David Hume - (1711 a 1776) d.C
Autor: Alysomax Soares
Introdução
Foi um filósofo escocês do período moderno que seguiu uma linha de
pensamento voltada para o empirismo. Seu sistema de ideias se relacionava com
outras correntes de pensamento como o naturalismo e o ceticismo. Dissertou de
maneira contrária aos pensamentos racionalistas. Estudou as áreas da Filosofia,
História, Economia, Política, Ciências Naturais, Arte e Literatura. Escreveu
sua Magnus Opus intitulada de “Ensaio sobre o Entendimento Humano”. Exerceu
grande inspiração para os pensadores iluministas e sofreu grande influência dos
pensamentos de John Lock, sendo considerado um radicalizador do empirismo e do
ceticismo. Chegou a trabalhar como diplomata e estudar a área do Direito,
migrando depois para a Filosofia. Também exerceu atividades laborais como comerciante,
professor e bibliotecário. Sofreu perseguição da Igreja Católica, sendo acusado
de heresia, por isso teve seus livros proibidos pela Igreja. Militava em prol
do partido liberal, tendo defendido a união entre o reino da Escócia e o da
Inglaterra. Embora pertencesse a uma família aristocrática, Hume era descrito
como sendo um homem simples, amável e modesto. Era filho de um senhor chamado Joseph
Hume com uma senhora de nome Catherine Falconer. Nasceu em Edimburgo, na
Escócia em 1711 e faleceu em 1776, na sua cidade natal, com 65 anos de idade.
Filosofia do Conhecimento
Segundo Hume, o comportamento humano não seria governado pela razão
humana, como afirmavam os racionalistas, mas sim pela paixão. Desse modo, em
relação a moral, Hume afirmava que os julgamentos morais eram baseados nos
sentimentos, e não na razão. Defendia o uso da razão e do método científico
como um caminho para se chegar ao conhecimento. Utilizava a experiência e a
observação como fundamentos sólidos para a ciência. Elencava três princípios
básicos para a argumentação que seriam a demonstração, as provas e as
probabilidades. Explicava que a questão essencial do homem seria encontrar
respostas sobre a origem de suas crenças. Ele buscava, com isso, descobrir as origens
e construções do conhecimento humano.
Para Hume, a experiência sensível do ser humano, estaria divida em duas
partes: impressões e ideias. A primeira estaria associada aos sentidos do ser
humano como visão, tato, audição, olfato e paladar, já a segunda estaria
relacionada com as representações mentais resultantes dessas impressões, sendo
as impressões, sensações consideradas mais fortes, mais vivas e mais recentes. Nesse
sentido, o pensamento humano se iniciava com as impressões, ou seja, o
pensamento estaria ligado às sensações, pois as nossas sensações são os únicos
fatos comprováveis. A realidade humana só seria percebida verdadeiramente pelos
órgãos dos sentidos que estimulam nos indivíduos os sinais físicos e nervosos. As
ideias teriam origem na chamada experiência sensorial, por isso as impressões
seriam as causas das ideias, não sendo possível desvincular o pensamento das
sensações. As ideias seriam cópias mentais menos vívidas das impressões, os
quais formam nossos pensamentos e conceitos. Segundo Hume, todas as ideias são derivadas
de impressões, e não há conhecimento inato. Desse modo, ele explicava que as
sensações seriam as únicas formas, de entendimento humano, possíveis de serem
explicadas.
Filosofia do Ceticismo
Seu sistema de pensamento ficou conhecido como “fenomenismo”, isto é, teoria
filosófica que contraria as crenças naturais e do sentido comum. Para Hume,
quando o homem não consegue encontrar respostas válidas para as grandes
questões da vida, ele deve suspender o juízo. Nesse contexto, a filosofia não
deveria buscar compreender a relação existente entre causa e efeito, pois essa “causalidade”
era baseada no hábito e no costume, e não na razão lógica. Dessa maneira, ele
negava a base material de explicação das coisas e da causalidade entre elas,
esclarecendo que os princípios racionais, seriam associações de ideias que, o
hábito e a repetição, vão sistematicamente, aos poucos, fortalecendo. O
conceito de “eu” seria apenas uma coleção de estados da consciência. Nesse
sentido, ele dizia que: “o fundamento de nossas expectativas não está na
razão, mas, sim, no hábito, no costume, na repetição”.
Segundo ele, não seria possível ao homem comprovar a existência de Deus mediante argumentos baseados na lógica. Argumentava que faltavam bases racionais para a o homem, para que ele pudesse realizar algumas suposições e explicar determinados fenômenos. Definiu princípios sobre a “teoria da oscilação”, pontuando que não houve evolução linear do politeísmo para o monoteísmo, na história da humanidade, como julgavam alguns, pois o que teria acontecido de fato seria uma oscilação irracional. Isso levava Hume a ser um cético, em relação à inferência indutiva, pois, para ele, não existia uma base racional para acreditar que o futuro poderá se assemelhar ao passado, ou seja, as leis científicas podem até explicar uma experiência passada, mas não garante nenhuma certeza que isso irá se repetir no futuro.
Filosofia Sapiencial
+ "A corrupção dos melhores é a pior".
+ "O homem é o maior inimigo do homem".
+ "Cada solução leva a uma nova pergunta”
+ “O hábito é o grande guia da vida humana”.
+ "A natureza é sempre muito forte para a teoria"
+ “Qualquer coisa pode produzir qualquer coisa”
+ "Seja filósofo, mas não se esqueça de ser homem".
+ “O costume é, portanto, o grande guia da vida humana.”
+ “As nossas sensações são os únicos fatos comprováveis”
+ “A beleza não está nas coisas, mas na mente que as contempla.”
+ "Afirmações extraordinárias necessitam de provas
extraordinárias".
+ "O autocontrole da mente é limitado, assim como é o domínio do
corpo".
+ “O caminho mais doce e inofensivo da vida passa pela estrada do
saber".
+ "O coração do homem existe para reconciliar as contradições mais
notórias."
+ "Nenhum homem jamais jogou fora a vida enquanto ela valia a pena
ser mantida."
+ “Toda hipótese que não pode ser comprovada por meio da experiência
deve ser descartada”.
+ "De um modo geral, os erros na religião são perigosos; enquanto
os da filosofia apenas ridículos."
+ “O hábito de culpar o presente e admitir o passado, está profundamente
arraigado na natureza humana”.
+ “É difícil para um homem falar longamente acerca de si próprio sem ser
vaidoso, portanto devo ser breve…”
+ “Todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são imitações de
nossas mais vivas impressões ou percepções”.
+ "Onde as riquezas são absorvidas por poucos, estes devem
contribuir mais para o provimento das necessidades públicas".
+ "A memória não tanto produz, mas revela a identidade pessoal, ao
nos mostrar a relação de causa e efeito existente entre nossas diferentes
percepções."
+ “Quando entro mais intimamente nisto que eu chamo de eu mesmo, sempre
tropeço em uma ou outra percepção particular, de calor ou frio, luz ou sombra,
amor ou ódio, dor ou prazer.”
Obras:
História da Minha Vida; As Cartas Inglesas; Tratado sobre a Natureza
Humana; Ensaio sobre o Entendimento Humano; Investigação sobre os Princípios da
Moral; Diálogos sobre a Religião Natural; Ensaios Morais e Políticos; A
História da Inglaterra; História Natural da Religião.
Fontes:
ALBIERI, Sara. David Hume filósofo e historiador. Revista de
Ciências Sociais: Mediações. Londrina: Dossiê, 2004.
BALIEIRO, Marcos Ribeiro. Essa mistura terrena grosseira: filosofia e
vida comum em David Hume. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2009.
BUCKLER, Stephen. O Tratado Iluminista de Hume. A unidade e o
propósito de uma investigação sobre a compreensão humana. Oxford: Clarendom
Press, 2001.
CABRAL, Álvaro. Filosofia Moral britânica. Campinas: Unicamp,
1996.
CONTE, Jaimir. A Natureza da Filosofia de Hume. Revista
Princípios. Natal, UFRN, 2010.
DANOWSKI, Débora. David Hume, o começo e o fim. Revista de Filosofia:
Kriterion. Belo Horizonte: UFMG, 2011.
HUME, David. Tratado da natureza humana. Trad. João Carlos
Brandão. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.
KIRALY, Cesar. Os Limites da Representação: um ensaio desde a
filosofia de David Hume. São Paulo: Editora Giz, 2010.
REALE, Giovanni. ANTISERI, Dário. História da filosofia: de Spinoza a
Kant. São Paulo: Paulus, 2004.
QUINTON, Anthony. David Hume. São Paulo: Editora UNESP. 1999.
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