas e superficiais sobre os
fenômenos. Para Comte o conhecimento científico seria superior aos outros,
sendo ele o mais apropriado para explicar os fenômenos sociais e as relações
humanas. A principal metodologia do pensamento positivista era a observação
desses fenômenos. Buscava explicar uma classificação das ciências, a partir de
uma ordem, que iria das ideias mais simples para as concepções mais complexas. Seu
conceito de positivismo teria sido formulado a partir de uma vertente do
iluminismo, tendo uma forte relação com o materialismo e com o evolucionismo.
Desenvolveu uma teoria que ficou conhecida como a lei dos três estados,
ancorando-se na tese de que o conhecimento humano passava por três estágios
principais: Teológico, Metafísico e Positivo. No primeiro estado, chamado de
teológico, as ações sociais ou da natureza, eram explicados de maneira deífica
e mítica, em que se recorria à ideia de sobrenatural ou de narrativas
ficcionais e fantásticas. Nesse estágio, os fenômenos seriam frutos de uma ação
volitiva e mais autônoma. O estado teológico se subdividia também em outras
três fases, descritas como animismo, politeísmo e monoteísmo. O segundo estado,
denominado de metafísico, buscava uma reflexão mais racional, induzindo o
pensamento a encontrar respostas abstratas e conceituais, esses fenômenos
possuíam uma causa. Em relação ao
terceiro estado, pontuado como positivo, a sociedade compreendia os fenômenos
sociais e de ordem natural, através da observação, elaboração de hipóteses,
experimentação e formulação de leis universais, essa última concepção tinha um
caráter mais científico. A visão positivista era dividida em dois eixos:
chamadas de orientação científica e orientação psicológica.
Filosofia Positivista
Seu sistema de pensamento tinha como finalidade propor a organização de
uma nova ordem social que pudesse explicar os processos dinâmicos dos quais se
desenvolvem em uma sociedade. O método elaborado por ele visava analisar
criticamente a sociedade, a partir de um prisma histórico e científico. Enquanto
os pensadores iluministas buscavam modificar a realidade, Comte desejava apenas
estruturar de forma ordenada uma sistematização da realidade. Alguns
acontecimentos históricos influenciaram, de maneira significativa, seu sistema
de ideias, como, por exemplo, a revolução francesa e a revolução
industrial. Esses fatos geraram
problemas sociais específicos de seu tempo, por isso Comte pretendia, com sua
filosofia positiva, produzir soluções para os problemas sociais. Nesse sentido,
Comte pontuava que: "os fenômenos sociais bem como também os físicos
podem ser reduzidos à lei científica, pois toda a filosofia deve se concentrar
no progresso moral e político da humanidade". A filosofia positiva
possuía alguns atributos característicos ao conhecimento que seriam: a
realidade, a utilidade, a certeza, a precisão, a organização e a relatividade.
Filosofia Social
Foi um dos primeiro pensadores a utilizar o termo sociologia,
evidenciando em suas pesquisas o declínio das sociedades feudais, pontuando,
com isso, a transição que se emergia entre a sociedade moderna e a urbana. Para
ele, embora as sociedades contemporâneas tivessem atingido certo estágio de
positivista, elas ainda não estariam totalmente completas, necessitando
corrigir algumas imperfeições. Por isso, a física social ou a sociologia seria
uma nova ciência que deveria compreender as disfunções sociais para organizar e
reformar os problemas que eram pontualmente gerados na dinâmica social. Ele
defendia a ideia de que os estudos sociais deveriam ser feitos com um autêntico
espírito científico e uma verdadeira objetividade. A sociologia deveria,
igualmente como as outras ciências, dedicar-se à busca constante dos
acontecimentos, verificando e constatando os fenômenos repetitivos da natureza,
através da observação, experimentação e comparação desses fenômenos. Segundo
Comte, os fenômenos sociais são caracterizados por questões específicas que
permeiam a realidade, por isso devem ser explicados pela filosofia social. Nesse
contexto, ele utilizava métodos racionais e
científicos para compreender os aspectos da sociedade. Ademais, a sociedade
precisaria passar por uma reforma que deveria se dá primeiramente no campo
intelectual, depois no aspecto moral, e por fim no âmbito político.
Filosofia Teológica
Criou uma espécie de religião moral que ficou conhecida como “religião da humanidade” em que fundamentava sua doutrina na ideia de uma organização científica da vida social. Buscava, com isso, a substituição das religiões tradicionalistas, por uma religião positivista, baseada na evolução sistemática da sociedade, através de princípios éticos e ideologias cientificistas. Para ele, no estágio positivista, o homem não conseguiria ser individualista, pois o indivíduo tenderia a desenvolver seu altruísmo e sua solidariedade. A sua doutrina consolidou alguns princípios litúrgicos e apresentava simbolismos para realização de cultos. Acreditava em um ser supremo que era representado pelo instinto coletivo acumulado pelas gerações, ao longo dos anos, ou seja, uma força ordenadora constituída através da “personificação da humanidade”. Nesse sistema desenvolvido por ele, o amor ao próximo, que era descrito no catolicismo, deveria ser substituído pelo amor à humanidade. Dessa maneira, sua ideia contemplava o sentimento de fraternidade que era ancorado pelos conceitos de liberdade, pacifismo, solidariedade e inserção social. Pensava a religião como sendo uma disciplina de vida, com a função de regular a existência individual, sendo dotada simultaneamente de sentimento, imaginação e raciocínio.
Filosofia Sapiencial
+ "Conhecimento é poder".
+ "Saber para prever a fim de poder."
+ “Progredir é conservar melhorando”.
+ “Cada vez mais os mortos governam os vivos”
+ “Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto”
+ “A liberdade é o direito de fazer o próprio dever”
+ “O orgulho divide-nos ainda mais que o interesse.”
+ “Só existe uma máxima absoluta: Nada é absoluto”.
+ “O interesse nunca determina ligações duradouras.”
+ “No fundo, o que realmente existe é a humanidade.”
+ "Muito mais do que o interesse é o orgulho que
nos divide".
+ “Nem sempre é possível ou
conveniente suspender o juízo”.
+ “A humanidade está composta mais por mortos do que
vivos.”
+ “O progresso não é mais do que o desenvolvimento da
ordem”
+ "O Amor por princípio e a Ordem por base; o
Progresso por fim."
+ “Não existe sociedade sem governo, assim como governo
sem sociedade”.
+ “Cansamo-nos de agir e até de pensar, mas jamais nos
cansamos de amar”.
+ “O tempo corresponde a regular o presente a partir do
futuro deduzido do passado”.
+ "Viver para os outros não é somente a lei do
dever, mas também a da felicidade."
+ “Não se conhece
completamente uma ciência enquanto não se souber da sua história”.
+ “A moral consiste em fazer prevalecer os instintos
simpáticos sobre os impulsos egoístas”.
+ “Toda a educação humana deve preparar todos para viverem
pelo outro a fim de reviverem no outro”.
+ “A mulher sem ternura é uma monstruosidade social
maior ainda que o homem sem coragem.”
+ “O progresso é a lei da história da humanidade, e o
homem está em constante processo de evolução”.
+ "Todos os bons intelectos têm repetido, desde o
tempo de Bacon, que não pode haver qualquer conhecimento real senão aquele
baseado em fatos observáveis."
+ “Somente são reais os conhecimentos que repousam
sobre fatos observados. Considerando como absolutamente inacessível e vazia de
sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam primeiras, sejam finais”.
+ “Inquietas pretensões pessoais, desenvolvidas por
essa desastrosa educação, não
tardam em transformá-la
em perturbações políticas, sob a influência direta duma viciosa erudição
histórica que, fazendo
prevalecer uma falsa
noção do tipo
social próprio da Antiguidade,
impede-os comumente de
compreender a sociabilidade
moderna”.
Fatos e Curiosidades
As ideias de Comte influenciaram profundamente os intelectuais do Brasil república, que utilizaram alguns lemas do positivismo, como, por exemplo, a inscrição “ordem e progresso” estampado na bandeira.
Obras:
Apelo aos conservadores; Opúsculos de Filosofia Social; Plano de Trabalho Científico para Reorganizar a Sociedade; Curso de Filosofia Positiva; Discurso sobre o Espírito Positivo; Catecismo Positivista; Síntese Subjetiva; Religião da Humanidade; Sistema de política positiva.
Fontes:
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico.
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000.
BENOIT, Lelita Oliveira. Augusto Comte: O fundador
da física social. São Paulo: Editora Moderna, 2006.
COSTA, Cruz. Augusto Comte e as origens do
positivismo. São Paulo: USP, 1951.
GIANOTTI, José Arthur. Os Pensadores: Augusto Comte.
São Paulo: 2000.
GUIMARÃES, Elisa Maria Castelo; COELHO, Maria Vieira
Lima. A filosofia positivista de Augusto Comte. Fortaleza: Editora
Gráfica LCR, 2001.
REALE, Giovanni. História da Filosofia: O
Positivismo. São Paulo: editora Paulus, 1981.
JÚNIOR, Ribeiro. O que é Positivismo. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1984.
SAVIANI, Dermeval. A história das ideias pedagógicas
no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2010.
SUPERTI, Eliane. O Positivismo no Brasil e a
Revolução de 30: a construção do Estado Moderno no Brasil. Tese de
Mestrado, São Carlos: UFSCar, 1998.
TRINDADE, Hélgio. O positivismo: Teoria e prática.
Porto Alegre: UFRGS, 2007.
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